Questões de Português - Gramática - Semântica - Paródia
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Questão 5 9327216
UNIC Medicina 2022Considerando o discurso em destaque, é correto afirmar que o diálogo intertextual foi elaborado, predominantemente, por um processo denominado de
Questão 10 7216505
IFNMG 2019/1TEXTO
Mídia e Relações Empresariais (texto adaptado)
(Olívia Bandeira e André Pasti)
Negócios desenvolvidos pelos principais grupos de mídia brasileiros revelam
potenciais interesses por trás das agendas dos meios. A pesquisa Monitoramento da
Propriedade da Mídia no Brasil, publicada pelo Intervozes e pela Repórteres Sem
Fronteiras, expõe que muitos dos veículos de maior audiência no país são também
[5] parte de grupos econômicos.
Os veículos de grande circulação costumam declarar em suas linhas editorais que buscam informar de
modo isento, apartidário e plural. Alguns de seus manuais ainda advogam a necessidade de independência dos
interesses de grupos econômicos e políticos e de separação entre conteúdo jornalístico e publicitário, notícia e
opinião. No entanto, como apurou a pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia no Brasil (Media
[10] Ownership Monitor – MOM), publicada pelo Intervozes e pela Repórteres Sem Fronteiras, muitos veículos de
maior audiência no país são também parte de grupos econômicos – além de políticos e religiosos que possuem
interesses específicos.
O objetivo do MOM-Brasil é deixar visível quem controla a mídia brasileira. O projeto mapeou os cinquenta
veículos ou redes de comunicação de maior audiência no país em quatro segmentos: mídia impressa, on-line,
[15] TV e rádio. Esses cinquenta veículos pertencem a 26 grupos de comunicação, e metade deles está sob o
controle de apenas cinco grupos: Globo, Bandeirantes, Record, Folha e o grupo de escala regional RBS. Tal
quadro indica uma alta concentração das maiores audiências nas mãos de poucos proprietários. Além
disso, os 26 grupos pesquisados possuem negócios em mais de um tipo de mídia, o que configura a
propriedade cruzada dos meios de comunicação, uma das formas mais graves de controle monopólico do
[20] setor.
A pesquisa revela, porém, um quadro menos conhecido: 21 dos 26 grupos ou seus principais acionistas
possuem atividades em outros setores econômicos, como educacional, financeiro, imobiliário, agropecuário,
energético, de transportes, infraestrutura e saúde. Somam-se a esses os interesses dos grupos de mídia de
escalas regional e local que, por meio do sistema de afiliadas, permitem que as grandes redes de TV e de
[25] rádio cheguem a todo o território nacional e que os grandes portais de internet atraiam audiência pela
produção de conteúdo local.
A cidade como negócio: mídia e mercado imobiliário
Vimos nos últimos meses os novos capítulos da disputa entre o empresário da mídia Silvio Santos e o
diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa. O conflito é motivado por um grande investimento imobiliário
[30] que Silvio, dono da rede de televisão SBT, da incorporadora Sisan e de negócios financeiros, quer realizar no
terreno vizinho ao Teatro Oficina, localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo. O Oficina, tombado em 1981
pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado
de São Paulo), foi planejado pela arquiteta Lina Bo Bardi para que tivesse uma integração com a paisagem
do entorno. Silvio quer que o Condephaat limite o tombamento ao prédio e permita a construção de três torres
[35] no terreno ao lado. Zé Celso quer que o governo do estado, dono do teatro, transforme a área em um espaço
público de uso cultural.
Essa disputa é símbolo de modos distintos de ver as cidades: seus terrenos devem estar disponíveis a
interesses privados, dando ênfase a seu valor de troca, ou o planejamento urbano deve levar em
consideração o valor de uso, como sonhava Henri Lefebvre? O caso é também exemplar, de um lado, do
[40] investimento de grupos de mídia e seus acionistas em especulação imobiliária, e, de outro, de sua atuação no
setor de construção.
No primeiro caso, chama atenção o Grupo Objetivo, um dos maiores conglomerados de educação privada
no país, dono da rede MIX FM de rádio, a sexta rede nacional na preferência dos ouvintes. Seu fundador e
presidente, João Carlos Di Genio, foi apontado como o maior proprietário de imóveis de São Paulo,(...). Di
[45] Genio não está sozinho. Outros proprietários de mídia que investem sua fortuna em imóveis são os irmãos
José Roberto, Roberto Irineu e João Roberto Marinho, do Grupo Globo; membros da família Saad, do Grupo
Bandeirantes; e Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Financeiro Alfa, da Rede Transamérica de rádio e da
Rede Transamérica de hotéis.
No segundo caso, além dos já citados exemplos do Grupo Silvio Santos e do Grupo Alfa, há também
[50] grupos de mídia regionais ligados aos grandes veículos de comunicação por meio do sistema de afiliadas. (...)
“O agro é pop” entre os donos da mídia
As relações entre os grandes grupos de mídia brasileiros e o agronegócio são antigas, como conta a
história do Grupo Folha. Essa ligação pode ser observada hoje em outros grupos, como Globo, Objetivo,
RBS, Bandeirantes e Conglomerado Alfa.
[55] Os membros da família Marinho são donos de diversas fazendas e empresas de produção agrícola, algo
que ajuda a compreender as motivações dos bilionários donos do Grupo Globo quando sua rede de TV lança
a campanha "Agro é Pop, Agro é Tech, Agro é Tudo" – informes publicitários que buscam criar uma imagem
positiva do agronegócio. Deve-se considerar também que, historicamente, assim como outros grupos de
mídia, veículos do grupo produziram uma cobertura que criminalizava os movimentos de luta pela reforma
[60] agrária. Outros empresários do agronegócio foram identificados na pesquisa, como João Carlos Di Genio (Grupo
Mix de Comunicação/Grupo Objetivo), os donos da TV Vitoriosa (SBT Uberlândia, MG) e da TV Goiânia (Band
Goiânia, GO) e o Conglomerado Alfa, dono, entre outras, da Agropalma. (...)
Interesses e negócios no mercado financeiro
A agenda econômica dos meios de comunicação também corresponde a uma forte presença dos grupos
[65] no mercado financeiro: entre os grupos de mídia analisados na pesquisa, nove têm negócios no setor. O
maior deles é o já citado Conglomerado Alfa (...). Além dele, outros grupos atuam no mercado de previdência
privada, como o RBS, afiliado da Globo no Rio Grande do Sul, e a Igreja Adventista do Sétimo Dia,
proprietária da rede de rádios Novo Tempo.
Já a família proprietária do Grupo Record tem 49% do Banco Renner. O Grupo Silvio Santos é dono do
[70] Baú da Felicidade Crediário e da Liderança Capitalização (a "Tele Sena"), ambos impulsionados por sua rede
de TV, o SBT. No mercado de soluções financeiras, destaca-se o Grupo Folha, detentor da empresa de
pagamento on-line PagSeguro, e os sócios da RedeTV!, donos da Débito Fácil Serviços.
Um dos vínculos mais explícitos com o mercado financeiro é do portal de direita O Antagonista, uma
sociedade entre os ex-jornalistas da revista Veja, Diogo Mainardi e Mário Sabino e a Empiricus Research,
[75] empresa especializada na venda de informações sobre o mercado financeiro por meio de newsletters. A
Empiricus, por sua vez, é uma sociedade da empresa norte-americana The Agora com três brasileiros.
Educação e saúde: serviços públicos nas mãos de agentes privados
A desqualificação dos serviços públicos e a defesa da gestão privada em áreas de competência do Estado
são pautas constantes das empresas de mídia analisadas. Não surpreende, então, que o MOM-Brasil tenha
[80] identificado a existência de vínculos entre os grupos de comunicação e as empresas que atuam em educação
e também em saúde, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, os grupos Folha e Globo, além de grupos
regionais afiliados.
Em educação, é importante ressaltar não apenas a relação de propriedade, mas o papel dos grupos
privados na disseminação de consensos sobre os rumos das políticas educacionais no Brasil que tiveram
[85] grande impacto na recente reforma do ensino médio e na proposta da Base Nacional Comum Curricular,
como mostram as pesquisas em desenvolvimento pelo Observatório do Ensino Médio, da Unicamp.
Os grandes grupos de comunicação fazem parte desse processo há bastante tempo. O Grupo Abril, que
publica a Veja, revista semanal de maior tiragem no Brasil, foi pioneiro nessa área ao desenvolver materiais
didáticos do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) durante a ditadura militar. Nos anos 1990, fundou
[90] a Abril Educação, um dos maiores grupos de educação privada do Brasil (...).
Na área de educação básica e universitária, o maior destaque é o já citado Grupo Objetivo, formado por
escolas, cursos pré-vestibulares, universidades (Unip – Universidade Paulista) e editoras de produção de
material didático. Yugo Okida, sócio do grupo, vice-reitor de pós-graduação e pesquisa da Unip, é ainda
membro da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação. O órgão do Ministério da
[95] Educação tem como uma de suas funções dar permissão para funcionamento de cursos superiores, emitir
parecer sobre os processos de avaliação da educação superior e elaborar propostas de legislação para o
setor. (...)
Se as relações entre mídia e educação são antigas, as relações com a saúde são mais recentes e
igualmente preocupantes, uma vez que também nesse setor o Brasil passa por um processo de crescente
[100] participação de organizações sociais (OSs) na gestão dos recursos públicos. Nessa área, a Igreja Adventista
possui clínicas, SPAs e o Hospital Adventista, com unidades em Belém, Manaus, São Paulo, Campo Grande
e Rio de Janeiro, além do Plano de Saúde Proasa. O Grupo Hapvida, sistema de saúde privado que conta
com uma administradora de planos de saúde, hospitais e laboratórios, é dono também do Sistema Opinião
de Comunicação, com emissoras afiliadas às redes SBT e Bandeirantes. Podemos citar ainda o Grupo NC,
[105] que possui afiliada da Globo em Santa Catarina e é parceiro do Grupo RBS; no ramo farmacêutico, o grupo
é dono das empresas EMS, Brace Farma, Legrand, Germed Pharma e Novamed, entre outras.
Perguntas essenciais
Conhecendo melhor os interesses empresariais da mídia brasileira, é fundamental questionar: qual é a
participação dos grupos com negócios imobiliários na produção do atual modelo de urbanização corporativa
[110] e mercantilização do espaço urbano? Que informações são dadas sobre a reforma agrária, o uso de
agrotóxicos e a agricultura familiar, já que foram identificados tantos vínculos com o agronegócio? Que
soluções para a educação pública são apresentadas nas pautas de veículos com investimentos na educação
privada? Que política econômica os grupos com negócios no mercado financeiro defendem?
Ainda que o MOM-Brasil não tenha analisado o conteúdo veiculado pelos principais meios, a
[115] sistematização de dados de propriedade em um banco de dados aberto e acessível (em
quemcontrolaamidia.org.br) abre possibilidades de investigações necessárias para compreender os entraves
criados pelos grandes grupos de mídia ao debate público e plural de temas fundamentais para o país.
*Olívia Bandeira é jornalista, doutora em Antropologia e integrante do Intervozes; e André Pasti é mestre em .Geografia, professor do Cotuca/Unicamp e integrante do Conselho Diretor do Intervozes.
(Disponível em http://diplomatique.org.br/quem-controla-noticia-no-brasil/. Acesso em: 12/09/2018)
TEXTO
Mídia e Relações Empresariais (texto adaptado)
(Olívia Bandeira e André Pasti)
Negócios desenvolvidos pelos principais grupos de mídia brasileiros revelam
potenciais interesses por trás das agendas dos meios. A pesquisa Monitoramento da
Propriedade da Mídia no Brasil, publicada pelo Intervozes e pela Repórteres Sem
Fronteiras, expõe que muitos dos veículos de maior audiência no país são também
[5] parte de grupos econômicos.
Os veículos de grande circulação costumam declarar em suas linhas editorais que buscam informar de
modo isento, apartidário e plural. Alguns de seus manuais ainda advogam a necessidade de independência dos
interesses de grupos econômicos e políticos e de separação entre conteúdo jornalístico e publicitário, notícia e
opinião. No entanto, como apurou a pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia no Brasil (Media
[10] Ownership Monitor – MOM), publicada pelo Intervozes e pela Repórteres Sem Fronteiras, muitos veículos de
maior audiência no país são também parte de grupos econômicos – além de políticos e religiosos que possuem
interesses específicos.
O objetivo do MOM-Brasil é deixar visível quem controla a mídia brasileira. O projeto mapeou os cinquenta
veículos ou redes de comunicação de maior audiência no país em quatro segmentos: mídia impressa, on-line,
[15] TV e rádio. Esses cinquenta veículos pertencem a 26 grupos de comunicação, e metade deles está sob o
controle de apenas cinco grupos: Globo, Bandeirantes, Record, Folha e o grupo de escala regional RBS. Tal
quadro indica uma alta concentração das maiores audiências nas mãos de poucos proprietários. Além
disso, os 26 grupos pesquisados possuem negócios em mais de um tipo de mídia, o que configura a
propriedade cruzada dos meios de comunicação, uma das formas mais graves de controle monopólico do
[20] setor.
A pesquisa revela, porém, um quadro menos conhecido: 21 dos 26 grupos ou seus principais acionistas
possuem atividades em outros setores econômicos, como educacional, financeiro, imobiliário, agropecuário,
energético, de transportes, infraestrutura e saúde. Somam-se a esses os interesses dos grupos de mídia de
escalas regional e local que, por meio do sistema de afiliadas, permitem que as grandes redes de TV e de
[25] rádio cheguem a todo o território nacional e que os grandes portais de internet atraiam audiência pela
produção de conteúdo local.
A cidade como negócio: mídia e mercado imobiliário
Vimos nos últimos meses os novos capítulos da disputa entre o empresário da mídia Silvio Santos e o
diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa. O conflito é motivado por um grande investimento imobiliário
[30] que Silvio, dono da rede de televisão SBT, da incorporadora Sisan e de negócios financeiros, quer realizar no
terreno vizinho ao Teatro Oficina, localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo. O Oficina, tombado em 1981
pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado
de São Paulo), foi planejado pela arquiteta Lina Bo Bardi para que tivesse uma integração com a paisagem
do entorno. Silvio quer que o Condephaat limite o tombamento ao prédio e permita a construção de três torres
[35] no terreno ao lado. Zé Celso quer que o governo do estado, dono do teatro, transforme a área em um espaço
público de uso cultural.
Essa disputa é símbolo de modos distintos de ver as cidades: seus terrenos devem estar disponíveis a
interesses privados, dando ênfase a seu valor de troca, ou o planejamento urbano deve levar em
consideração o valor de uso, como sonhava Henri Lefebvre? O caso é também exemplar, de um lado, do
[40] investimento de grupos de mídia e seus acionistas em especulação imobiliária, e, de outro, de sua atuação no
setor de construção.
No primeiro caso, chama atenção o Grupo Objetivo, um dos maiores conglomerados de educação privada
no país, dono da rede MIX FM de rádio, a sexta rede nacional na preferência dos ouvintes. Seu fundador e
presidente, João Carlos Di Genio, foi apontado como o maior proprietário de imóveis de São Paulo,(...). Di
[45] Genio não está sozinho. Outros proprietários de mídia que investem sua fortuna em imóveis são os irmãos
José Roberto, Roberto Irineu e João Roberto Marinho, do Grupo Globo; membros da família Saad, do Grupo
Bandeirantes; e Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Financeiro Alfa, da Rede Transamérica de rádio e da
Rede Transamérica de hotéis.
No segundo caso, além dos já citados exemplos do Grupo Silvio Santos e do Grupo Alfa, há também
[50] grupos de mídia regionais ligados aos grandes veículos de comunicação por meio do sistema de afiliadas. (...)
“O agro é pop” entre os donos da mídia
As relações entre os grandes grupos de mídia brasileiros e o agronegócio são antigas, como conta a
história do Grupo Folha. Essa ligação pode ser observada hoje em outros grupos, como Globo, Objetivo,
RBS, Bandeirantes e Conglomerado Alfa.
[55] Os membros da família Marinho são donos de diversas fazendas e empresas de produção agrícola, algo
que ajuda a compreender as motivações dos bilionários donos do Grupo Globo quando sua rede de TV lança
a campanha "Agro é Pop, Agro é Tech, Agro é Tudo" – informes publicitários que buscam criar uma imagem
positiva do agronegócio. Deve-se considerar também que, historicamente, assim como outros grupos de
mídia, veículos do grupo produziram uma cobertura que criminalizava os movimentos de luta pela reforma
[60] agrária. Outros empresários do agronegócio foram identificados na pesquisa, como João Carlos Di Genio (Grupo
Mix de Comunicação/Grupo Objetivo), os donos da TV Vitoriosa (SBT Uberlândia, MG) e da TV Goiânia (Band
Goiânia, GO) e o Conglomerado Alfa, dono, entre outras, da Agropalma. (...)
Interesses e negócios no mercado financeiro
A agenda econômica dos meios de comunicação também corresponde a uma forte presença dos grupos
[65] no mercado financeiro: entre os grupos de mídia analisados na pesquisa, nove têm negócios no setor. O
maior deles é o já citado Conglomerado Alfa (...). Além dele, outros grupos atuam no mercado de previdência
privada, como o RBS, afiliado da Globo no Rio Grande do Sul, e a Igreja Adventista do Sétimo Dia,
proprietária da rede de rádios Novo Tempo.
Já a família proprietária do Grupo Record tem 49% do Banco Renner. O Grupo Silvio Santos é dono do
[70] Baú da Felicidade Crediário e da Liderança Capitalização (a "Tele Sena"), ambos impulsionados por sua rede
de TV, o SBT. No mercado de soluções financeiras, destaca-se o Grupo Folha, detentor da empresa de
pagamento on-line PagSeguro, e os sócios da RedeTV!, donos da Débito Fácil Serviços.
Um dos vínculos mais explícitos com o mercado financeiro é do portal de direita O Antagonista, uma
sociedade entre os ex-jornalistas da revista Veja, Diogo Mainardi e Mário Sabino e a Empiricus Research,
[75] empresa especializada na venda de informações sobre o mercado financeiro por meio de newsletters. A
Empiricus, por sua vez, é uma sociedade da empresa norte-americana The Agora com três brasileiros.
Educação e saúde: serviços públicos nas mãos de agentes privados
A desqualificação dos serviços públicos e a defesa da gestão privada em áreas de competência do Estado
são pautas constantes das empresas de mídia analisadas. Não surpreende, então, que o MOM-Brasil tenha
[80] identificado a existência de vínculos entre os grupos de comunicação e as empresas que atuam em educação
e também em saúde, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, os grupos Folha e Globo, além de grupos
regionais afiliados.
Em educação, é importante ressaltar não apenas a relação de propriedade, mas o papel dos grupos
privados na disseminação de consensos sobre os rumos das políticas educacionais no Brasil que tiveram
[85] grande impacto na recente reforma do ensino médio e na proposta da Base Nacional Comum Curricular,
como mostram as pesquisas em desenvolvimento pelo Observatório do Ensino Médio, da Unicamp.
Os grandes grupos de comunicação fazem parte desse processo há bastante tempo. O Grupo Abril, que
publica a Veja, revista semanal de maior tiragem no Brasil, foi pioneiro nessa área ao desenvolver materiais
didáticos do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) durante a ditadura militar. Nos anos 1990, fundou
[90] a Abril Educação, um dos maiores grupos de educação privada do Brasil (...).
Na área de educação básica e universitária, o maior destaque é o já citado Grupo Objetivo, formado por
escolas, cursos pré-vestibulares, universidades (Unip – Universidade Paulista) e editoras de produção de
material didático. Yugo Okida, sócio do grupo, vice-reitor de pós-graduação e pesquisa da Unip, é ainda
membro da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação. O órgão do Ministério da
[95] Educação tem como uma de suas funções dar permissão para funcionamento de cursos superiores, emitir
parecer sobre os processos de avaliação da educação superior e elaborar propostas de legislação para o
setor. (...)
Se as relações entre mídia e educação são antigas, as relações com a saúde são mais recentes e
igualmente preocupantes, uma vez que também nesse setor o Brasil passa por um processo de crescente
[100] participação de organizações sociais (OSs) na gestão dos recursos públicos. Nessa área, a Igreja Adventista
possui clínicas, SPAs e o Hospital Adventista, com unidades em Belém, Manaus, São Paulo, Campo Grande
e Rio de Janeiro, além do Plano de Saúde Proasa. O Grupo Hapvida, sistema de saúde privado que conta
com uma administradora de planos de saúde, hospitais e laboratórios, é dono também do Sistema Opinião
de Comunicação, com emissoras afiliadas às redes SBT e Bandeirantes. Podemos citar ainda o Grupo NC,
[105] que possui afiliada da Globo em Santa Catarina e é parceiro do Grupo RBS; no ramo farmacêutico, o grupo
é dono das empresas EMS, Brace Farma, Legrand, Germed Pharma e Novamed, entre outras.
Perguntas essenciais
Conhecendo melhor os interesses empresariais da mídia brasileira, é fundamental questionar: qual é a
participação dos grupos com negócios imobiliários na produção do atual modelo de urbanização corporativa
[110] e mercantilização do espaço urbano? Que informações são dadas sobre a reforma agrária, o uso de
agrotóxicos e a agricultura familiar, já que foram identificados tantos vínculos com o agronegócio? Que
soluções para a educação pública são apresentadas nas pautas de veículos com investimentos na educação
privada? Que política econômica os grupos com negócios no mercado financeiro defendem?
Ainda que o MOM-Brasil não tenha analisado o conteúdo veiculado pelos principais meios, a
[115] sistematização de dados de propriedade em um banco de dados aberto e acessível (em
quemcontrolaamidia.org.br) abre possibilidades de investigações necessárias para compreender os entraves
criados pelos grandes grupos de mídia ao debate público e plural de temas fundamentais para o país.
*Olívia Bandeira é jornalista, doutora em Antropologia e integrante do Intervozes; e André Pasti é mestre em .Geografia, professor do Cotuca/Unicamp e integrante do Conselho Diretor do Intervozes.
(Disponível em http://diplomatique.org.br/quem-controla-noticia-no-brasil/. Acesso em: 12/09/2018)
TEXTO 2
Marque a alternativa correta.
Questão 9 10973367
FCMMG Medicina 2021/2Para responder à questão, leia o texto de Gregório Duvivier.
QUEM NUNCA PECOU, QUE EXPILA A PRIMEIRA PEDRA
Tinha uma pedra no meio do meu rim. No meio do meu rim tinha uma pedra. Nunca esquecerei esse episódio na vida de minhas bexigas tão fatigadas.
Não foi a primeira vez. Acho que foi a décima. Mas dessa vez estava sozinho com a minha filha. Giovanna tinha ido a São Paulo fazer um TED — a palestra, não a transferência bancária. Estava brincando com Marieta no chão da sala quando comecei a sentir aquela dor que parece uma cotovelada no bucho, uma vontade de ir ao banheiro sem vontade nenhuma de ir ao banheiro. Deitado, em posição fetal, liguei pra minha mãe vir me render, enquanto minha filha via perplexa o pai enrolado feito um gongolo. "Papai vai brincar que é um neném, tá?", avisei, enquanto mordia meu próprio dedo. Por sorte, minha filha gosta de acreditar que qualquer coisa é um neném: o controle remoto, a pantufa, a babá eletrônica. Uivava de dor enquanto ela trocava minhas fraldas imaginárias, perplexa com o realismo da minha interpretação. "Não chola, neném."
Chegando à emergência descubro que meus rins parecem a caverna de Ali Babá — trocando-se o diamante pelo oxalato de cálcio. Incrustada no rim, havia uma profusão de cálculos de todos os tamanhos. "Você é o que eu chamo de pessoa calculista", me explica Eduardo Rocha, meu nefrologista, também carnavalesco e podcaster.
De fato, desde pequeno meus rins dão defeito. Fazia xixi com sangue toda semana, pra desespero dos meus pais. Demoramos uns dois anos ou 15 médicos pra descobrir que não era nada, ou melhor, era uma "hematúria recorrente benigna", que era o termo médico pra "nada". Lembro de ouvir alguém dizer que eu tinha uma tendência a ter problema nos rins. Guardei a palavra "tendência" e a palavra "rins". Outro dia encontrei minha agenda de criança com um formulário com o quesito "problemas de saúde", que preenchi com "tendência nos rins" — achei que tendência fosse o nome da doença que eu tinha.
Hoje sei que tem a ver com alimentação. Não consigo desmamar da proteína animal, essa grande formadora de pedras, como me explicou o Eduardo. Tenho a impressão de que a minha alegria é construída sobre um pilar de muçarela, e se eu tirar, cai tudo junto. Tem que cortar na carne, e tirar o leite, pra tirar a pedra — mas cortar carnes e laticínios, pra mim, é tirar leite de pedra.
Tenho fé, no entanto, de que não vai sobrar pedra sobre pedra. E com as pedras que eu expelir, construirei o meu castelo.
(DUVIVIER Gregorio. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2020/10/quem-nunca-pecouque-expila-a-primeira. Acessado em 21/10/2020.)
O humor no texto é provocado por alguns expedientes, entre os quais destaca-se o procedimento da paródia.
Assinale a frase do texto em que tal recurso esteja presente.
Questão 14 650668
FITS 2018/1TEXTO:
Nessa campanha institucional, foi usado um recurso de intertextualidade, que se identifica como
Pastas
06