Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - conto fantástico
9 Questões
Questão 1 12012259
CEFET MG 2024O prefácio é um gênero textual presente no início das obras para atender a diferentes intencionalidades, conforme o exemplo a seguir:
Os contos foram especialmente selecionados em uma forma cronológica, de acordo com seus períodos de publicação, para os amantes do gênero fantástico que se sentem atraídos por histórias extraordinárias e de terror. A seleção de autores clássicos nacionais buscou retratar a riqueza e diversidade da literatura brasileira.
MESQUITA, Roberta de Bom Silva. "Prefácio". In.: BORGES et al. (Org). Coletânea de contos fantásticos, de terror e de realismo mágico. Belo Horizonte: LED, 2021. p. 8.
Nesse exemplo, o objetivo da autora é
Questão 11 479401
UNEB Medicina 2017/1TEXTO A
... ela puxava os cabelos e batia nos peitos:
— Ai, Archanjo, meu santo, por que não disse
que estava doente? Como eu ia saber? Agora Ojuobá,
como vai ser? Tu era a luz da gente, nossos olhos de
[5] ver, nossa boca de falar. Tu era a coragem da gente e
nosso entendimento. Tu sabia de ontem, e de amanhã,
quem mais vai saber? [...]
Mestre Pedro Archanjo ia contente da vida,
contente da morte: aquela viagem de defunto em carroça
[10] aberta, puxada por burro de guizos no pescoço, com
acompanhamento de bêbados, notívagos, putas e
amigos, na frente do cortejo o guarda Everaldo trinando
seu apito, atrás o soldado batendo continência, ah! Essa
curta viagem parecia invenção sua, pagodeira para
[15] registro na caderneta, para relato na mesa do amalá,
na quarta-feira de Xangô. [...]
A igreja toda azul, no meio da tarde, igreja dos
escravos no largo onde se ergueram tronco e pelourinho.
É o reflexo do sol ou um laivo de sangue no chão de
[20] pedras? Tanto sangue correu sobre essas pedras, tanto
gemido de dor subiu para esse céu, tanta súplica e
tanta praga ressoaram nas paredes da igreja azul do
Rosário dos pretos. [...]
Lá dentro, Pedro Archanjo pronto para o enterro.
[25] Limpo e bem trajado, decente.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 36, p. 39 e p. 42.
TEXTO B
— Por que pregar susto na gente, Berrito
desgraçado. Tu bem sabe que tenho o coração fraco, o
médico me recomendou que não me aborrecesse. Cada
ideia tu tem, como posso viver sem tu, home com parte
[5] com o tinhoso? Tou acostumada com tu, com as coisas
malucas que tu diz, tua velhice sabida, teu jeito tão sem
jeito, teu gosto de bondade. Por que tu me fez isso
hoje? [...]
Quincas não respondia: aspirava o ar marítimo, uma
[10] de suas mãos tocava a água, abrindo um risco nas
ondas. [...]
Foi assim que o temporal, o vento uivando, as águas
encrespadas, os alcançou em viagem. As luzes da Bahia
brilhavam na distância, um raio rasgou a escuridão. A
[15] chuva começou a cair. [...] Ninguém sabe como Quincas
se pôs de pé, encostado à vela menor. [...]
Foi quando cinco raios sucederam-se no céu, a
trovoada reboou num barulho de fim de mundo, uma onda
sem tamanho levantou o saveiro. Gritos escaparam das
[20] mulheres e dos homens. A gorda Margô exclamou:
— Valha-me nossa Senhora!
No meio do ruído, do mar em fúria, do saveiro em
perigo, à luz dos raios, viram Quincas atirar-se e ouviram
sua frase derradeira.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 88, p. 89 e p. 90.
São evidências do caráter fantástico das duas narrativas os trechos indicados em
Questão 29 598323
FDSM 2016Leia este pequeno conto fantástico de Marina Colasanti para responder à questão.
Apto. 904
Diante da nova geladeira extasiam-se os familiares. Moderna mais do que qualquer outra esta que, na
assepsia branca das entranhas, de quinze em quinze minutos desova gelo.
Durante a primeira semana esforçam-se todos no consumo de bebidas geladas, esmera-se a
cozinheira no fabrico de sorvetes. Não resistindo porém à precisão que a cada quinze minutos lhes solicita a
[5] sede e a gula, estocam a produção em caixas de isopor, logo em baldes, panelas, no tanque, na banheira, por
fim na pia.
O frio se alastra. Cristalizam-se os móveis. Mostrando a nona parte da sua força, o iceberg se
avoluma na cozinha.
Saúda-se com alegria a ideia do filho menor de construir um iglu em substituição à cama-beliche.
[10] Desenham-se planos para a estrutura do primeiro kayak. E todos vestem os parkas trazidos pelo pai. Que em
tarde de domingo abre um buraco no gelo da sala, e com gesto antigo arpoa a foca que desponta.
Quatro vezes por hora aproxima-se o inverno. Encurtam-se as tardes, a longa noite se aproxima. Mas
a família não verá a aurora boreal. No vento da banquisa rangem umbrais e caixilhos, lamentam-se as
paredes. Há em tudo um estremecimento de gemido. E o dia se finda estilhaçando espelhos e madeiras.
[15] Lentamente, no abraço da calota que se fecha, afunda o apartamento.
COLASANTI, Marina. A morada do ser: contos. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 110-111.
A respeito do conto em questão, considere os comentários que se seguem.
I. O conto de Marina Colasanti desenvolve um enredo baseado no absurdo, na inverossimilhança e em situações e ações extraordinárias.
II. O caráter hiperbólico das ações desenvolvidas na narrativa sugere e ironiza a importância excessiva que geralmente se dá à aquisição de um novo produto.
III. O conto fantástico leva o leitor a desvincular-se completamente da realidade, através da fuga para um universo onírico.
É adequado à interpretação do texto o que se comenta
Questão 12 385083
UFAM PSC 2015/1Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta uma narração e, por isso, exemplifica o gênero épico:
Questão 58 215932
UECE 2° Fase 1° Dia 2013Texto 2
O conto que vem a seguir é classificado como fantástico. O conto fantástico se constitui de uma narrativa em que se chocam o plano do natural e o plano do sobrenatural (vocábulo que indica somente o que não é natural, não tem conotação religiosa). Nesse conflito, o âmbito do sobrenatural invade o âmbito do natural, geralmente desestruturando-o. O desfecho de uma narrativa fantástica não deve proporcionar, ao contrário do desfecho da narrativa de mistério, um esclarecimento, no texto, para o fato sobrenatural.
A LUA
“Seja aquela uma noite solitária, e não digna de louvor.” (Jó, III, 7)
Nem luz, nem luar. O céu e as ruas
apareciam escuros, prejudicando, de certo
modo, os meus desígnios. Sólida, porém, era a
[70] minha paciência e eu nada fazia senão vigiar
os passos de Cris. Todas as noites, após o
jantar, esperava-o encostado ao muro de sua
residência, despreocupado em esconder-me ou
tomar qualquer precaução para fugir aos seus
[75] olhos, pois nunca se inquietava com o que
poderia estar se passando em torno dele. A
profunda escuridão que nos cercava e a
rapidez com que, ao sair de casa, ganhava o
passeio jamais me permitiram ver-lhe a
[80] fisionomia. Resoluto, avançava pela calçada,
como se tivesse um lugar certo para ir. Pouco
a pouco, os seus movimentos tornavam-se
lentos e indecisos, desmentindo-lhe a
determinação anterior. Acompanhava-o com
[85] dificuldade. Sombras maliciosas e traiçoeiras
vinham ao meu encontro, forçando-me a
enervantes recuos. O invisível andava pelas
minhas mãos, enquanto Cris, sereno e
desembaraçado, locomovia-se facilmente. Não
[90] parasse ele repetidas vezes, impossível seria a
minha tarefa. Quando vislumbrava seu vulto,
depois de tê-lo perdido por momentos,
encontrava-o agachado, enchendo os bolsos
internos com coisas impossíveis de serem
[95] distinguidas de longe.
Na volta, de madrugada, Cris ia retirando
de dentro do paletó os objetos que colhera na
ida e, um a um, jogava-os fora. Tinha a
impressão de que os olhava com ternura antes
[100] de livrar-se deles.
***
Alguns meses decorridos, os seus passeios
obedeciam ainda a uma regularidade
constante. Sim, invariável era o trajeto
seguido por Cris, não obstante a aparente falta
[105] de rumo com que caminhava. Atingia a zona
suburbana da cidade, onde os prédios eram
raros e sujos. Somente estacava ao deparar
uma casa de armarinho, em cuja vitrina,
forrada de papel crepom, encontrava-se
[110] permanentemente exposta uma pobre boneca.
Tinha os olhos azuis e um sorriso de massa.
***
Uma noite — já me acostumara ao negro
da noite — constatei, ligeiramente
surpreendido, que os seus passos não nos
[115] conduziriam pelo itinerário da véspera. (Havia
algo que ainda não amadurecera o suficiente
para sofrer tão súbita ruptura.)
Nesse dia, o andar firme, seguiu em linha
reta. Atravessou o centro urbano, deixou para
[120] trás a avenida em que se localizava o comércio
atacadista. Apenas se demorou uma vez —
assim mesmo momentaneamente — defronte
a um cinema, no qual meninos de outros
tempos assistiam filmes em série. Fez menção
[125] de comprar entrada, o que deveras me
alarmou. Contudo, sua indecisão foi breve e
prosseguiu a caminhada. Enfiou-se pela rua do
meretrício, parando a espaços, diante dos
portões, espiando pelas janelas, quase todas
[130] muito próximas do solo.
Em frente a uma casa baixa, a única da
cidade que aparecia iluminada, estacionou
hesitante. Tive a impressão de que aquele
seria o instante preciso, pois, se Cris
[135] retrocedesse, não lograria outra oportunidade.
Corri para seu lado e, sacando do punhal,
mergulhei-o nas suas costas. Sem um gemido
e o mais leve estertor, caiu no chão. Do seu
corpo magro saiu a lua. Uma meretriz que
[140] passava, talvez movida por impensado gesto,
agarrou-a nas mãos, enquanto uma garoa de
prata cobria a roupa do morto. A mulher,
vendo o que sustinha entre os dedos, se
desfez num pranto convulsivo. Abandonando a
[145] lua, que foi varando o espaço, ela escondeu a
face no meu ombro. Afastei-a de mim. E,
abaixando-me, contemplei o rosto de Cris. Um
rosto infantil, os olhos azuis. O sorriso de
massa.
Murilo Rubião. Contos reunidos. p. 133-135.
Alguns dos motivos mais explorados no conto fantástico estão relacionados abaixo. Assinale o que foi explorado no conto em pauta.
Questão 53 215925
UECE 2° Fase 1° Dia 2013Texto 2
O conto que vem a seguir é classificado como fantástico. O conto fantástico se constitui de uma narrativa em que se chocam o plano do natural e o plano do sobrenatural (vocábulo que indica somente o que não é natural, não tem conotação religiosa). Nesse conflito, o âmbito do sobrenatural invade o âmbito do natural, geralmente desestruturando-o. O desfecho de uma narrativa fantástica não deve proporcionar, ao contrário do desfecho da narrativa de mistério, um esclarecimento, no texto, para o fato sobrenatural.
A LUA
“Seja aquela uma noite solitária, e não digna de louvor.” (Jó, III, 7)
Nem luz, nem luar. O céu e as ruas
apareciam escuros, prejudicando, de certo
modo, os meus desígnios. Sólida, porém, era a
[70] minha paciência e eu nada fazia senão vigiar
os passos de Cris. Todas as noites, após o
jantar, esperava-o encostado ao muro de sua
residência, despreocupado em esconder-me ou
tomar qualquer precaução para fugir aos seus
[75] olhos, pois nunca se inquietava com o que
poderia estar se passando em torno dele. A
profunda escuridão que nos cercava e a
rapidez com que, ao sair de casa, ganhava o
passeio jamais me permitiram ver-lhe a
[80] fisionomia. Resoluto, avançava pela calçada,
como se tivesse um lugar certo para ir. Pouco
a pouco, os seus movimentos tornavam-se
lentos e indecisos, desmentindo-lhe a
determinação anterior. Acompanhava-o com
[85] dificuldade. Sombras maliciosas e traiçoeiras
vinham ao meu encontro, forçando-me a
enervantes recuos. O invisível andava pelas
minhas mãos, enquanto Cris, sereno e
desembaraçado, locomovia-se facilmente. Não
[90] parasse ele repetidas vezes, impossível seria a
minha tarefa. Quando vislumbrava seu vulto,
depois de tê-lo perdido por momentos,
encontrava-o agachado, enchendo os bolsos
internos com coisas impossíveis de serem
[95] distinguidas de longe.
Na volta, de madrugada, Cris ia retirando
de dentro do paletó os objetos que colhera na
ida e, um a um, jogava-os fora. Tinha a
impressão de que os olhava com ternura antes
[100] de livrar-se deles.
***
Alguns meses decorridos, os seus passeios
obedeciam ainda a uma regularidade
constante. Sim, invariável era o trajeto
seguido por Cris, não obstante a aparente falta
[105] de rumo com que caminhava. Atingia a zona
suburbana da cidade, onde os prédios eram
raros e sujos. Somente estacava ao deparar
uma casa de armarinho, em cuja vitrina,
forrada de papel crepom, encontrava-se
[110] permanentemente exposta uma pobre boneca.
Tinha os olhos azuis e um sorriso de massa.
***
Uma noite — já me acostumara ao negro
da noite — constatei, ligeiramente
surpreendido, que os seus passos não nos
[115] conduziriam pelo itinerário da véspera. (Havia
algo que ainda não amadurecera o suficiente
para sofrer tão súbita ruptura.)
Nesse dia, o andar firme, seguiu em linha
reta. Atravessou o centro urbano, deixou para
[120] trás a avenida em que se localizava o comércio
atacadista. Apenas se demorou uma vez —
assim mesmo momentaneamente — defronte
a um cinema, no qual meninos de outros
tempos assistiam filmes em série. Fez menção
[125] de comprar entrada, o que deveras me
alarmou. Contudo, sua indecisão foi breve e
prosseguiu a caminhada. Enfiou-se pela rua do
meretrício, parando a espaços, diante dos
portões, espiando pelas janelas, quase todas
[130] muito próximas do solo.
Em frente a uma casa baixa, a única da
cidade que aparecia iluminada, estacionou
hesitante. Tive a impressão de que aquele
seria o instante preciso, pois, se Cris
[135] retrocedesse, não lograria outra oportunidade.
Corri para seu lado e, sacando do punhal,
mergulhei-o nas suas costas. Sem um gemido
e o mais leve estertor, caiu no chão. Do seu
corpo magro saiu a lua. Uma meretriz que
[140] passava, talvez movida por impensado gesto,
agarrou-a nas mãos, enquanto uma garoa de
prata cobria a roupa do morto. A mulher,
vendo o que sustinha entre os dedos, se
desfez num pranto convulsivo. Abandonando a
[145] lua, que foi varando o espaço, ela escondeu a
face no meu ombro. Afastei-a de mim. E,
abaixando-me, contemplei o rosto de Cris. Um
rosto infantil, os olhos azuis. O sorriso de
massa.
Murilo Rubião. Contos reunidos. p. 133-135.
Faz parte da teoria do conto a ideia de que esse tipo de narrativa não permite os excessos; se aparecer um detalhe aparentemente sem importância, ele terá uma função em algum momento do texto. Por exemplo: se uma espingarda aparecer encostada a um canto, pode-se ter certeza de que ela vai disparar. No conto em pauta, essa teoria se confirma por meio do aparecimento do(a,s)
Pastas
06