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30 Questões
Questão 8 7573661
Unioeste Manhã 2022O MACHISMO BRASILEIRO E A DOMINAÇÃO DO MAL
A lógica da dominação masculina silencia e mata mulheres e homens
Uma aluna me interrompeu bruscamente quando eu estava dando uma aula para uma turma de psicologia sobre o livro “A dominação masculina”, de Pierre Bourdieu. “Você está comparando o sofrimento das mulheres com o dos homens?” Respondi que, para o sociólogo francês, a lógica da dominação masculina, além de oprimir, aprisionar e escravizar as mulheres, também provoca sofrimento nos homens que não conseguem corresponder ao modelo dominante de ser um “homem de verdade”.
Na lógica da dominação masculina, os homens devem ser sempre superiores às mulheres: mais velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados etc. Essa lógica tem como efeito colocar as mulheres em um permanente estado de insegurança, inferioridade e dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
No entanto, essa lógica aprisiona as mulheres e também os homens, já que eles precisam fazer um esforço desesperado e patético, segundo Bourdieu, para estar à altura do ideal de masculinidade: força física, altura, sucesso, poder, prestígio, dinheiro, potência, virilidade, tamanho do pênis etc.
A aluna reagiu agressivamente: “Mas os homens não precisam ser defendidos pelas mulheres. Eles são os agressores, os inimigos, não as vítimas. Todos os homens são culpados ou cúmplices da violência que as mulheres sofrem”.
Tentei argumentar mostrando que os discursos sobre masculinidade podem ter mudado, mas que muitos comportamentos e valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente, reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina, inclusive pelas próprias mulheres.
“Ninguém está defendendo os machistas, só estamos refletindo sobre como a lógica da dominação masculina aprisiona mulheres e homens. Não estamos diminuindo o sofrimento feminino, mas apenas mostrando que os homens também sofrem. E sofrem calados.”
Dei então alguns exemplos das minhas pesquisas. Quando perguntei: “O que todo homem é?”, as respostas mais citadas foram: machista, galinha e infiel. Para “O que toda mulher é?”, a maioria respondeu: maternal, sensível e romântica.
Quando perguntei: “Você chora muito ou pouco?”, 52% das mulheres responderam que choram muito, 46% choram pouco e 2% nunca choram. Já os homens disseram que choram pouco (58%) ou nunca (37%). Apenas 5% choram muito. Perguntei: “Quem chora mais: o homem ou a mulher?”: 95% concordaram que a mulher chora mais e 5% que homens e mulheres choram igual.
Muitos homens cresceram ouvindo: “Homem não chora”; “Homem que chora é mulherzinha”; “Engole o choro, seja um homem de verdade”; “Chorar é frescura, coisa de maricas”. Alguns choram escondido, dentro do banheiro, pois não querem revelar seus medos, fraquezas e inseguranças para a esposa, namorada, filhos, pais e amigos. Outros confessaram que só choram quando estão bêbados, como um estudante de 18 anos: “Quando minha namorada terminou comigo entrei em depressão, passei a beber muito, tomar muito remédio. Muitas vezes me escondi para chorar no banheiro do bar para meus amigos não zombarem de mim.”
Mostrei pesquisas sobre o número de homens que morrem de infartos, suicídios, violência urbana. E outras sobre aposentados que se tornaram alcoólatras por se sentirem inúteis, invisíveis e descartáveis. Apresentei os resultados de pesquisas sobre jovens que têm vergonha do tamanho do pênis e que tomam Viagra por medo de brochar. A aluna gritou: “todos os homens são machistas”.
A turma tinha 100 alunos: 75 mulheres e 25 homens. Por que ninguém mais disse o que pensava? Por que todos ficaram calados?
Muitos alunos e alunas vieram conversar comigo depois da aula. “Professora, o discurso odiento e raivoso silencia as vozes de todos, não importa o assunto, pode ser machismo ou outro qualquer. Ela não quer ouvir ninguém, só quer vomitar seu ódio. Vivemos em uma época em que mesmo que 99% pensem diferente, o mal e o ódio venceram, estão no poder. Não existe a banalização do mal? Agora é a era da dominação do mal.”
Mirian Goldenberg, Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/04/o-machismo-brasileiro-e-a-dominacao-do-mal.shtml
Em relação à lógica da dominação masculina, assinale a alternativa INCORRETA.
Questão 4 7347641
UPE 3ª Fase 1º Dia SSA 2022Texto
Não é só efeito da pandemia: por que 19 milhões de brasileiros passam fome
Está na Constituição: alimentação é um direito social do brasileiro. Essa previsão, que pode parecer óbvia à primeira vista, foi incluída pelo Congresso Nacional em 2010. E de óbvia não tem nada. De lá para cá, ao mesmo tempo em que exportações do agronegócio brasileiro ganharam força, o direito à alimentação tem sido realidade para menos brasileiros.
A partir de 2020, o aumento da fome no Brasil foi impactado pela pandemia, como em outros países. Mas não é só o efeito da Covid que explica a piora no nível de segurança alimentar dos brasileiros, que já vinha piorando antes do Coronavírus. O alastramento da fome no Brasil é reflexo também do fim ou esvaziamento de programas voltados para estimular a agricultura familiar e combater a fome, além de defasagem na cobertura e nos valores do Bolsa Família, segundo especialistas em segurança alimentar, políticas públicas e desigualdade ouvidos pela BBC News Brasil.
São 19 milhões de brasileiros em situação de fome no Brasil, segundo dados de 2020 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). A comparação com 2018 (10,3 milhões) revela que são 9 milhões de pessoas a mais nessa condição. Olhando dados mais antigos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível ver que em 2013 o Brasil teve o melhor nível de segurança alimentar da série histórica (Pnad), com mais de 77% dos domicílios nessa condição. Em 2014, o Brasil, inclusive, deixou o chamado Mapa da Fome da ONU.
Cerca de quatro anos depois, no entanto, a Pesquisa de Orçamento Familiar (2017/2018) do IBGE mostrou que a situação de segurança alimentar era vivenciada por apenas 63,3% dos domicílios pesquisados. Nesse intervalo, houve aumento na quantidade de domicílios em todos os níveis de insegurança alimentar — leve (preocupação com quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis), moderada (restrição quantitativa de alimento) e grave (identificada como fome).
"A fome é consequência de uma série de erros de políticas públicas e de destruição de políticas públicas", diz Kiko Afonso, diretor executivo da ONG Ação da Cidadania, fundada por Betinho. A socióloga Letícia Bartholo afirma que "a desestruturação das políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis foi agravada com a pandemia, mas ela ocorre desde antes". Antes e além da pandemia, quais fatores levaram o Brasil, segundo maior exportador de alimentos do mundo, a ver crescer a quantidade de famílias em situação de fome?
Parte da explicação está na cobertura e nos valores do maior programa de transferência de renda, o Bolsa Família, segundo a socióloga Letícia Bartholo, que estuda políticas públicas de combate à pobreza e à desigualdade e foi secretária nacional adjunta de renda e cidadania (2012-2016). O primeiro problema, diz ela, é a defasagem da chamada linha de pobreza (ou seja, o corte que define quais famílias têm direito ao benefício). Hoje têm direito ao benefício famílias com renda familiar per capita de até R$ 178. No começo do programa, esse valor era de R$ 100. Se estivesse atualizado, segundo os cálculos de Bartholo, o valor deveria estar hoje em torno de R$ 250. "Essa desatualização é preocupante porque cria duas filas no Bolsa Família: já temos um problema da fila por falta de orçamento, das famílias que cumprem os critérios e não são atendidas, e aí tem uma outra fila — de pessoas que são pobres, passam fome, mas não são consideradas pobres administrativamente", explica.
Bartholo diz que parte dessas famílias contam com o auxílio criado durante a pandemia, mas lembra que 400 mil famílias que estão na fila de espera do Bolsa Família também não recebem o auxílio emergencial, como mostrou reportagem da Folha de S. Paulo. "A desatualização da linha de pobreza do programa cria um achatamento fictício da pobreza. O número de pobres, na realidade, é muito maior do que o número de pobres considerados do ponto de vista administrativo", diz Bartholo.
Outro ponto – que vem sendo discutido em Brasília – é a falta de reajuste nos valores do benefício, que varia em função da renda, do número de pessoas na família e idade delas. O governo disse que pretende ampliar de R$ 190 para R$ 250 o valor médio pago a beneficiários do Bolsa Família. Outros valores, inclusive mais altos, já foram levantados, mas o governo ainda não apresentou uma proposta. O Ministério da Cidadania disse à reportagem que trabalha na reformulação do programa (...), que "tem alcançado os mais vulneráveis" (...).
O auxílio emergencial, benefício criado durante a pandemia, tem sido reconhecido como importante ferramenta para combater fome e pobreza (ainda que insuficiente). No entanto, Bartholo lembra que ele terá um fim e que é necessário, finalmente, desenhar esta transição. "O auxílio vai findar. A gente não pode mais empurrar o problema com a barriga. Desde o ano passado estamos pensando: e quando o auxílio acabar? Vamos continuar tendo fila no Bolsa Família? Vamos continuar com linhas de pobreza absolutamente defasadas? O auxílio é emergencial, portanto não corrige falhas estruturais das políticas públicas", diz Bartholo.
Laís Alegretti. Texto postado em: 28/06/2021. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4934228-nao-e-so-efeitoda-pandemia-por-que-19-milhoes-de-brasileiros-passam-fome.html. Acesso em: 03 jul. 2021. Adaptado.
Qual é a resposta que encontramos ao longo do Texto para a pergunta indireta feita no título?
Questão 45 6325556
CESMAC Medicina 1° Dia 2022/1Sociologia como ciência, pode definir-se como:
Questão 50 7818948
ENEM PPL 1° Dia 2021TEXTO I
Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole.
LAFARGUE, P. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec, 2000.
TEXTO II
Vivemos numa época em que as pessoas são tão trabalhadoras que ficam estúpidas.
WILDE, O. apud MASI, D. O futuro do trabalho. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: UnB, 1999.
De acordo com os textos, a reflexão sobre o mundo do trabalho no século XIX aponta para o conceito sociológico de
Questão 48 5235584
CESMAC 1° Dia 2021/1Quando uma coletividade, submetida à mesma autoridade civil e normas, se organiza, conscientemente, na busca dos mesmos interesses e valores, é o que, em Sociologia, se denomina por:
Questão 47 5235582
CESMAC 1° Dia 2021/1O estudo da Sociologia, como ciência, nas instituições de ensino superior, é importante porque
Pastas
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