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Acesse GrátisQuestões de Português - Interdisciplinaridade
Questão 18 6636954
UFGD 2022O conceito de meme data da década de 1970, tendo sido empregado primeiramente de forma despretensiosa por Richard Dawkins em seu livro O Gene Egoísta. Após algumas décadas, o meme se tornou um fenômeno típico da Internet, popularizando-se por meio de coleções de textos, imagens, comportamentos, desafios ou memórias.
Sobre memes e sua interpretação nas relações sociais, é correto afirmar que
Questão 206 6760779
UECE 2ª Fase 1° Dia 2022Texto
O MEDO DO SILÊNCIO E O VÍCIO DA INFORMAÇÃO DESENFREADA
Julián Fuks
Não sou o único, suspeito que seja
um entre milhares, um entre milhões, a
ocupar de palavras cada instante vago, a
fugir do silêncio, do vazio, do marasmo.
[05] Faço isso contra mim mesmo, obedeço ao
meu vício, me saturo, me embriago de
linguagem. Entro no elevador e já apalpo o
bolso à procura do celular, para que me
acompanhe por um minuto até que a porta
[10] se abra. Se a notícia é forte, se a conversa
é enfática, caminho pela rua dividindo o
olhar entre a tela e a calçada, e espero na
fila do mercado absorvido em comentários
erráticos de pessoas que conheço mal.
[15] Durante todo o trajeto, perdi rostos,
pensamentos, paisagem, fui uma ausência
entre ausências no mundo que reputo real.
A princípio a novidade me pareceu
um disparate: poderíamos agora acelerar o
[20] som dos programas que ouvimos, dos
áudios que recebemos. Quem teria tanta
pressa, cheguei a me perguntar, quem
aceitaria deturpar as vozes dos amigos,
fazer de suas vagarezas habituais um
[25] discurso impaciente, ansioso, seco?
Brinquei com as minhas filhas de acelerar
as nossas vozes, de falar tão rápido quanto
podíamos e em seguida ouvir nossas
asperezas, nossos atropelos. E então a
[30] graça foi se perdendo pelos dias em sua
presteza, o que era insólito se fez ordinário,
e passei a ouvir quase tudo apressado, com
um módico incremento de ritmo e de raiva.
Adensei de informações a minha existência,
[35] reduzi ao mínimo meu silêncio, meu tédio,
minha inteligência.
Meu vício é por notícias, por
análises, por debates, meu vício é por
imagens improváveis, meu vício é por
[40]comentários jocosos, piadas de
circunstância, risos fáceis. Nunca estive tão
abastecido de produtos que possam saciar
essa ânsia, nunca dispus de uma
comunicação tão irrefreável, e ainda assim
[45] não me sacio. Dormir é calar a profusão de
palavras, acordar é voltar a aceitá-la.
Guardo consciência de que tudo isso não
está me preenchendo de nada, de que
estou me esvaziando, estou hipertrofiado de
[50] informações, atrofiado de interioridade. Há
dias em que me escuto muito mal, quase
não me escuto com tanto ruído que me
invade.
Pouca paciência me resta para o
[55] cinema que antes me encantava. Vejo um
homem cruzando um deserto, atravessando
uma praça, seguindo pelo corredor de um
hotel, e anseio para que apresse o passo,
para que enfim a cena comece, para que se
dê o diálogo. É como se quisesse optar, nos
[60] mesmos filmes que admirava, nos filmes
que ainda admiro, por uma nova
velocidade, uma que não me obrigue à
assimilação lenta de cada detalhe. Não é
[65] um desejo harmônico, não é nada unânime
entre os muitos que sou. Sou impaciente
com a minha própria impaciência, luto
contra mim para recuperar a tranquilidade,
para voltar a ser um sujeito de pálpebras
[70] baixas disposto à divagação e à
contemplação desarmada.
Penso no tempo em que a
incomunicação ditava o sentido do cinema,
da literatura, das artes. Víamos
[75] contundência e beleza no marasmo, víamos
um homem em estado de solidão e
pensávamos capturar seu desamparo, seu
desconsolo, sua profundidade. Hoje a dor
desse homem se converteu num tédio que
[80] já não suportamos. Samuel Beckett virou
tema para estudiosos, suas esperas falam
pouco aos ouvidos ansiosos, a
incomunicação não nos comunica mais
nada. O autor que quiser dar conta deste
[85] tempo atordoante terá que abrir espaço aos
excessos da comunicação, fazer reverberar
em sua obra essas vozes que nunca calam,
nunca cansam de falar, em ritmo agora
turbinado.
[90] E, no entanto, o que procuro na
literatura é o contrário, é nela que me
abrigo do ruído, com suas palavras
reinstauro o silêncio necessário. No
intervalo entre dois versos, entre duas
[95] linhas de um romance bom, me desvio para
os meus próprios pensamentos e é como se
os reencontrasse, à minha espera, calmos,
imperturbáveis. Geralmente, querem me
falar sobre coisas muito diferentes dessa
[100] existência vertiginosa, seu tempo não é o
presente, outro é seu horizonte, outra sua
cadência. Quando o pensamento se
emancipa do vício, o passado é vasto, o
futuro é franco, o mundo não se limita a
[105] esse caos rumoroso que nos consome e nos
debilita.
O último pensamento me conduziu a
uma nostalgia: nostalgia do silêncio, da
conversa ineficiente, do encontro vadio. Dos
[110] amigos que pouco vejo neste mundo de
atropelos, das vozes queridas que acelerei
para meu desprazer. De vocês, não quero
mais a informação certeira, não quero a
eficácia comunicativa. Quero voltar a ouvir
[115]suas pausas, suas hesitações, seus
descaminhos, quero voltar a adivinhar o
rumo de seus juízos. Preciso de vocês para
combater o meu vício, para me munir de
palavras ociosas e indolentes. Aguardo
[120] áudios que me adormeçam, que me
despertem.
Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julianfuks/2021/08/21/o-medo-do-silencio-e-o-vicio-dainformacao-desenfreada.htm. Acesso em 01 de setembro de 2021.
Atente para o termo destacado no seguinte trecho: “No intervalo entre dois versos, entre duas linhas de um romance bom, me desvio para os meus próprios pensamentos e é como se os reencontrasse, à minha espera, calmos, imperturbáveis”. (linhas 93-98)
O referente do pronome “os”, no trecho acima, é
Questão 3 7109052
UEMA 2022O (não) lugar do “pardo”
Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?
Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.
Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]
Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.
Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]
https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo
A fluidez do texto é perceptível e garante ao leitor interesse por sua leitura pelo fato de serem inseridas expressões coloquiais, descontraídas, gerando atração muito mais pelo conteúdo do que pela forma.
Essa assertiva é comprovada no seguinte exemplo:
Questão 6 7345525
UPE 1º Fase 1º Dia SSA 2022Texto
A arquitetura neoclássica é um estilo arquitetônico que promoveu, entre os séculos XVIII e XIX, um retorno às formas da cultura greco-romana da Antiguidade. O neoclassicismo, que englobou também a literatura, a escultura e a pintura, buscava fazer uma oposição ao barroco e ao rococó, movimentos que privilegiavam o rebuscamento e a complexidade. Para os arquitetos da época, era o momento de trazer de volta as características das arquiteturas grega e romana, adequando-as à Idade Moderna.
O neoclassicismo coincide com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789 e com a Revolução Industrial, trazendo mudanças que tiveram como pano de fundo o Iluminismo, movimento intelectual e filosófico que ficou conhecido como “século das luzes”. Com os pensadores iluministas, o interesse pelas obras do passado foi reacendido. [...]
O Brasil possui alguns teatros-monumento que nos mostram o quanto o período entre o século XIX e início do século XX foi importante para o desenvolvimento cultural do país. Eles são prova do quanto a população da época desejava se parecer com a Europa, principalmente com a França.
A cidade do Recife possui um teatro dessa época, motivo de muito orgulho para todos os pernambucanos: o Teatro de Santa Isabel. Além de ser um dos mais bonitos teatros do país, foi o primeiro e é até hoje o principal exemplo de arquitetura neoclássica de Pernambuco. Ele também testemunhou boa parte da vida do Recife nesses quase dois séculos de existência.
Durante sua história, o teatro foi usado para outros fins, não somente para apresentações teatrais. Já no seu primeiro ano de funcionamento, em 1850, foi palco de animados bailes de carnaval. Para que isso fosse possível, foi colocada uma grande estrutura de madeira sobre a plateia na altura do palco. A técnica foi repetida durante a visita de D. Pedro II, em 1859. O Teatro de Santa Isabel foi palco também de calorosos embates literários. Curiosamente, alguns dos mais famosos ocorreram entre Castro Alves e Tobias Barreto, na década de 1860, em defesa das atrizes Eugênia Câmara e Adelaide Amaral. Dizem que eles eram grandes amigos até se envolverem com as duas. Daí em diante viraram inimigos. [...]
Imagens e excertos coletados de: https://laart.art.br/blog/arquitetura-neoclassica e https://www.borapralacomigo.com.br/2015/10/teatro-desanta-isabel-recife.html. Acesso em 16 ago. 2021. Adaptados.
O leitor deve compreender que o autor do Texto não se compromete com a certeza da informação no seguinte trecho:
Questão 12 7573703
Unioeste Manhã 2022O MACHISMO BRASILEIRO E A DOMINAÇÃO DO MAL
A lógica da dominação masculina silencia e mata mulheres e homens
Uma aluna me interrompeu bruscamente quando eu estava dando uma aula para uma turma de psicologia sobre o livro “A dominação masculina”, de Pierre Bourdieu. “Você está comparando o sofrimento das mulheres com o dos homens?” Respondi que, para o sociólogo francês, a lógica da dominação masculina, além de oprimir, aprisionar e escravizar as mulheres, também provoca sofrimento nos homens que não conseguem corresponder ao modelo dominante de ser um “homem de verdade”.
Na lógica da dominação masculina, os homens devem ser sempre superiores às mulheres: mais velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados etc. Essa lógica tem como efeito colocar as mulheres em um permanente estado de insegurança, inferioridade e dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
No entanto, essa lógica aprisiona as mulheres e também os homens, já que eles precisam fazer um esforço desesperado e patético, segundo Bourdieu, para estar à altura do ideal de masculinidade: força física, altura, sucesso, poder, prestígio, dinheiro, potência, virilidade, tamanho do pênis etc.
A aluna reagiu agressivamente: “Mas os homens não precisam ser defendidos pelas mulheres. Eles são os agressores, os inimigos, não as vítimas. Todos os homens são culpados ou cúmplices da violência que as mulheres sofrem”.
Tentei argumentar mostrando que os discursos sobre masculinidade podem ter mudado, mas que muitos comportamentos e valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente, reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina, inclusive pelas próprias mulheres.
“Ninguém está defendendo os machistas, só estamos refletindo sobre como a lógica da dominação masculina aprisiona mulheres e homens. Não estamos diminuindo o sofrimento feminino, mas apenas mostrando que os homens também sofrem. E sofrem calados.”
Dei então alguns exemplos das minhas pesquisas. Quando perguntei: “O que todo homem é?”, as respostas mais citadas foram: machista, galinha e infiel. Para “O que toda mulher é?”, a maioria respondeu: maternal, sensível e romântica.
Quando perguntei: “Você chora muito ou pouco?”, 52% das mulheres responderam que choram muito, 46% choram pouco e 2% nunca choram. Já os homens disseram que choram pouco (58%) ou nunca (37%). Apenas 5% choram muito. Perguntei: “Quem chora mais: o homem ou a mulher?”: 95% concordaram que a mulher chora mais e 5% que homens e mulheres choram igual.
Muitos homens cresceram ouvindo: “Homem não chora”; “Homem que chora é mulherzinha”; “Engole o choro, seja um homem de verdade”; “Chorar é frescura, coisa de maricas”. Alguns choram escondido, dentro do banheiro, pois não querem revelar seus medos, fraquezas e inseguranças para a esposa, namorada, filhos, pais e amigos. Outros confessaram que só choram quando estão bêbados, como um estudante de 18 anos: “Quando minha namorada terminou comigo entrei em depressão, passei a beber muito, tomar muito remédio. Muitas vezes me escondi para chorar no banheiro do bar para meus amigos não zombarem de mim.”
Mostrei pesquisas sobre o número de homens que morrem de infartos, suicídios, violência urbana. E outras sobre aposentados que se tornaram alcoólatras por se sentirem inúteis, invisíveis e descartáveis. Apresentei os resultados de pesquisas sobre jovens que têm vergonha do tamanho do pênis e que tomam Viagra por medo de brochar. A aluna gritou: “todos os homens são machistas”.
A turma tinha 100 alunos: 75 mulheres e 25 homens. Por que ninguém mais disse o que pensava? Por que todos ficaram calados?
Muitos alunos e alunas vieram conversar comigo depois da aula. “Professora, o discurso odiento e raivoso silencia as vozes de todos, não importa o assunto, pode ser machismo ou outro qualquer. Ela não quer ouvir ninguém, só quer vomitar seu ódio. Vivemos em uma época em que mesmo que 99% pensem diferente, o mal e o ódio venceram, estão no poder. Não existe a banalização do mal? Agora é a era da dominação do mal.”
Mirian Goldenberg, Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/04/o-machismo-brasileiro-e-a-dominacao-do-mal.shtml
Os trechos “Muitos homens cresceram ouvindo: ‘Homem não chora’; ‘Homem que chora é mulherzinha’; ‘Engole o choro, seja um homem de verdade’; ‘Chorar é frescura, coisa de maricas’” servem como:
Questão 44 7592418
FATEC 2022/2Leia os quadrinhos.
Os quadrinhos apresentados abordam uma temática relevante para a sociedade utilizando linguagem coloquial.
Analisando-se as informações verbais e não verbais utilizadas na construção da tirinha, afirma-se corretamente que o humor decorre