Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Estratégias de leitura
8.191 Questões
Questão 3 14412067
Albert Einstein 2025Para responder à questão, leia a crônica “Dever de casa”, de Otto Lara Resende, publicada originalmente em 13.09.1992.
Um fiapo de gente e um feixe de problemas. Agora é uma perguntação que não tem mais fim. Papai, o plural de segunda-feira? Tira os óculos, para de ler a revista. Daqui a pouco é hora do telejornal. Dia cansativo, mas pai é pai. Segunda-feira, segunda-feira. Murmurinha, como se procurasse na memória algo que não sabe o que é. Segunda-feira, pai. Ah, sim. O plural dos nomes compostos. Ao menos isso não terá mudado.
Mudam tudo neste país. Depois querem ter jurisprudência. Ainda hoje andou lendo um acórdão. Ementa malfeita. Segunda-feira no plural. Não tem mais o que inventar. Segundas-feiras. Variam os dois elementos. Fácil, óbvio. Entendeu?
Nem tinha retomado a leitura e lá vem outra perguntinha. Quarta-feira é abstrato ou concreto? Essa, agora. Primeiro vamos saber se é mesmo substantivo. Nenhuma dúvida. É substantivo. Abstrato?
Concreto. A professora disse que é concreto. Pai é pai. Põe tudo de lado e sai sem bater a porta. Concreto, está lá no Celso Cunha, é o substantivo que designa um ser propriamente dito. Nomes de pessoas, de lugares, de instituições. Etc. Quarta-feira. Vamos raciocinar. Nome de um dia. Abstrato designa noção, ação, estado e qualidade. Desde que considerados como seres. Quarta-feira é um ser? Se é um dia, é um ser. Mas concreto? Abstrato. Deve ser abstrato.
Um dia de matar, o trânsito engarrafado. A dorzinha de cabeça já se instalou. Quarta-feira, papai. Afinal? Outro dia era o aliás. Até que teve sua graça. Que é aliás? Bom, como categoria gramatical, me parece que. Pausa. Mudaram a nomenclatura gramatical toda. […] Aliás, advérbio não é. Ou melhor, é controvertido. Vem do latim. Quer dizer quer dizer, como disse o outro. Será advérbio?
Esses meninos de hoje, francamente. Gramática ninguém estuda mais. A língua andrajosa, um monte de solecismos. Mas quarta-feira é substantivo abstrato? Concreto, disse a professora. Ora, pinoia. Está começando o telejornal. Mais um fantasma. Mandado de segurança. Mandado e não mandato. Preste atenção, meu filho. Aliás, só faltava essa. […] Fantasma é concreto? Eta Brasil complicado! Aliás, hoje é quarta-feira. Abstrata? Uma vergonha!
(Otto Lara Resende. Bom dia para nascer, 2011.)
No contexto em que se insere, a expressão “feixe de problemas” (1º parágrafo) faz referência
Questão 52 14094240
UNIFOR Demais cursos 2025/1Exausto
Eu quero uma licença de dormir
perdão para descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2014. Pág. 26.
Evidencia-se, nesse texto, a seguinte função da linguagem:
Questão 8 14032441
UEA - Geral 2024Leia o trecho do romance Capitães da areia, de Jorge Amado, para responder à questão abaixo.
Pedro Bala e João Grande abalaram pela ladeira da Praça. Barandão abriu no mundo também. Mas o Sem-Pernas ficou encurralado na rua. Jogava picula1 com os guardas. Estes tinham se despreocupado dos outros, pensavam que já era alguma coisa pegar aquele coxo. Sem-Pernas corria de um lado para outro da rua, os guardas avançavam. Ele fez que ia escapulir por outro lado, driblou um dos guardas, saiu pela ladeira. Mas em vez de descer e tomar pela Baixa dos Sapateiros, se dirigiu para a praça do Palácio. Porque Sem-Pernas sabia que se corresse na rua o pegariam com certeza. Eram homens, de pernas maiores que as suas, e além do mais ele era coxo, pouco podia correr. E acima de tudo não queria que o pegassem. Lembrava-se da vez que fora à polícia. Dos sonhos das suas noites más. Não o pegariam e enquanto corre este é o único pensamento que vai com ele. [...] Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.
A praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as grades do muro.
(Capitães da areia, 2008.)
1picula: brincadeira infantil também conhecida como pega-pega, pegador e manja-pega.
A palavra sublinhada indica uma condição em:
Questão 41 12579828
UECE 2ª Fase 1º Dia 2024/2Texto
Digitar ou escrever? Cientistas revelam o que é melhor para o cérebro.
Em tempos passados, as civilizações antigas
faziam registros escritos em diversos suportes:
paredes, cascas de árvores, rochas e até em ossos.
Com o avançar das eras, a escrita passou para o
[5] papel e, mais recentemente, para as telas de
dispositivos móveis. Mas, afinal, qual o impacto
dessa mudança no cérebro humano e quais as
consequências para o nosso desenvolvimento?
O fato é que papel e caneta não se
[10] tornaram obsoletos, claro, mas atualmente
dividem espaço com uma série de aparatos
tecnológicos. Além disso, no dia a dia, é cada vez
mais perceptível o uso recorrente de dispositivos
eletrônicos na hora de fazer anotações ou fazer
[15] algum tipo de registro escrito. Comportamento
acentuado nas pessoas mais jovens e imersas nas
novas tecnologias desde o nascimento.
Uma discussão recorrente no universo do
ensino, em especial nas universidades e escolas, é
[20] sobre o uso de smartphones, notebooks ou mesmo
tablets como bloco de notas ou mesmo como
ferramenta principal de suporte no ensino.
Nesse embate, é inegável que a escrita por
digitação traz agilidade e que a conectividade
[25] online abre inúmeras possibilidades para o
aprendizado, mas quais os impactos neurológicos
dessa substituição? E, mais, será mesmo que a
escrita cursiva não apresenta vantagem alguma
com relação ao digital? Entre tantos
[30] questionamentos relacionados ao choque dessas
duas formas de escrever, resta a pergunta
principal: Qual dessas escritas é a mais benéfica
para nossa saúde?
Um estudo publicado no dia 25 de janeiro
[35] de 2024, pela Universidade de Ciência e Tecnologia
da Noruega (NTNU), concluiu que crianças e
adultos têm um melhor aproveitamento de seus
estudos quando fazem anotações à mão. As
análises, feitas a partir de resultados de
[40] eletroencefalogramas, exame que analisa a
atividade elétrica cerebral espontânea, captada
através da utilização de eletrodos colocados sobre
o couro cabeludo, identificaram que, ao escrever
de forma manual, as atividades cerebrais são mais
[45] intensas do que ao escrever num teclado ou em
uma tela.
Audrey Van der Meer, pesquisadora que
liderou o estudo da NTNU, complementa que as
conexões cerebrais feitas durante o processo de
[50] escrita à mão são essenciais para a compreensão
de novas informações. Na escrita à mão, conforme
revela a pesquisadora, ocorre uma elevada
conectividade entre diferentes regiões do cérebro.
Tal fato ocorre com maior complexidade quando
[55] estamos escrevendo discursivamente, sendo
fundamental para construção da memória e
codificação das informações. Isso indica que a
escrita à mão pode potencializar o aprendizado.
“As diferenças na atividade cerebral estão
[60] relacionadas à formação cuidadosa das letras ao
escrever à mão e ao mesmo tempo fazer maior uso
dos sentidos”, explica a cientista.
Van der Meer explica que a escrita manual
requer coordenação motora das mãos e exige que
[65] as pessoas prestem atenção no que estão fazendo.
Já a digitação demanda movimentos mecânicos
que são realizados repetidas vezes, nesta situação
o foco é substituído pela velocidade. A
pesquisadora norueguesa ainda ressalta que as
[70] crianças devem receber formação de caligrafia nas
escolas e, paralelamente, serem ensinadas quanto
ao uso do teclado. Desta forma, deve-se
desenvolver uma consciência de quando utilizar a
escrita manual ou um dispositivo móvel, seja para
[75] uma simples anotação ou para escrever textos mais
longos.
ANDRADE, David. Digitar ou escrever? Cientistas revelam o que é melhor para o cérebro. Disponível em: https://mais.opovo.com.br/. Acesso em 13 de março de 2024. Texto adaptado.
Infere-se do texto que a escrita mais benéfica para a saúde é a
Questão 21 12075652
UERJ 2024/2o major citava o prestígio que meu pai gozava entre os subordinados. A todo o oficialato ele se impunha pelo exemplo, como ao sacrificar suas horas de repouso e lazer no recesso do lar para se ocupar dos seus prisioneiros noite adentro. O major explicava à minha mãe que esses delinquentes, tanto homens quanto mulheres, ficavam horas pendurados numa barra de ferro, mais ou menos como frangos no espeto. (p. 162)
Considerando que o conto faz referência à década de 1970, o trabalho do pai do narrador, mencionado no trecho acima, consiste em:
Questão 26 12065702
UFSM Tarde 2024Para responder à questão, considere o texto a seguir.
ÚLTIMA CARTA DE PAUL KLEE AOS GATOS DA SUA VIDA
Queridos Nuggi, Fritzy e Binho,
Chegando ao fim da minha vida, dirijo-vos esta
carta para vos dar conta da importância que tiveram
no meu atribulado percurso como pintor.
[5] Creio que não teria chegado aonde cheguei como
artista do meu tempo sem o vosso amor e a inspi-
ração que nunca me regatearam.
Fiz questão de vos manter presentes em tudo
quanto fiz, desde as cartas aos poemas, passando,
[10] naturalmente, pelos quadros em que tentei modes-
tamente representar-vos.
Vocês acompanharam-me nas horas de sofr-
imento e de incerteza, de exílio e de privação, mas
também naquelas que me deram a ilusão da feli-
[15] cidade. Primeiro, o meu querido Nuggi, cinzento e
meigo, ainda nos anos da juventude; depois, Fritzy,
tigrado, brincalhão e matreiro, a quem também
chamei Fripouille, nos tempos mais intensos da
criação pictórica e também do reconhecimento ar-
[20] tístico pelo público e pela crítica; por fim, Bimbo,
branco e discreto, já nos anos da doença e da de-
cadência física, sempre dedicado, sempre presente,
sempre terno e atento.
Devo confessar que sempre vislumbrei em vós um
[25] toque do sagrado, porque não hesito em considerar-vos
seres divinos, que eu não fui capaz de retratar com
o talento merecido nas telas e nos desenhos em que
vos tentei eternizar. Sim, é verdade que vos escrevi
cartas, sobretudo a Bimbo, já no fim da vida, e que
[30] não tinha sossego nos meus telefonemas sempre
que me diziam que algum de vocês estava doente ou
andava fugido. Isso nunca foi uma fraqueza minha e
sim uma das principais manifestações do amor que
consegui partilhar com outros seres.
[35] Ainda assim, alguns dos quadros de que mais
gosto são precisamente aqueles em que vos reser-
vei lugar, com títulos como O Gato e o Pássaro ou
A Montanha do Gato Sagrado. Os gatos ajudaram
também a fortalecer amizades com artistas e poetas
[40] que comungam comigo esse amor e essa admiração
irrenunciáveis. Foi o que aconteceu com Rainer Maria
Rilke. Até isso eu vos fiquei a dever, tributo reserva-
do a um pintor que tentou sempre estar à altura da
vossa ternura e infinita capacidade de dádiva.
[45] Agora que estou de partida, levo comigo a re-
cordação do que vocês foram para mim e a con-
vicção de que não teria sido o que fui, nem teria
chegado aonde cheguei, sem o vosso amparo e a
vossa dedicação. No meu íntimo, sei que volta-
[50] remos a encontrar-nos, porque não pode acabar
no perecível mundo material e terreno um amor
como foi o nosso.
Eternamente vosso,
Paul Klee
Fonte: LETRIA, J. J. Última carta de Paul Klee aos gatos da sua vida. In: LETRIA, J. J. Amados gatos: pequenas histórias de gatos célebres. Oficina do Livro: Alfragide, Portugal, 2005. (Adaptado)
Os termos “primeiro” (ℓ. 15), “depois” (ℓ. 16) e “por fim” (ℓ. 20) são empregados para indicar
Pastas
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