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Acesse GrátisQuestões de Português - Análise e reflexão sobre a língua e a linguagem
Questão 37 8345557
FUVEST 2023Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro
Belchior. “Sujeito de sorte”.
Leia as seguintes afirmações a respeito da letra da música:
I - Os adjuntos adverbiais temporais remetem a um contraste entre passado e presente, o que reforça o caráter metafórico do texto.
II - A locução “apesar de” contribui para a expressão de um sentimento inesperado em relação ao sentido de “muito moço”.
III – As formas verbais “morri” e “morro”, embora se refiram a momentos distintos, apresentam sentido denotativo.
Está correto o que se afirma em:
Questão 6 8484553
UNICAMP 1° Fase 2023Você provavelmente já encontrou pelas redes sociais o famigerado #sqn, aquele jeito telegráfico de dizer que tal coisa é muito legal, “só que não”. Agora, imagine uma língua diferente do português que tenha incorporado um conceito parecido na própria estrutura das palavras, criando o que foi apelidado de “sufixo frustrativo”. Bom, é assim no kotiria, um idioma da família linguística tukano falado por indígenas do Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com a Colômbia. Para exprimir a função “frustrativa”, o kotiria usa um sufixo com a forma -ma. Você quer dizer que foi até um lugar sem conseguir o que queria indo até lá? Basta pegar o verbo ir, que é wa’a em kotiria, e acrescentar o sufixo: wa’ama, “ir em vão”.
(Adaptado de: LOPES, R. J. L. A sofisticação das línguas indígenas. Superinteressante, 18/11/2021.)
O excerto, retirado de uma revista de jornalismo científico, exemplifica um processo de formação de palavras na língua indígena kotiria e o compara com o uso da hashtag #sqn.
É correto afirmar que essa comparação
Questão 7 6431514
UEA - SIS 1° Etapa 2022Para responder a questão, leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, proferido em 1655.
E para que um discurso tão importante e tão grave vá assentado sobre fundamentos sólidos e irrefragáveis¹, suponho primeiramente que sem restituição do alheio não pode haver salvação. [...] Quer dizer: se o alheio que se tomou ou retém, se pode restituir e não se restitui, a penitência deste e dos outros pecados não é verdadeira penitência, senão simulada e fingida, porque se não perdoa o pecado sem se restituir o roubado, quando quem o roubou tem possibilidade de o restituir. Esta única exceção da regra foi a felicidade do bom ladrão, e esta a razão por que ele se salvou, e também o mau se pudera salvar sem restituírem. Como ambos saíram do naufrágio desta vida despidos, e pegados a um pau, só esta sua extrema pobreza os podia absolver dos latrocínios que tinham cometido, porque impossibilitados à restituição ficavam desobrigados dela. Porém se o bom ladrão tivera bens com que restituir, ou em todo, ou em parte o que roubou, toda a sua fé e toda a sua penitência tão celebrada dos santos, não bastara a o salvar, se não restituísse. Duas coisas lhe faltavam a este venturoso homem para se salvar: uma como ladrão que tinha sido, outra como cristão que começava a ser. Como ladrão que tinha sido, faltava-lhe com que restituir: como cristão que começava a ser, faltava-lhe o batismo, mas assim como o sangue que derramou na cruz, lhe supriu o batismo, assim a sua desnudez, e a sua impossibilidade lhe supriu a restituição, e por isso se salvou. Vejam agora, de caminho, os que roubaram na vida; e nem na vida, nem na morte restituíram, antes na morte testaram de muitos bens, e deixaram grossas heranças a seus sucessores; vejam aonde irão ou terão ido suas almas, e se se podiam salvar.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
O orador dirige-se diretamente a seus ouvintes no seguinte trecho:
Questão 9 6710985
UNIFIMES 2022Leia o texto de Jaime Pinsky para responder a questão.
Um presente do Nilo
Heródoto, historiador grego que viveu no século V, tem uma célebre frase em que afirma ser o Egito uma dádiva, um presente do Nilo. A frase atravessou séculos e é repetida acriticamente por todos os manuais de história que falam do Egito. Fica, para muitos, a impressão que Heródoto efetivamente quis passar, ou seja, que mais importante do que a ação do homem, é o dom da natureza. Etnocêntricos e pretensiosos, os gregos tinham um despeito enorme do Egito, sabidamente já uma grande civilização, quando eles mesmos ainda viviam em aldeias isoladas. Considerando-se superiores, não podiam aceitar esse fato a não ser atribuindo-o a razões sobrenaturais ou, simplesmente, a razões geográficas.
Que os gregos subestimassem os egípcios é, pois, compreensível. O que não é aceitável, contudo, é a repetição do mesmo preconceito, livro após livro. Na verdade, não há um milagre egípcio, ele tem bases muito concretas. O rio, em si, oferece condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos camponeses egípcios — os felás —, organizados por um poder central, no período faraônico. Trabalho e organização foram, pois, os ingredientes principais da civilização egípcia. O rio, em si, como pode ser visto em ilustrações, ao mesmo tempo que fertilizava, inundava. A cheia atingia de modo violento as regiões mais ribeirinhas e parcamente as mais distantes. Era necessário organizar a distribuição da água de forma mais ampla, para se poderem evitar alagados ou pântanos em algumas áreas e terrenos secos em outras. A solução foi o trabalho coletivo e solidário, intenso e organizado.
(As primeiras civilizações, 1994. Adaptado.)
Na última oração do texto, a palavra “solidário” deve ser entendida como:
Questão 28 6982572
FUVEST 2022TEXTO PARA A QUESTÃO.
A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que poderia servir de definição dela própria. A história da humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a partir da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era — depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no escrito. A lei escrita substitui a lei oral, o contrato escrito substitui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à tradição lendária. E sobretudo não existe história que não se funde sobre textos.
Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.
A escrita poderia servir de definição da nossa civilização, uma vez que
Questão 14 7338169
PUC-GO 2022Leia atentamente o texto humorístico, Boateiro, de Stanislaw Ponte Preta:
Diz que era um sujeito tão boateiro que chegava a arrepiar. Onde houvesse um grupinho, ele estava na conversa e, em pouco tempo, estava informando:“Já prenderam o novo Presidente”, “Na Bahia os comunistas estão incendiando as igrejas”, “Mataram agorinha um cardeal”; enfim, essas boatices. O boateiro encheu tanto que um coronel resolveu dar-lhe uma lição. Mandou prender o sujeito e, no quartel, levou-o até um paredão, colocou o pelotão de fuzilamento na frente, vendou-lhe os olhos e berrou:
___ Fogooooo !!!
Ouviu-se aquele barulho de tiros, e o boateiro caiu desmaiado.
Sim, caiu desmaiado, porque o coronel queria apenas dar-lhe um susto. Quando o boateiro acordou na enfermaria do quartel, o coronel falou para ele:
___ Olhe, seu pilantra, isto foi apenas para lhe dar uma lição. Fique espalhando mais boato idiota por aí, que eu lhe mando prender outra vez e aí não vou fuzilar com bala de festim, não.
Daí soltou o cara que saiu meio escaldado pela rua e logo na primeira esquina encontrou uns conhecidos
__ Quais são as novidades? ___ perguntaram os conhecidos.
O boateiro olhou pros lados, tomou ar de cumplicidade e disse baixinho:
___ O nosso exército está completamente sem munição.
(PRETA, Stanislaw Ponte. Boateiro. In: ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 195-196. Adaptado.)
Analise as assertivas a seguir sobre os recursos linguísticos empregados na construção do texto Boateiro:
I - O uso da expressão “Daí” expressa marca da ordem sequencial da narrativa.
II - A expressão “[...] enfim, esses boatos” aponta o sentido de encerramento de uma enumeração.
III - A alternância entre o artigo indefinido e o artigo definido em “uns conhecidos” e “os conhecidos” sinaliza um elo de correferencialidade entre as duas expressões.
IV - A escolha do vocabulário, predominantemente coloquial, compromete a coerência, uma vez que se trata de narração de episódio anedótico.
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens corretos: