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Acesse GrátisQuestões de Sociologia - Trabalho e Estratificação Social
Questão 48 9509817
UnB - PAS 2020/2Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói.
(...)
No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta, a escrava abortou.
O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono. Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Não sabia que horas eram. Quaisquer que fossem, urgia correr à Rua da Ajuda, e foi o que ele fez sem querer conhecer as consequências do desastre. Quando lá chegou, viu o farmacêutico sozinho, sem o filho que lhe entregara. Quis esganá-lo. Felizmente, o farmacêutico explicou tudo a tempo; o menino estava lá dentro com a família, e ambos entraram. O pai recebeu o filho com a mesma fúria com que pegara a escrava fujona de há pouco, fúria diversa, naturalmente, fúria de amor. Agradeceu depressa e mal, e saiu às carreiras, não para a Roda dos Enjeitados, mas para a casa de empréstimo com o filho e os cem mil-réis de gratificação. (...) Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas, verdadeiras, abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto.
— Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração.
Machado de Assis. Pai contra mãe.
Considerando esse trecho do conto Pai contra mãe, de Machado de Assis, e o contexto de produção dessa obra, julgue o item seguinte.
Com o avanço do capitalismo, as relações sociais passam a ter características mercantis, o que, no conto apresentado, pode ser identificado no fato de que o suposto humanismo dos donos de escravos era, na verdade, baseado em um senso de propriedade, que desumanizava ainda mais o escravizado.
Questão 23 6488702
PUC-Campinas 2017O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que persiste no Brasil. A sua existência foi assumida pelo governo federal em 1995 e, desde esta data até 2016, mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de escravidão em diferentes atividades econômicas. Considere o gráfico e as afirmações abaixo.
Escravos libertados entre 2003 e 2014 por atividade (em %)
I. De modo geral, o trabalho escravo no Brasil é exercido por homens, migrantes, analfabetos ou semianalfabetos.
II. Muitos dos trabalhadores resgatados da situação análoga à escravidão exercem atividades em áreas rurais distantes do seu local de origem.
III. Devido ao forte controle exercido por órgãos de fiscalização, não foram constatados tipos de trabalho escravo nas áreas urbanas.
IV. A pecuária e a plantação de cana-de-açúcar estão entre as atividades com maior número de trabalhadores resgatados.
Está correto o que se afirma APENAS em
Questão 16 416361
FDV 2016/2Leia com atenção aos textos a seguir:
TEXTO
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.
(Estatuto da Terra - LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4504.htm)
TEXTO:
Atentos aos mínimos detalhes, os fiscais do grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vasculham propriedades rurais em todo o Brasil em busca de trabalhadores na chamada “situação análoga à escravidão”. Na lista dos mais de 240 itens a serem verificados estão o registro dos funcionários, os equipamentos de segurança, o pagamento de salários, as condições dos alojamentos e até o espaço entre as camas, que deve ser de no mínimo um metro. A busca é implacável. Tanto que só neste ano, foram cerca 1.692 autos de infração lavrados, que atingiram inclusive grandes grupos empresariais.
Revista Dinheiro Rural ed. 72 de out. 2010. Juliana Ribeiro – A Sombra da Escravidão no Campo Disponível em: http://dinheirorural.com.br/secao/agroeconomia/a-sombra-daescravidao-no-campo acessado em 01 de maio de 2016.
Sobre o tema abordado e seus conhecimentos acerca do assunto, assinale a alternativa correta:
Questão 52 5941511
FGV-RJ 2021/1Texto para a pergunta.
O NEGACIONISMO NO PODER
Como fazer frente ao ceticismo que atinge a ciência e a política
Até pouco tempo atrás, quando queríamos sustentar uma afirmação sem
argumentar demais, bastava dizer: “É comprovado cientificamente.” Mas essa
tática já não tem mais a mesma eficácia, pois a confiança na ciência está
diminuindo. Vivemos hoje um clima de ceticismo generalizado, uma descrença
[5] nas instituições que favorece a disseminação de negacionismos, encampados
por governos com políticas escancaradamente anticientíficas.
Algumas pesquisas confirmam a crise de confiança que atinge, ao mesmo
tempo, a ciência e a política. O fenômeno da pós-verdade – esse momento que
atravessamos no qual fatos objetivos têm menos influência na opinião pública
[10] do que crenças pessoais – é um sintoma extremo dessa crise. Muita gente não
enxerga que a ciência, assim como a política, existe para beneficiar a
sociedade. E esse desencanto produz um terreno fértil para movimentos
anticiência e teorias da conspiração (além de fomentar extremismos). A pós-
verdade, assim, não designa apenas o uso oportunista da mentira (embora ele
[15] seja frequente). O termo sinaliza, acima de tudo, um ceticismo quanto aos
benefícios das verdades que costumavam compor um repertório comum, o
que explica certo desprezo por evidências factuais usadas na argumentação
científica. Diante disso, contradizer argumentos falsos exibindo fatos reais
pode ter pouca relevância em uma discussão. Evidências e consensos
[20] científicos têm sido facilmente contestados com base em convicções pessoais
ou experiências vividas – como se percebe todos os dias nas redes sociais.
Tatiana Roque, Piauí, No. 161, fevereiro, 2020. Adaptado.
As informações contidas no texto, bem como a maneira como são formuladas, contribuem para confirmar a hipótese de que, no Brasil do século XIX,
Questão 45 1476432
UNESP 2020“Eu tinha muito medo, estava sozinha, não tinha como não trabalhar. Ela não me deixava amamentar meu filho pela manhã, dizia que eu perderia tempo.” (Dora E. A. Calle)
“Quando eu precisava sair da casa, sempre tinha que pedir a chave. E nessa hora a chave sempre sumia.” (Raul G. P. Mendoza)
“A casa onde eu trabalhava tinha outros 14 bolivianos, que, assim como eu, queriam guardar dinheiro e voltar para nosso país. Mas não é bem assim que acontece.” (Alicia V. Balboa)
(Bárbara Forte. “Tecendo sonhos”. https://noticias.bol.uol.com.br, 09.05.2019. Adaptado.)
Esses depoimentos retratam a realidade vivida por imigrantes bolivianos que trabalharam no setor têxtil da capital paulista.
Os depoimentos evidenciam
Questão 59 369083
UNIMONTES 2° Etapa 2017Estatísticas apontam que ainda hoje existe o trabalho escravo em muitas regiões do mundo, como nos Estados Unidos e na Europa. O trabalho escravo, ou a escravidão contemporânea é basicamente uma situação que expõe o trabalhador a uma condição totalmente degradante de trabalho, em que não há dignidade alguma. Relatórios do Ministério do Trabalho do Brasil apontam que empregadores envolvidos nesse tipo de exploração, na maioria das vezes, trabalham com tecnologia de ponta e fornecem commodities para o mercado nacional e internacional, ou seja, fornecem carne bovina, carvão para siderurgia, soja, algodão, milho, etanol. Desse modo, essa escravidão no Brasil existe sob influência direta da economia de mercado e dela depende.
Essas reflexões estão inseridas numa perspectiva que considera a prática de trabalho escravo como, EXCETO