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Acesse GrátisQuestões de Português - Leitura e interpretação de textos
Questão 14 7338169
PUC-GO 2022Leia atentamente o texto humorístico, Boateiro, de Stanislaw Ponte Preta:
Diz que era um sujeito tão boateiro que chegava a arrepiar. Onde houvesse um grupinho, ele estava na conversa e, em pouco tempo, estava informando:“Já prenderam o novo Presidente”, “Na Bahia os comunistas estão incendiando as igrejas”, “Mataram agorinha um cardeal”; enfim, essas boatices. O boateiro encheu tanto que um coronel resolveu dar-lhe uma lição. Mandou prender o sujeito e, no quartel, levou-o até um paredão, colocou o pelotão de fuzilamento na frente, vendou-lhe os olhos e berrou:
___ Fogooooo !!!
Ouviu-se aquele barulho de tiros, e o boateiro caiu desmaiado.
Sim, caiu desmaiado, porque o coronel queria apenas dar-lhe um susto. Quando o boateiro acordou na enfermaria do quartel, o coronel falou para ele:
___ Olhe, seu pilantra, isto foi apenas para lhe dar uma lição. Fique espalhando mais boato idiota por aí, que eu lhe mando prender outra vez e aí não vou fuzilar com bala de festim, não.
Daí soltou o cara que saiu meio escaldado pela rua e logo na primeira esquina encontrou uns conhecidos
__ Quais são as novidades? ___ perguntaram os conhecidos.
O boateiro olhou pros lados, tomou ar de cumplicidade e disse baixinho:
___ O nosso exército está completamente sem munição.
(PRETA, Stanislaw Ponte. Boateiro. In: ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 195-196. Adaptado.)
Analise as assertivas a seguir sobre os recursos linguísticos empregados na construção do texto Boateiro:
I - O uso da expressão “Daí” expressa marca da ordem sequencial da narrativa.
II - A expressão “[...] enfim, esses boatos” aponta o sentido de encerramento de uma enumeração.
III - A alternância entre o artigo indefinido e o artigo definido em “uns conhecidos” e “os conhecidos” sinaliza um elo de correferencialidade entre as duas expressões.
IV - A escolha do vocabulário, predominantemente coloquial, compromete a coerência, uma vez que se trata de narração de episódio anedótico.
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens corretos:
Questão 21 6308702
FUVEST 2021LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.
I.
Suave mari magno*
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis. Ocidentais.
*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”).
II.
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
III.
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:
– Que foi? perguntou ele.
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
(...)
– Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
A analogia consiste em um recurso de expressão comumente utilizado para ilustrar um raciocínio por meio da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias.
No texto II, a analogia construída a partir da imagem do chicote pretende sugerir que
Questão 9 6996867
ENEM Digital 1° Dia 2021A volta do marido pródigo
— Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
— Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...]
Lá além, Generoso cotuca Tercino:
— [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega, ainda é todo enfeitado e salamistrão!...
— Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem...
— Hum...
— Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e ainda faço este povo trabalhar...
[...]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé. Pragueja:
— Quem não tem brio engorda!
— É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... — opina Sidu.
— Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo... — diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. — “P’ra uns, as vacas morrem ... p’ra outros até boi pega a parir...”.
Seu Marra já concordou:
— Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu aponto o dia todo. Que é a última vez!... E agora, deixa de conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
Esse texto tem importância singular como patrimônio linguístico para a preservação da cultura nacional devido
Questão 12 1558814
UEMA 2020Verão no Aquário, publicado em 1963, é o segundo romance da escritora paulistana Lygia Fagundes Telles. O romance passa-se na década de 1960 e evidencia dilemas relacionados ao universo feminino, instaurados, principalmente, na relação conflituosa entre mãe e filha.
Leia a passagem a seguir para responder à questão.
Revolvi papéis e livros da minha mesa. Abri gavetas. Por onde andariam meus retratos? [...] Vi um retrato assim do meu pai: um menino débil e louro na sua roupa de marinheiro, a mão direita pousada na mesinha com uma toalha de franja e um vaso de flores em cima, a mão esquerda na cintura, os dedos graciosamente imobilizados pelo fotógrafo, “Vamos, olhe nessa direção!...”. O olhar ainda limpo do rancor pela bem-amada que havia de traí-lo um dia, pela mãe falhando no momento em que não podia falhar, pelo amigo que não era amigo, por Deus que não apareceria para salvá-lo quando ele próprio se erguesse para ferir o próximo assim como foi ferido também. Os ídolos ainda estão inteiros. O menino então sorri e nem o inimigo mais feroz resistirá a esse sorriso de quem se oferece tão sem defesa.
TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
No trecho, a narradora, ao encontrar o retrato de seu pai quando criança, e associando aquela imagem ao homem que se tornou, percebe-o como um sujeito
Questão 59 3652234
UERJ 2020/2Esboçamos as preocupações fundamentais que a nossa peça procura refletir. A primeira e mais importante de todas se refere a uma face da sociedade brasileira que ganhou relevo nos últimos anos: a experiência capitalista que se vem implantando aqui − radical, violentamente predatória, impiedosamente seletiva − adquiriu um trágico dinamismo. O santo que produziu o milagre é conhecido por todas as pessoas de boa-fé e bom nível de informação: a brutal concentração da riqueza elevou a capacidade de consumo de bens duráveis de uma parte da população, enquanto a maioria ficou no ora veja. [Adaptado da apresentação.]
CREONTE:
(...)
O trem atrasa o quê? Nem meia hora
E o cara quebra tudo... Acha que é certo,
Jasão?...
JASÃO:
Não discuto quebrar... Agora,
quem às três da manhã tá de olho aberto,
se espreme pra chegar no emprego às sete,
lá passa o dia todo, volta às onze
da noite pra acordar a canivete
de novo às três, tinha que ser de bronze
para fazer isso sempre, todo dia,
levando na marmita arroz, feijão
e humilhação...
(...)
CREONTE:
Sociologia, Jasão...
JASÃO:
Não...
(...)
O cara já tá por aqui. Tá perto
de explodir, um trem que atrasa, ele mata,
quebra mesmo, é a gota d`água...
BUARQUE, C.; PONTES, P. Gota d’agua: uma tragédia brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
Encenada pela primeira vez em 1975, a premiada peça de teatro Gota d`água foi reapresentada diversas vezes. No momento em que foi escrita, como indicam seus autores, a peça buscou explicitar questionamentos sobre mudanças que afetaram a sociedade brasileira durante os governos militares.
Tendo como base o diálogo citado acima, entre os personagens Creonte e Jasão, um dos efeitos dessas mudanças na experiência capitalista do Brasil da época foi a:
Questão 12 5835253
INSPER ENG 2020/1Leia o texto para responder à questão.
Na quinta-feira, os três [Jorge, Sebastião e Julião], que se tinham encontrado na casa Havanesa, eram introduzidos por uma rapariguita vesga, suja como um esfregão, na sala do Conselheiro. Um vasto canapé1 de damasco amarelo ocupava a parede do fundo, tendo aos pés um tapete onde um chileno roxo caçava ao laço um búfalo cor de chocolate; por cima uma pintura tratada a tons cor de carne, e cheia de corpos nus cobertos de capacetes, representava o valente Aquiles arrastando Heitor em torno dos muros de Troia. Um piano de cauda, mudo e triste sob a sua capa de baeta2 verde, enchia o intervalo das duas janelas. Sobre uma mesa de jogo, entre dois castiçais de prata, uma galguinha3 de vidro transparente galopava; e o objeto em que se sentia mais o calor do uso era uma caixa de música de dezoito peças!
(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)
1canapé: espécie de sofá com encosto e braços.
2baeta: tecido de lã ou algodão, de textura felpuda, com pelo em ambas as faces.
3galguinha: referente à raça de cães altos, esguios e de pelagem curta.
As descrições nas passagens “suja como um esfregão” e “o objeto em que se sentia mais o calor do uso” indicam, respectivamente, que: