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Acesse GrátisQuestões de Português - Leitura e interpretação de textos
Questão 11 8484602
UNICAMP 1° Fase 2023“Ciclo"
Manhã. Sangue em delírio, verde gomo,
Promessa ardente, berço e liminar:
A árvore pulsa, no primeiro assomo
Da vida, inchando a seiva ao sol... Sonhar!
Dia. A flor, — o noivado e o beijo, como
Em perfumes um tálamo e um altar:
A árvore abre-se em riso, espera o pomo,
E canta à voz dos pássaros... Amar!
Tarde. Messe e esplendor, glória e tributo;
A árvore maternal levanta o fruto,
A hóstia da ideia em perfeição... Pensar!
Noite. Oh! saudade!...A dolorosa rama
Da árvore a aflita pelo chão derrama
As folhas, como lágrimas... Lembrar!”
(BILAC, Olavo. Tarde. 1.ed. Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte: Libraria Francisco Alves, p. 12-13, 1919.)
No soneto “Ciclo”,
Questão 13 9764866
IMEPAC Araguari 2023/2Neste mês, as cigarras cantam
e os trovões caminham por cima da terra,
agarrados ao sol.
Neste mês, ao cair da tarde, a chuva corre pelas montanhas,
e depois a noite é mais clara,
e o canto dos grilos faz palpitar o cheiro molhado do chão.
Mas tudo é inútil,
porque os teus ouvidos estão como conchas vazias,
e a tua narina imóvel
não recebe mais notícias
do mundo que circula no vento.
MEIRELES, Cecília. Disponível em: https://poetisarte.com/autores/cecilia-meireles/elegia/. Acesso em: 13 mar. 2023.
O recurso expressivo usado no verso em destaque é chamado de
Questão 20 6009289
UNICAMP 1° Fase 2022Na ribeira do Eufrates assentado,
Discorrendo me achei pela memória
Aquele breve bem, aquela glória,
Que em ti, doce Sião, tinha passado.
Da causa de meus males perguntado
Me foi: Como não cantas a história
De teu passado bem e da vitória
Que sempre de teu mal hás alcançado?
Não sabes, que a quem canta se lhe esquece
O mal, inda que grave e rigoroso?
Canta, pois, e não chores dessa sorte.
Respondi com suspiros: Quando cresce
A muita saudade, o piedoso
Remédio é não cantar senão a morte.
(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113).
Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular
Questão 3 6666761
FEMA 2022Considere o poema “O menino sem passado”, de Murilo Mendes, para responder à questão.
Monstros complicados
não povoaram meus sonhos de criança
porque o saci-pererê não fazia mal a ninguém
limitando-se moleque a dançar maxixes desenfreados
no mundo das garotas de madeira
que meu tio habilidoso fazia para mim.
A mãe-d’água só se preocupava
em tomar banhos asseadíssima
na piscina do sítio que não tinha chuveiro.
De noite eu ia no fundo do quintal
para ver se aparecia um gigante com trezentos anos
que ia me levar dentro dum surrão,
mas não acreditava nada.
Fiquei sem tradição sem costumes nem lendas
estou diante do mundo
deitado na rede mole
que todos os países embalançam.
(Os melhores poemas, 2000.)
Na terceira estrofe, o trecho “para ver se aparecia um gigante com trezentos anos” indica ideia de
Questão 7 6895431
UERJ 2022SONETO
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza,
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo1 prazer em choro triste;
O tempo a tempestade em grã2 bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
1 ledo − alegre
2 grã − grande
No soneto, marcas enunciativas que representam os interlocutores do poema estão presentes nos seguintes versos:
Questão 11 6895475
UERJ 2022SONETO I
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor1 espanto,
Que não se muda já como soía2
1 mor − maior
2 soía − costumav
SONETO Il
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza,
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo1
prazer em choro triste;
O tempo a tempestade em grã2 bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
1 ledo − alegre
2 grã − grande
SONETO lII
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel, lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.
Os sonetos I, II e III destacam um sentimento de impotência diante da passagem do tempo.
Na última estrofe de cada poema, porém, o poeta revela sentimentos que se confrontam com essa impotência.