“Nós surgimos, efetivamente, do cruzamento de uns poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. Essa situação não chega a configurar uma democracia racial, como quis Gilberto Freyre e muita gente mais, tamanha é a carga de opressão, preconceito e discriminação antinegro que ela encerra. Não o é também, obviamente, porque a própria expectativa de que o negro desapareça pela mestiçagem é um racismo. [...] O aspecto mais perverso do racismo assimilacionista é que ele dá de si uma imagem de maior sociabilidade, quando de fato, desarma o negro para lutar contra a pobreza que lhe é imposta, e dissimula as condições de terrível violência a que é submetido. [...] Tudo isso demonstra, claramente, que a democracia racial é possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia social. Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia para ninguém”.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p. 225-227.

No que concerne ao tema da democracia racial expressa no fragmento acima, é correto afirmar:

“O racismo avoluma e desfigura o rosto da cultura que o pratica. A literatura, as artes plásticas, as canções para costureirinhas, os provérbios, os hábitos, os patterns, quer se proponham a fazer-lhe o processo ou banalizá-lo, restituem o racismo. O mesmo é dizer que um grupo social, um país, uma civilização, não podem ser racistas inconscientemente. [...] O racismo não é uma descoberta acidental. Não é um elemento oculto. Não se exigem esforços sobre-humanos para o pôr em evidência. O racismo entra pelos olhos adentro precisamente porque se insere num conjunto caracterizado: o da exploração desavergonhada de um grupo de homens sobre outro que chegou a um estágio de desenvolvimento técnico superior. É por isso que, na maioria das vezes, a opressão militar e econômica precede, possibilita e legitima o racismo”.

FANON, Frantz. Racismo e cultura. Brasil: Terra sem Amos, 2022. p. 18-19.

Considerando a descrição apresentada pelo autor sobre a relação entre cultura e racismo, é correto afirmar:

É possível constatar, na vida moderna, a diminuição da interação física entre pessoas nas sociedades que possuem maior acesso à comunicação digital. As pessoas isolam-se em suas residências com o crescente e fácil acesso à Internet e, talvez, aliado ao temor da violência, este isolamento se justifique ou seja melhor explicado; contudo, é preciso comprovar tal afirmação por meio de pesquisas consolidadas. É certo, entretanto, que há benefícios deste mundo digital, como a maior interação entre pessoas de diferentes partes do mundo e de culturas diversas. Esta comunicação significa maior possibilidade de trocas de ideias e de conhecimentos como nunca antes experienciadas na história humana. Porém, existem perspectivas sociológicas que apontam riscos neste novo mundo virtualmente conectado como, por exemplo, a insegurança das interações digitais que possibilitam que se edifiquem e se desmanchem relações humanas com igual e rápida facilidade. E isto é certamente prejudicial para a construção de um mundo social que necessita de relações duradouras para se manter e não de relações que se liquefazem em um simples mexer de dedos em uma tela.

Considerando o exposto, é sociologicamente correto afirmar que

As sociedades contemporâneas constroem uma série de imagens sobre os jovens, atribuem-lhes papéis, tratam de impor-lhes regras e valores e, às vezes, constatam com angústia alguns elementos de desagregação que são associados a esse período da vida. Período que, de fato, promove mudanças e concede elementos de conflito e resistências aos jovens que estão inseridos, inevitavelmente, nos processos de integração e/ou exclusão à sociedade. Porém, uma sociologia da juventude demonstra que esta fase da vida passa por processos variados de construção sociocultural. E cada sociedade constrói olhares diferentes e modos de tratamento diversos aos jovens, que são representados socialmente de acordo com condicionalidades como a classe social, o gênero, a raça-etnia, os estilos e gostos.

Considerando essa compreensão, é correto afirmar que

Uma das características das sociedades modernas hoje é a adoção contínua e ampliada do uso de tecnologias comunicacionais e informacionais na vida cotidiana. Serviços bancários, comércio eletrônico, telessaúde, serviços de transportes e de entregas por aplicativos e as redes sociais são constantes nas interações do dia a dia de milhões de pessoas em países como Brasil e EUA. Porém, ao mesmo tempo que esse avanço é rápido, existe lentidão na absorção crítica e consciente no uso dessas tecnologias, além do surgimento de atuais problemas sociais como os variados tipos de crimes digitais, a precarização dos trabalhadores de aplicativo, o vício no uso de redes sociais e transtornos psicológicos associados, além da propagação, por vezes sem controle, de notícias falsas. É necessário que governos, sociedade civil e grandes empresas operadoras dessas tecnologias se responsabilizem e tomem medidas que possam conscientizar, amenizar e combater esses problemas gerados pelas tecnologias que deveriam servir para o melhoramento da vida em sociedade.

Considerando o enunciado, é correto afirmar que

Texto I

Em meio às discussões sobre racismo, o Google mantinha até esta quarta-feira [24/05/2023] em sua loja de aplicativo um jogo chamado ‘Simulador de Escravidão’. O game simula pessoas negras que podem ser castigadas ao longo das partidas. [...] Nos comentários, algumas pessoas reclamavam de poucas possibilidades de agressão. A produtora do game, Magnus, informou na plataforma que o “jogo foi criado para fins de entretenimento” e que condena a escravidão no mundo real.

Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/05/24/google-tira-do-arjogo-simulador-de-escravidao.ghtml. Acesso em: 10 ago. 2023 (adaptado).

Texto II

Google Play/Divulgação

Considerando os textos I e II, é correto afirmar que, ao