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Acesse GrátisQuestões de Português - Leitura e interpretação de textos
Questão 85 305871
UnB 2018/1A tragédia revela o desejo do herói em busca de segurança e felicidade, entretanto, em sua caminhada, ele se dirige a um destino maior que suas forças, sucumbindo à desgraça. Em Édipo Rei e em Hamlet, o ato trágico inaugural se estrutura em torno da figura paterna. As duas tragédias encenam a violação da lei de proibição do assassinato do pai (parricídio). A transgressão da lei instaura o ato trágico, que produz a consequência de se habitar um mundo desgovernado, pois a lei — não matar o pai — porta a estrutura fundante da civilização. Essas duas tragédias foram motivo de interesse para o fundador da psicanálise, Freud, que via nelas o retorno do recalcado. A vingança nesses textos é mais antiga do que mostram as tragédias: trata-se de desejos recalcados que polarizam a criança entre o amor e o ódio pelo pai. O conflito encenado no palco produz no espectador um sentimento de identificação que ele aceita como parte de sua realidade, o que já fora estudado pelo filósofo grego Aristóteles como parte do seu conceito de catarse.
Tendo esse texto como referência inicial, julgue o item seguinte, a respeito dos gêneros teatrais.
A comédia corresponde a uma forma de teatro oposta à tragédia, na medida em que se preocupa em dar forma a personagens cujas peripécias conduzam ao riso e a um desfecho feliz, além de possuir um forte apelo popular.
Questão 90 305880
UnB 2018/1A tragédia revela o desejo do herói em busca de segurança e felicidade, entretanto, em sua caminhada, ele se dirige a um destino maior que suas forças, sucumbindo à desgraça. Em Édipo Rei e em Hamlet, o ato trágico inaugural se estrutura em torno da figura paterna. As duas tragédias encenam a violação da lei de proibição do assassinato do pai (parricídio). A transgressão da lei instaura o ato trágico, que produz a consequência de se habitar um mundo desgovernado, pois a lei — não matar o pai — porta a estrutura fundante da civilização. Essas duas tragédias foram motivo de interesse para o fundador da psicanálise, Freud, que via nelas o retorno do recalcado. A vingança nesses textos é mais antiga do que mostram as tragédias: trata-se de desejos recalcados que polarizam a criança entre o amor e o ódio pelo pai. O conflito encenado no palco produz no espectador um sentimento de identificação que ele aceita como parte de sua realidade, o que já fora estudado pelo filósofo grego Aristóteles como parte do seu conceito de catarse.
Tendo esse texto como referência inicial, julgue o item seguinte, a respeito dos gêneros teatrais.
O herói trágico representa, de modo geral, o fundamento da filosofia de Nietzsche, uma vez que, no processo de expansão da sua vontade de potência, não inclui a possibilidade de seu próprio perecimento.
Questão 11 7284631
UNIFAN Medicina 2017/1Leia o trecho de Eles não usam black-tie para responder a Questão.
Tião – Papai...
Otávio – Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizer pra você
que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de furagreve!
Tião – Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia!
Otávio – Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que
você até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que
furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um
traidô dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia,
um traidô por convicção!
Tião – Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai...
Otávio – Vá dizendo.
Tião – Que o filho dele não é um "filho da mãe". Que o filho dele gosta da sua gente, mas que o filho dele tinha
um problema e quis resolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho é um homem que quer bem!
Otávio – Seu pai vai ficá irritado com esse recado, mas eu digo. Seu pai tem outro recado pra você. Seu pai
acha que a culpa de pensá desse jeito não é sua só. Seu pai acha que tem culpa.
Tião – Diga a meu pai que ele não tem culpa nenhuma.
Otávio – Se eu tivesse te educado mais firme, se te tivesse mostrado melhor o que é a vida, tu não pensaria em
não ter confiança na tua gente...
Tião – Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que não podia arriscá nada. Preferi tê o
desprezo do meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscado a vê minha mulhé sofrê
como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre!
Otávio – Teu pai acha que tem culpa!
Tião – Tem culpa de nada, pai!
[...]
Romana (entrando) – Te mandou embora mesmo, não é?
Tião – Mandou!
Romana – Eu digo que vocês tudo estão com a cabeça virada!
Tião – Não foi por covardia e não me arrependo!
Romana – Eu sei. Tu é teimoso... e é um bom rapaz.
(...)
Tião – Não posso ficá, Maria... Não posso fica! ...
Maria (Para de chorar. Enxuga as lágrimas) – Então, vai embora... eu fico. Eu fico com Otavinho... Crescendo
aqui, ele vai tê medo... e quando tu acreditá na gente... por favor, volta! (sai)
Tião – Maria, espera! (correndo, segue Maria. Pausa.)
Otávio (entrando) – Já acabou?
Romana – Vai falar com ele, Otávio... vai!
Otávio – Enxergando melhó a vida, ele volta. (retorna ao quarto. Entram Chiquinho e Teresinha)
Chiquinho – Sabe, mãe, aquele samba...
Teresinha – O samba do "Nós não usa black-tie".
Chiquinho – Tá tocando no rádio...
Romana – O quê?
Teresinha – O samba do Juvêncio, aquele mulato das bandas do Cruzeiro!
Chiquinho – Ele tá chateado à beça. O samba tá com o nome de outro cara. (sai correndo)
Teresinha – Eu fiquei com pena do Juvêncio. Ta perto da bica, chorando! Chiquinho! (sai)
Romana, sozinha. Chora mansamente. Depois de alguns instantes, vai até a mesa e começa a separar o feijão.
Funga e enxuga os olhos...
Romana, sozinha. Chora mansamente. Depois de alguns instantes, vai até a mesa e começa a separar o feijão. Funga e enxuga os olhos...
GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2014. p. 101-103/107-108.
Examine as sentenças que se seguem quanto à linguagem apresentada em Eles não usam black-tie:
1. Os vocábulos ‘tomá’ e ‘traidô’ resultam de um fenômeno dos mais típicos em qualquer língua: o princípio da economia linguística ou lei do menor esforço, o que corresponde, também, à dinamicidade da língua.
2. A palavra ‘pra’ é uma variante normativa de ‘para’ e está perfeitamente integrada ao ambiente linguístico escrito em questão.
3. As expressões ‘à beça’, ‘filho da mãe’ e ‘cabeça virada’ são variações linguísticas de cunho geográfico e que, no caso, ocorrem na região metropolitana de São Paulo.
4. Os nomes, no texto, ‘Chiquinho’ e ‘Teresinha’ são denominações afetivas de tom pejorativo e que devem ser evitados atualmente devido ao bullying.
5. A incorporação da palavra inglesa black-tie, embora utilizada como vocábulo adotado para designar um traje também utilizado na cultura brasileira, no texto adquire um tom de crítica e é passível de reflexão.
6. Em “como eu quero querer, a tá arriscado a” há uma contração do verbo querer que denota ênfase por parte do personagem.
7. A expressão “e quando tu acreditá na gente...” apresenta um pronome objeto que corresponde à segunda pessoa do discurso e, no entanto, devido às características do texto de linguagem popular, o mais adequado seria a utilização do pronome ‘ocê’.
8. Em “Tu é teimoso... e é um bom rapaz.” há uma relação de causa e consequência semântica.
9. Em “Tem culpa de nada, pai!” o personagem Tião, ao dirigir-se ao pai, inverte a ordem indireta da frase proferida.
10. A fala “Não um traidô por covardia, um traidô por convicção!” evidencia a plurissignificação da linguagem, no caso em questão, coloca em relevo duas possibilidades aceitáveis da covardia: por covardia e por convicção.
A diferença entre a soma dos números das afirmações incorretas e corretas é:
Questão 41 163775
ENEM 1ª Aplicação - 1° Dia 2017Segundo quadro
Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, "viva o prefeito" etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.
ODORICO - Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu.
Aplausos vêm de fora.
ODORICO - Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério.
Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena.
ODORICO - (Continuando o discurso:) Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido.
GOMES, O. O bem amado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.
O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem amado, é
Questão 59 7284823
PUC-GO 2016/2TEXTO
Selminha — Você entende papai?
Dália — Papai mudou.
Selminha — É outra pessoa!
Dália — Com a morte de mamãe, desque mamãe
morreu, mudou tanto!
Selminha (com certo desespero) — Mudou com o meu casamento. Foi o meu casamento. Foi, sim, Dália. Com o meu casamento.
Dália — Sei lá.
Selminha — Te digo mais. Às vezes, eu penso. Penso que papai sentiu mais o meu casamento que a morte de mamãe. Ele não vem aqui, nem telefona. Sou eu que telefono. Ou então. Evita Arandir
Dália — Não gosta de Arandir.
Selminha (febril) — Como são as coisas! Veja você. Arandir me disse, hoje: “Vou aproveitar o negócio da Caixa Econômica e passo no teu pai. Ele conhece lá um cara. Vamos na Caixa e eu convido teu pai pra jantar.” Não adiantou. Adiantou? Pois é. Papai não dá pelota para Arandir. Nem bola!
Dália — Papai me assusta.
Selminha — Não gosta de Arandir — por quê?
Dália (taxativa) — Ciúmes.
Selminha (virando-se atônita) — De mim?
Dália — De ti. (Selminha repete, lentamente, com espanto e uma nascente angústia.)
Selminha (falando para si mesma) — Ciúmes de mim?
Dália — Ou você é cega?Selminha (com frívolo arrebatamento) — Que bobagem, ciúmes de mim! (muda de tom e novamente angustiada) Você acha?
Dália — Acho! Acho! (Selminha, de frente para a plateia, costas para a irmã e uma inflexão de sonho.) Selminha (meio alada) — Ciúmes de mim. (Dália vem por trás e fala por cima do ombro da irmã, que permanece de costas para ela.)
Dália (repetindo) — De ti. No teu casamento eu pensei tanto na morte de mamãe. Mas no teu casamento quem morria era papai. Na igreja, de braço contigo, papai ia morrendo. Tive a sensação, te juro! de que... Selminha (num apelo, quase sem voz) — Não fala assim!
Dália (com mais veemência) — E outra vez. Aquele dia!
Selminha — Quando?
Dália — No dia em que vim para cá. Vocês tinham chegado da lua de mel. Eu me lembro. Papai me trouxe e até você estava com aquele quimono, aquele, como é?
Selminha — O azul?
Dália — Não. Aquele que a vovó te deu. Papai me trouxe. Não queria vir. Insisti. Veio. E chegou aqui,
você sentou-se no colo de Arandir. Se você visse a cara de papai! a cara!
Selminha — Não me lembro.
Dália — Cara de ódio! Saiu imediatamente e...
Selminha — Você está imaginando! Isso é imaginação! (com súbita ternura) Mas eu ainda tenho você e
Dália — Selminha, amanhã vou-me embora!
Selminha — Você?
Dália — Não fico mais aqui.
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p. 30-32. Adaptado.)
Em alguns momentos do Texto 8, como em “tive a sensação, te juro! de que...” e em “saiu imediatamente e...” , há cortes sintáticos nas sentenças.
Sobre esses cortes, é correto afirmar que eles:
Questão 6 46283
UNESP 2013/1Instrução: A questão toma por base um fragmento de uma peça do teatrólogo Guilherme Figueiredo (1915-1997).
A raposa e as uvas
(Casa de Xantós, em Samos. Entradas à D., E., e F. Um gongo. Uma mesa. Cadeiras. Um “clismos*”. Pelo pórtico, ao fundo, vê-se o jardim. Estão em cena Cleia, esposa de Xantós, e Melita, escrava. Melita penteia os cabelos de Cleia.)
MELITA: — (Penteando os cabelos de Cleia.) Então Rodópis contou que Crisipo reuniu os discípulos na praça, apontou para o teu marido e exclamou: “Tens o que não perdeste”. Xantós respondeu: “É certo”. Crisipo continuou: “Não perdeste chifres”. Xantós concordou: “Sim”. Crisipo finalizou: “Tens o que não perdeste; não perdeste chifres, logo os tens”. (Cleia ri.) Todos riram a valer.
CLEIA: — É engenhoso. É o que eles chamam sofisma. Meu marido vai à praça para ser insultado pelos outros filósofos?
MELITA: — Não; Xantós é extraordinariamente inteligente... No meio do riso geral, disse a Crisipo: “Crisipo, tua mulher te engana, e no entanto não tens chifres: o que perdeste foi a vergonha!” E aí os discípulos de Crisipo e os de Xantós atiraram-se uns contra os outros...
CLEIA: — Brigaram? (Assentimento de Melita.) Como é que Rodópis soube disto?
MELITA: — Ela estava na praça.
CLEIA: — Vocês, escravas, sabem mais do que se passa em Samos do que nós, mulheres livres...
MELITA: — As mulheres livres ficam em casa. De certo modo são mais escravas do que nós.
CLEIA: — É verdade. Gostarias de ser livre?
MELITA: — Não, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me consideram. É bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xantós.
CLEIA: — Achas isto um consolo?
MELITA: — Uma honra. Um filósofo, Cleia!
CLEIA: — Eu preferia que ele fosse menos filósofo e mais marido. Para mim os filósofos são pessoas que se encarregam de aumentar o número dos substantivos abstratos.
MELITA: — Xantós inventa muitos?
CLEIA: — Nem ao menos isto. E aí é que está o trágico: é um filósofo que não aumenta o vocabulário das controvérsias. Já terminaste?
MELITA: — Quase. É bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som e a luz que eles têm. Xantós beija os teus cabelos? (Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido.
CLEIA: — Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo...
MELITA: — Não digas isto... Além do mais, Xantós te ama...
CLEIA: — À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as outras escravas, esta casa...
MELITA: — Sempre que viaja te traz presentes.
CLEIA: — Não é o amor que leva os homens a dar presentes às esposas: é a vaidade; ou o remorso.
MELITA: — Xantós é um homem ilustre.
CLEIA: — É o filósofo da propriedade: “Os homens são desiguais: a cada um toca uma dádiva ou um castigo”. É isto democracia grega... É o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: é o direito que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te livre; faço-te escravo. É o direito que todos têm de ouvir Xantós dizer que a injustiça é justa, que o sofrimento é alegria, e que este mundo foi organizado de modo a que ele possa beber bom vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. Já terminaste?
MELITA: — Um pouco mais, e ainda estarás mais bela para o teu filósofo.
CLEIA: — O meu filósofo... Os filósofos são sempre criaturas cheias demais de palavras...
(*) Espécie de cama para recostar-se.
(Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu lá em casa, 1964.)
A leitura deste fragmento da peça A raposa e as uvas revela que a personagem Cleia