Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - literatura de cordel
7 Questões
Questão 51 1374915
USS (Univassouras) 2019/1Alguém do Rio de Janeiro
Deu dinheiro e remeteu
Porém não sei o que houve
Que cá não apareceu
O dinheiro é tão sabido
Que quis ficar escondido
Nos cofres dos potentados
Ignora-se esse meio
Eu penso que ele achou feio
Os bolsos dos flagelados
Citado por SALIBA, Elias. “Cultura: as apostas da república” In: SCHWARCZ, Lilia Moritz. (Org.). História do Brasil Nação: a abertura para o mundo (1889-1930). 1ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012
O poeta Leandro Gomes de Barros, em 1972, destacou o tratamento conferido pelos poderes públicos aos efeitos da seca nos estados da atual região Nordeste.
No trecho do cordel, esse tratamento era caracterizado por
Questão 7 1008986
UEA - SIS 1ª Etapa 2013Para responder à questão, leia um trecho de Tudo agora levantou, obra de Literatura de Cordel, de autoria de José Costa Leite.
O povo sofre desgosto
com seca, fome e imposto
capim santo e tira-gosto
teve gente que deixou
bolacha, manteiga e pão
fava verde e fruta-pão
alho, cebola e carvão
tudo agora levantou.
Subiu pressão e colchete
brilhantina e sabonete
subiu gelada e sorvete
caldo de cana aumentou
doce, peixe saboroso
peixe seco catingoso
até tabaco cheiroso
tudo agora levantou.
[...]
Chora o pobre hoje em dia
ganhando pouca quantia
porque até melancia
hoje em dia se danou
o óleo de carrapato
calango, preá e rato
até veado do mato
tudo agora levantou.
Caro leitor, vou dizer
O livrinho terminou
Se o leitor se agradou
Tenho aqui para vender
A todos quero atender
Leve um que não é chato
Eu vendo mesmo, de fato,
Inda digo sem desdém
Tudo levantou, porém
Eu só sei vender barato.
(Apud Marlyse Meyer. Autores de Cordel (Literatura comentada), 1972. Adaptado.)
Pela interpretação dos versos, infere-se que a Literatura de Cordel
Questão 69 1442570
UNICAMP 2020Texto
Leia os versos iniciais da peça Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (1966), de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar. Em formato de cordel, os versos são cantados por todos os atores.
Se corres, bicho te pega, amô.
Se ficas, ele te come.
Ai, que bicho será esse, amô?
Que tem braço e pé de homem?
Com a mão direita ele rouba, amô,
e com a esquerda ele entrega;
janeiro te dá trabalho, amô,
dezembro te desemprega;
de dia ele grita "avante”, amô,
de noite ele diz: "não vá":
Será esse bicho um homem, amô,
ou muitos homens será?
(Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 3.)
Texto
Observe a charge de Laerte que fez parte da mostra Maio na Paulista, em 2019.
Considerando a relação entre os textos, conclui-se que a charge
Questão 45 809563
FIP-Moc Saúde 2017/1Texto A
As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entram em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009* , vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Cuidado: segundo elas, você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia.
* O acordo entrou em vigor em janeiro de 2016.
Adaptado de E. Simões, “Que língua é essa?”, Folha de S. Paulo. 28 set.2008.Ilustrada p.1.
Texto B
Com a nova ortografia
Nosso jeito de escrever
Sofreu algumas mudanças
E para a gente aprender
Chamo atenção ao papel
Que terá este cordel
Para mostrar a você
(...)
Pronúncia, vocabulário
E a sintaxe também
Permanecerão iguais
Da forma como já vem
Na fala do dia a dia
Mudou somente a grafia
Que algumas palavras têm.
(“Cordel da Nova Ortografia” – Abdias Campos – Recife – 2010)
Em relação à última frase do excerto jornalístico, a 2ª estrofe do cordel:
Questão 11 816810
FIP-Moc Saúde 2016/2Eu peço aos mártires da fé
que agora estão no céu
ao lado de Jesus Cristo
e sua mãe tão fiel
que ilumine minha mente
para desencantar um cordel
A trajetória seguida
por meu padim milagreiro
que nasceu lá no Crato
prá fazer de Juazeiro
a Meca do Cariri
Terra Santa do romeiro (...)
Pádua de Queiroz
Fonte: www.paduadequeirozcordelearte. Acesso: 01/01/2016
Da leitura dos versos de Cordel e seu contexto, infere-se a:
Questão 16 46556
UNESP 2011/1Instrução: A questão toma por base um fragmento do livro Comunicação e folclore, de Luiz Beltrão (1918-1986).
O Bumba-Meu-Boi
Entre os autos populares conhecidos e praticados no Brasil – pastoril, fandango, chegança, reisado, congada, etc. – aquele em que melhor o povo exprime a sua crítica, aquele que tem maior conteúdo jornalístico, é, realmente, o bumba-meu-boi, ou simplesmente boi.
Para Renato Almeida, é o “bailado mais notável do Brasil, o folguedo brasileiro de maior significação estética e social”. Luís da Câmara Cascudo, por seu turno, observou a sua superioridade porque “enquanto os outros autos cristalizaram, imóveis, no elenco de outrora, o bumba-meu-boi é sempre atual, incluindo soluções modernas, figuras de agora, vocabulário, sensação, percepção contemporânea. Na época da escravidão mostrava os vaqueiros escravos vencendo pela inteligência, astúcia e cinismo. Chibateava a cupidez, a materialidade, o sensualismo de doutores, padres, delegados, fazendo-os cantar versinhos que eram confissões estertóricas. O capitão-do-mato, preador de escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram, depois da morte do Boi, e em vez de trazê-los é trazido amarrado, humilhado, tremendo de medo. O valentão mestiço, capoeira, apanha pancada e é mais mofino que todos os mofinos. Imaginem a alegria negra, vendo e ouvindo essa sublimação aberta, franca, na porta da casa-grande de engenho ou no terreiro da fazenda, nos pátios das vilas, diante do adro da igreja! A figura dos padres, os padres do interior, vinha arrastada com a violência de um ajuste de contas. O doutor, o curioso, metido a entender de tudo, o delegado autoritário, valente com a patrulha e covarde sem ela, toda a galeria perpassa, expondo suas mazelas, vícios, manias, cacoetes, olhada por uma assistência onde estavam muitas vítimas dos personagens reais, ali subalternizados pela virulência do desabafo”.
Como algumas outras manifestações folclóricas, o bumbameu- boi utiliza uma forma antiga, tradicional; entretanto, fá-la revestir-se de novos aspectos, atualiza o entrecho, recompõe a trama. Daí “o interesse do tipo solidário que desperta nas camadas populares”, como o assinala Édison Carneiro. Interesse que só pode manter-se porque o que no auto se apresenta não reflete apenas situações do passado, “mas porque têm importância para o futuro”. Com efeito, tendo por tema central a morte e a ressurreição do boi, “cerca-se de episódios acessórios, não essenciais, muito desligados da ação principal, que variam de região para região... em cada lugar, novos personagens são enxertados, aparentemente sem outro objetivo senão o de prolongar e variar a brincadeira”. Contudo, dentre esses personagens, os que representam as classes superiores são caricaturados, cobrindo-se de ridículo, o que torna “o folguedo, em si mesmo, uma reivindicação”.
Sílvio Romero recolheu os versos de um bumba-meu-boi, através dos quais se constata a intenção caricaturesca nos personagens do folguedo. Como o Padre, que recita:
Não sou padre, não sou nada
“Quem me ver estar dançando
Não julgue que estou louco;
Secular sou como os outros”.
Ou como o Capitão-do-Mato que, dando com o negro Fidélis, vai prendê-lo:
“CAPITÃO – Eu te atiro, negro
Eu te amarro, ladrão,
Eu te acabo, cão.”
Mas, ao contrário, quem vai sobre o Capitão e o amarra é o Fidélis:
“CORO – Capitão de campo
Veja que o mundo virou
Foi ao mato pegar negro
Mas o negro lhe amarrou.
CAPITÃO – Sou valente afamado
Como eu não pode haver;
Qualquer susto que me fazem
Logo me ponho a correr”.
(Luiz Beltrão. Comunicação e folclore. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971.)
O fragmento apresentado focaliza, por meio da opinião do autor e de outros folcloristas mencionados, o bumba-meu-boi, auto popular brasileiro bastante conhecido. A leitura do fragmento, como um todo, deixa claro que o núcleo temático do bumba-meu-boi é sempre
Pastas
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