Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - lenda
4 Questões
Questão 44 5950445
PUC-GO Geral 2020/1Leia com atenção o texto A história de quando a noite reinava na Terra, de Mia Couto:
Antigamente, não havia senão noite e Deus pastoreava as estrelas no céu. Quando lhes dava mais alimento elas engordavam e a sua pança abarrotava de luz. Nesse tempo, todas as estrelas comiam, todas luziam de igual alegria. Os dias ainda não haviam nascido e, por isso, o Tempo caminhava com uma perna só. E tudo era tão lento no infinito firmamento!
Até que, no rebanho do pastor, nasceu uma estrela com ganância de ser maior que todas as outras. Essa estrela chamava-se Sol e cedo se apropriou dos pastos celestiais, expulsando para longe as outras estrelas que começaram a definhar.
Pela primeira vez houve estrelas que penaram e, magrinhas, foram engolidas pelo escuro. Mais e mais o Sol ostentava grandeza, vaidoso dos seus domínios e do seu nome tão masculino. Ele, então, se intitulou patrão de todos os astros, assumindo arrogâncias de centro do Universo. Não tardou a proclamar que ele é que tinha criado Deus.
O que sucedeu, na verdade, é que, com o Sol, assim soberano e imenso, tinha nascido o Dia. A Noite só se atrevia a aproximar-se quando o Sol, cansado, se ia deitar. Com o Dia, os homens esqueceram-se dos tempos infinitos em que todas as estrelas brilhavam de igual felicidade. E esqueceram a lição da Noite que sempre tinha sido rainha sem nunca ter que reinar.
(COUTO, Mia. A confissão da leoa. Disponível em: https://www.miacouto.org/. Acesso em: 27 jul. 2019.)
Nesse texto, Mia Couto recorre ao recurso das formas simples para a explicação da origem das coisas.
Assinale a alternativa correta que indica o gênero popular a que o texto se assemelha:
Questão 7 123719
UNIFESP 2016Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,
começa de servir outros sete anos,
dizendo: “Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida”.
(Luís Vaz de Camões. Sonetos, 2001.)
De acordo com a história narrada pelo soneto,
Questão 20 160155
UFSM 2014/1A Lenda da Mandioca (lenda dos índios Tupi)
Nasceu uma indiazinha linda, e a mãe
e o pai tupis espantaram-se:
– Como é branquinha esta criança!
E era mesmo. Perto dos outros curumins
da taba, parecia um raiozinho de lua.
Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa
e quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais
preocupavam-se.
– Vá brincar, Mani, dizia o pai.
– Coma um pouco mais, dizia a mãe.
Mas a menina continuava quieta, cheia
de sonhos na cabecinha. Mani parecia esconder
um mistério. Uma bela manhã, não se
levantou da rede. O pajé foi chamado. Deu
ervas e bebidas à menina. Mas não atinava
com o que tinha Mani. Toda a tribo andava
triste. Mas, deitada em sua rede, Mani sorria,
sem doença e sem dor.
E sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram
dentro da própria oca. E regavam
sua cova todos os dias, como era costume entre
os índios Tupis. Regavam com lágrimas de
saudade. Um dia perceberam que do túmulo
de Mani rompia uma plantinha verde e viçosa.
– Que planta será esta? Perguntaram,
admirados. Ninguém a conhecia.
– É melhor deixá-la crescer, resolveramos
índios.
E continuaram a regar o brotinho mimoso.
A planta desconhecida crescia depressa.
Poucas luas se passaram, e ela estava
altinha, com um caule forte, que até fazia a
terra se rachar em torno.
– A terra parece fendida, comentou a
mãe de Mani.
– Vamos cavar?
E foi o que fizeram. Cavaram pouco e,
à flor da terra, viram umas raízes grossas e
morenas, quase da cor dos curumins, nome
que dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha
marrom, lá estava a polpa branquinha,
quase da cor de Mani. Da oca de terra de Mani
surgia uma nova planta!
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram
os índios.
– E, para não deixar que se perca, vamos
transformar a planta em alimento!
Assim fizeram! Depois, fincando outros
ramos no chão, fizeram a primeira
plantação de mandioca. Até hoje entre os
índios do Norte e Centro do Brasil é este um
alimento muito importante.
E, em todo Brasil, quem não gosta da
plantinha misteriosa que surgiu na casa de
Mani?
Fonte: GIACOMO, Maria T. C. de. Lendas brasileiras, n. 7, 2. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1977.
Assinale V na(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F na(s) falsa(s).
( ) O texto se estrutura em estágios típicos da narrativa, dentre os quais está a complicação, iniciada no momento em que Mani não se levantou da rede.
( ) No estágio de orientação da narrativa, a personagem principal é representada por meio de um nome próprio e adjetivos que descrevem sua aparência, como “linda” (ℓ.1) e “branquinha” (ℓ.3), e seu comportamento, como “silenciosa” (ℓ.6) e “quieta” (ℓ.7).
( ) Palavras como “brotinho” (ℓ.29) e “branquinha” (ℓ.41) contribuem para estabelecer semelhanças entre a planta então desconhecida e Mani, ao mesmo tempo em que o emprego dos sufixos indicadores de diminutivo corroboram a representação de delicadeza e sensibilidade.
( ) Ao nomearem a nova planta de “Mani-oca” (ℓ.44), os índios utilizaram o processo de formação de palavras por derivação prefixal.
A sequência correta é
Questão 23 50823
UCS Vestibular de Inverno 2013INSTRUÇÃO: A questão baseia-se no texto abaixo.
A Salamanca do Jarau
[1] No tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé, na Argentina, do outro lado do rio
Uruguai. Ele morava numa cela de pedra nos fundos da própria igreja, na praça principal da aldeia.
Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, levantou-se, assoleado
e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo.
[5] Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do sacristão ao ver sair
d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um carbúnculo. Ele, homem
religioso, sabia que a Teiniaguá – os padres diziam isso – tinha partes com o Diabo Vermelho, o Anhangá-Pitã, que tentava
os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma princesa moura
encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre.
[10] Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniaguá na guampa e voltou correndo para a igreja, sem se importar com o
calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as sombras finalmente desceram
sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a Teiniaguá se transformou na
princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da Santa Missa. Louco de
amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles passaram a noite.
[15] No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se repetiu. E assim foi até que os
padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa moura transformou-se em
Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de amor, foi preso e
acorrentado.
Como o crime era horrível – contra Deus e a Igreja – foi condenado a morrer no garrote vil, na praça, diante da igreja
[20] que ele tinha profanado.
No dia da execução, todo o povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das barrancas do rio Uruguai a
Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a procurar o sacristão abrindo
rombos na terra, uns valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou à igreja bem na hora em
que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande; nessa hora, parecia que o mundo inteiro
[25] vinha abaixo: houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E quando as coisas clarearam, a
Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai.
Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja, procurando um lugar
afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do Jarau, no Quaraí, onde
descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois.
[30] Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta mágica", a Salamanca do
Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 provas e conseguisse sair, ficava com o corpo fechado e com sorte
no amor e no dinheiro para o resto da vida.
Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do Rio Grande do Sul.
Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes ameaçando chuva, dá
[35] um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente viu.
(http://www.paginadogaucho.com.br/lend/sala.htm publicado por Roberto Cohen em 18 de dezembro de 2003. Fonte: Livro "Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul" de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor. 1996. Baseado na obra de João Simões Lopes Neto. Acesso em: 12 abril 2013. Adaptado.)
Se por princesa moura (linha 08) o texto está se referindo a uma princesa do mesmo povo que invadiu a Espanha no século VIII,
Pastas
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