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Questão 27 1368151
PUC-RS Verão 2020INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto
TEXTO
A verdade cruel e inútil
J. J. CAMARGO
Edmond Ryan era um velho, antigo plantador de
milho aposentado, viúvo e solitário [...]. Com um tumor
agressivo de pleura, descoberto em fase avançada,
estava certamente vivendo seus últimos poucos
[5] meses. Fomos vê-lo num final de tarde e ele parecia
mais animado com a ideia de ir para casa no dia
seguinte. Quando o oncologista lhe entregou a receita,
ele quis saber a utilidade de cada medicamento.
Informado de que eram analgésicos, médios e fortes,
[10] ele argumentou:
– Acho que não precisava tanto, doutor. Eu me
considero uma rocha para dor!
E então o oncologista encerrou a discussão:
– O senhor não subestime a dor da invasão das
[15] costelas que é o que o senhor vai descobrir quando
este tumor chegar lá!
A bochecha do seu Edmond ainda tremia quando
saímos do quarto. Desconfortável, questionei o pro-
fessor dizendo que o Edmond provavelmente não iria
[20] dormir naquela noite, mas ele foi lacônico:
– Fazê-lo dormir é a função do benzodiazepínico,
não minha!
Na manhã seguinte, nevava lá fora, e antes de
entrar no bloco cirúrgico, fui me despedir daquele
[25] velhinho de cara fofa, que se anunciara uma rocha,
antes de descobrir que as palavras desprovidas de
afeto podem ser uma britadeira cruel. Tentei confortá-
-lo, mas o olho estava vazio. Quis então saber se havia
alguma coisa que eu pudesse fazer para ajudá-lo. Ele
[30] tomou minhas duas mãos e se despediu:
– Volte para o Brasil e seja feliz. Este lugar aqui é
muito frio para você.
Adaptado de: https://bit.ly/2IJqKD5. Acesso em 19 abr. 2019.
Considere as seguintes palavras retiradas do texto.
1. receita (linha 07)
2. rocha (linhas 12 e 25)
3. discussão (linha 13)
4. britadeira (linha 27)
5. vazio (linha 28)
6. frio (linha 32)
As palavras _________ têm sentido figurado no texto.
Questão 6 7908528
UNIEVA Medicina 2020/1Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício.
Em respeito a sua natureza, só trabalhamos com o melhor da natureza.
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.
www.destakjornal.com.br, 23/09/2019. Adaptado. Acesso em: 03 out.2019. Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor
Questão 26 1735802
EN 2° Dia 2019TEXTO
Leia o texto abaixo e responda a questão.
Felicidade clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que eramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía “As reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boguiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava- me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não cal nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dita seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Atê que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo,
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. O Primeiro Beijo. São Paulo: Ed. Ática, 1996
Assinale a opção que apresenta um exemplo de uso denotativo da linguagem.
Questão 39 1735944
EN 2° Dia 2019TEXTO
Leia o texto abaixo e responda a questão.
Não, os livros não vão acabar
Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem motivados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras, leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer apocalíptico, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido: é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar.
Tenho escrito reiteradas vezes sobre o assunto; estou, aliás, numa posição bastante confortável para fazê- lo. Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a primeira a abraçar meus dois amores reunidos num só objeto; mas embora o Kindle e os vários pads tenham o seu valor como readers, os livros em papel não estão tão próximos da extinção quanto, digamos, o tigre de Sumatra.
Para começo de conversa, é preciso lembrar que o negócio das editoras não é vender papel, mas sim vender histórias. O papel é apenas o suporte para os seus produtos. Aos poucos, em alguns casos, ele tende a ser mesmo substituído pelos tablets. Não dou vida longa aos livros de referência em papel. Estes funcionam melhor, e podem ser mais facilmente atualizados, em forma eletrônica. O caso clássico é o da Enciclopédia Britannica, cujos editores anunciaram, no começo do ano, que a edição corrente, de 2010, seria a última impressa, marcando o fim de 244 anos de uma bela - e volumosa - história em papel. .
Embora quase todos os conjuntos de folhas impressas reunidos entre duas capas recebam o mesmo nome de livro, nem todos exercem a mesma função. Há livros e livros. Um manual técnico é um animal completamente diferente de um romance; um livro escolar não guarda nenhuma semelhança com um livro de arte; uma antologia poética e um guia de viagem são produtos que só têm em comum o fato de serem vendidos no mesmo lugar.
Há livros que só funcionam em papel. É o caso dos livros que os povos angloparlantes denominam coffee table books, “livros de mesinha de centro” - aqueles livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações e muito incômodos de ler no colo, impossíveis de levar para a cama. Estes são objetos que se destacam pelo tamanho, pela qualidade de impressão, pela vista que fazem. Quem quer ver um livro desses num tablet? Quem quer presentear um desses em e-formato?
Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão. Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez em formato de bolso, mas aos quais nos apegamos tanto que, não raro, acabamos comprando uma segunda edição, mais bonita, para nos fazer companhia pelo resto da vida.
Isso explica as lindas edições que a Zahar, por exemplo, tem feito de obras que já encantaram várias gerações, como “Peter Pan”, “Os três mosqueteiros" ou “Vinte mil léguas submarinas”: livros lindos de se ver e de se pegar, cujo esmero físico complementa a edição caprichada. Ganhar de presente um livro desses é uma alegria que não se tem com um vale para uma compra eletrônica. Fica a dica, aliás, já que o Natal vem aí.
Há prazeres e sensações que só tem com o papel. Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista. Um tablet pode me informar quantas páginas um volume tem, mas essa informação é abstrata. Saber que um livro tem 500 páginas ou ver que um livro tem 500 páginas são coisas diferentes. Gosto também de folhear um livro e de fazer uma espécie de leitura em diagonal antes de me decidir pela compra. Isso é impossível de fazer com ebooks.
Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel.
RÓNAI, Cora. Jornal O Globo, Economia, 12.11.2012
Assinale a opção em que a troca de posição dos termos destacados provocaria uma mudança no valor semântico.
Questão 53 2757054
FATEC 2019/2Leia o texto para responder à questão.
Empresa transforma seu laptop escolar em ‘e-book’
Os fabricantes de produtos eletrônicos deram mais um passo na evolução do mercado dos laptops escolares. Uma empresa americana apresentou um protótipo da nova versão de seu Classmate, um computador portátil criado especialmente para uso em sala de aula. O jornal Valor Econômico teve acesso com exclusividade ao equipamento, que começará a chegar ao mercado no segundo trimestre de 2010.
A bateria do equipamento, que na versão atual dura no máximo seis horas, foi estendida para até oito horas e meia. A principal novidade, no entanto, é a capacidade de converter o equipamento em um suporte diferenciado de livros digitais. O aluno pode girar a tela e, com a ponta do dedo, “folhear” as páginas do livro; pode também fazer anotações usando uma caneta acoplada ao computador. Um software de colaboração permite que os estudantes compartilhem, instantaneamente, os arquivos e o conteúdo mostrados na tela.
Enquanto olha para licitações públicas, a empresa também corre para fechar acordo com fabricantes e redes varejistas, que deverão colocar os novos laptops da empresa nas prateleiras nos próximos meses.
BORGES, André. Valor Econômico, 07.03.2010. Adaptado.
Observe o trecho:
O aluno pode girar a tela e, com a ponta do dedo, “folhear” as páginas do livro...
A intenção do autor, ao destacar a palavra “folhear” com aspas, é
Questão 3 644977
FCMMG Demais Cursos 2019/1Para responder à questão, leia o texto a seguir, que foi extraído de um site português.
ENFERMEIROS: É TEMPO DE DIZER BASTA
Protesto está a ser organizado nas redes sociais para dia 25, depois da greve geral já na próxima semana.
Enfermeiros de todo o país e serviços estão a organizar-se através das redes sociais para um protesto inédito no Serviço Nacional de Saúde (SNS): uma medida de abandono. A ausência ao trabalho em centros de saúde e hospitais está planeada para o próximo dia 25.
O recurso à falta injustificada para contestar o impasse nas negociações com o Governo – em
matérias como as carreiras, caso do reconhecimento das especialidades, e as remunerações – acontecerá se não surgirem resultados da greve geral, convocada por todos os sindicatos de enfermeiros para a próxima quinta e sexta-feira. Os profissionais querem dar um sinal ao ministro da Saúde de que “os protestos vão endurecer, com uma forte contestação, se não surgirem sinais concretos de negociação”, escreveu um enfermeiro nas redes sociais.
O abandono do serviço é inspirado num protesto de enfermeiros na Finlândia. Ao contrário da greve, não implica convocatória prévia nem a garantia de serviços mínimos, ou seja, é totalmente inesperado. Ao Expresso, um dirigente do sector admitiu que “bastará que 10% dos enfermeiros do SNS adiram ao protesto para que os serviços fiquem caóticos.” A falta de enfermeiros é reconhecida, inclusive pelo ministro Adalberto Campos Fernandes, e qualquer falta súbita sobrecarrega as equipas, prejudicando a assistência.
Entre os vários comentários de enfermeiros que circulam nas redes sociais, podem ler-se, por exemplo, frases como “a enfermagem acordou”; “há uma vontade perigosa de fazer valer os direitos” ou “o ministro tem de perceber de uma vez por todas que em braços de ferro na Saúde quem perde são os utentes.”
Uma iniciativa igualmente informal já provocou um protesto único no país, quando enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia recusaram assegurar cuidados diferenciados a grávidas e recém-nascidos, ditado o encerramento temporário de maternidades em todo o país, incluindo até a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. No protesto atual, é explicado que “a sociedade ficará sem enfermeiros para a prestação de cuidados de saúde aos utentes por um período consecutivo de 16 horas.”
Numa das várias missivas na internet, é dito que os “enfermeiros são uma classe profissional esquecida e desmotivada”. E o primeiro-ministro não escapa à crítica. “Por altura da campanha eleitoral dirigiu-se a esta classe profissional como sendo o pilar do SNS e o foco máximo da sua atenção, promessa que até à data está longe de ser cumprida.” Por isso, “fartos de promessas e de engodos, os enfermeiros dizem basta e estão a organizar-se.” E avisam: “A responsabilidade do caos que se instalará nos serviços será sempre do Governo, que atempadamente e com meios para o fazer, optou por adiar.”
(https://www.portalenf.com/2018/09/enfermeiros-vao-abandonar-servicos/. Acesso em 15/09/2018.)
O sentido conotativo das palavras foi empregado em