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Acesse GrátisQuestões de Português - Leitura e interpretação de textos
Questão 20 6009289
UNICAMP 1° Fase 2022Na ribeira do Eufrates assentado,
Discorrendo me achei pela memória
Aquele breve bem, aquela glória,
Que em ti, doce Sião, tinha passado.
Da causa de meus males perguntado
Me foi: Como não cantas a história
De teu passado bem e da vitória
Que sempre de teu mal hás alcançado?
Não sabes, que a quem canta se lhe esquece
O mal, inda que grave e rigoroso?
Canta, pois, e não chores dessa sorte.
Respondi com suspiros: Quando cresce
A muita saudade, o piedoso
Remédio é não cantar senão a morte.
(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113).
Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular
Questão 4 6263903
UNESP 2022/1Para responder a questão, leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902.
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro — como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 passava o seu vulto na treva, tão sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas — que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava — naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava — não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo — e, apesar disso, sentir a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3 ...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi — quando começaram de aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra — um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme — alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os sitiantes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
2 a desoras: muito tarde.
3 avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4 folha: periódico diário, jornal.
5 bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6 pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7 sitiante: policial.
Constitui exemplo de interação do cronista com o leitor o trecho
Questão 6 3639061
ACAFE Verão Medicina 2021Considerando que um texto estrutura-se a partir de características gerais de um gênero discursivo específico, relacione a coluna de cima com a coluna de baixo.
( 1 ) Editorial
( 2 ) Cartaz
( 3 ) Conto
( 4 ) Publicidade
( 5 ) Entrevista
( 6 ) Resenha crítica
( ) A principal característica deste gênero discursivo é o uso do tom crítico, ou seja, a capacidade de interpretar os pontos mais importantes do tema e opinar a respeito, tendo como base textos e informações de outras fontes que possam complementar o argumento apresentado.
( ) Em jornais e revistas, artigo de opinião que geralmente aborda um tema do momento, um assunto que está em discussão na sociedade. A autoria não é revelada, mas tem o objetivo de apresentar o ponto de vista da publicação.
( ) Trata-se de interação entre interlocutores com o objetivo de relatar experiências, conhecimentos e opiniões acerca de um determinado assunto de acordo com os questionamentos apresentados.
( ) Texto curto que se costuma fixar em lugares públicos. Mistura linguagem verbal e visual com o objetivo de informar as pessoas, sensibilizá-las, convencê-las ou conscientizá-las sobre determinado assunto.
( ) Não importa o tamanho do texto, mas a estratégia que se quer adaptar nele. Combina imagem e mensagem para chamar a atenção do consumidor.
( ) É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa, que envolve poucas personagens e com ações que, em geral, se passam em um só espaço e se encaminham diretamente para o desfecho, em torno de um só eixo temático e um só conflito.
A numeração correta da coluna de baixo, de cima para baixo, é:
Questão 2 5096828
UERJ 2021Morro velho
No sertão da minha terra,
fazenda é o camarada que ao chão se deu.
Fez a obrigação com força,
parece até que tudo aquilo ali é seu.
[05] Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,
lindo a crescer.
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada.
Filho do branco e do preto,
correndo pela estrada atrás de passarinho.
[10] Pela plantação adentro,
crescendo os dois meninos, sempre pequeninos.
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha,
dá pro fundo ver.
Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada.
[15] Filho do sinhô vai embora,
tempo de estudos na cidade grande.
Parte, tem os olhos tristes,
deixando o companheiro na estação distante.
“Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.”
[20] Some longe o trenzinho ao deus-dará.
Quando volta já é outro,
trouxe até sinhá-mocinha para apresentar.
Linda como a luz da lua
que em lugar nenhum rebrilha como lá.
[25] Já tem nome de doutor
e agora na fazenda é quem vai mandar.
E seu velho camarada
já não brinca, mas trabalha.
MILTON NASCIMENTO
Adaptado de miltonnascimento.com.br
fazenda é o camarada que ao chão se deu. (l. 2)
No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra “fazenda”.
Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do contexto descrito:
Questão 10 5097083
UERJ 2021A questão refere-se ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e consequência a sua emancipação idiomática.
PRIMEIRA PARTE
IV - Desastrosas Consequências de um Requerimento
O teor da solicitação de Policarpo Quaresma expressa uma ironia ao deixar implícita uma crítica histórica.
O alvo dessa crítica é:
Questão 8 5934944
PUC-Rio 2021TEXTO
Queridos
É desconfortável para mim falar sobre racismo, prefiro falar sobre as coisas que amo, pasmem. Mas às vezes o silêncio sobre esse assunto pesa. Por isso, venho encontrando coragem para me expressar
Tem sido divertido entender minha própria maneira de fazer isso, estou aprendendo muito sobre mim. Estou cruzando fronteiras e amigos, desmantelando o racismo impregnado na minha pele. Sugiro que vocês embarquem comigo nessa viagem, pois o racismo também está em todos os seus poros. Não sou de apontar dedos, mas vocês o reproduzem inconscientemente o tempo todo. Ainda bem que aprendi desde cedo a força do perdão. Eu não seria amiga de vocês sem isso.
Sou fascinada pela arte como forma de protesto, meus ídolos têm isso em comum. É inspirada por eles que manifesto nesta tímida e honesta carta meu amor por vocês e o imenso descontentamento que sinto ao me lembrar das vezes que não enxergaram minha cor. Para mim, tão importante quanto protestar é louvar a vida que flui milagrosamente neste país há quinhentos anos, em meio a tanta barbaridade. Vida que, desde sempre, cria arte, pensamento, tecnologia, medicina, agricultura, educação. A vida negra é a vida que movimenta este país.
Tenho a sorte de ter vocês como amigos. Reconheço nossa caminhada juntos por uma existência mais consciente. Tenho refletido muito sobre isso. Não sejam ingênuos: viver de forma sustentável mesmo é ouvir os pretos, investir nas ideias geniais que nascem e diariamente morrem nas favelas e periferias do Brasil. É contratar e promover gente preta, criar oportunidades para que outros liderem a mudança que todos queremos ver. É dividir o pão, fazer o dinheiro – meio de troca ainda tão poderoso no mundo da matéria – circular por mais tempo entre aqueles que sofrem mais com o sistema. É reforma agrária e urbana, taxação de grandes fortunas, política de cotas, abolição do sistema penal. Vocês sabem o tamanho do desafio…
exto adaptado de LIMA, Ligia. Letras sensatas: aos meus amigos brancos. Revista Piauí. Edição 166, julho de 2020. Disponível em: . Acesso em: 06 ago. 2020.
Considere as seguintes afirmações tendo como base o Texto;
I - Em sua carta, Ligia Lima aponta o remorso que seus amigos brancos sentem por suas atitudes racistas.
II - A carta revela que o curso e o desenvolvimento do país contam, em sua essência, com a cultura e a participação negra.
III - Na carta, a autora afirma que o racismo está impregnado na realidade do país e tem sido reproduzido ininterruptamente de forma inconsciente.
Estão corretas: