Questões de Arte - História da Arte
Instrução: A questão toma por base duas passagens do livro A linguagem harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava.
Momento Bossa Nova
Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana. Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana,lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas canções. Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica. Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.
(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova. São Paulo: Editora Unesp, 2002.)
A leitura do fragmento como um todo permite concluir que, para o autor,
Sobre o álbum Elis & Tom, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) A função conativa da linguagem, em que o sujeito cancional dirige-se a um tu/você, está presente na maioria das canções do álbum.
( ) A maioria das canções do álbum são sonetos de Vinícius de Moraes musicados por Tom Jobim e interpretados por Elis Regina.
( ) Canções como Águas de março e Chovendo na roseira configuram quadros descritivos do mundo natural.
( ) Todas as canções do álbum tematizam separações amorosas, o que confere tom sombrio ao disco.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Instrução: A questão toma por base duas passagens do livro A linguagem harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava.
Momento Bossa Nova
Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana. Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana,lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas canções. Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica. Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.
(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova. São Paulo: Editora Unesp, 2002.)
Seguindo as lições do fragmento apresentado sobre as características temáticas de cada gênero musical, aponte quais dos quatro seguintes exemplos fazem parte de letras de sambascanções.
I. Não falem dessa mulher perto de mim, / Não falem pra não me lembrar minha dor
(Cabelos brancos, de Marino Pinto e Herivelto Martins.)
II. Doce é sonhar / E pensar que você / Gosta de mim / Como eu de você
(Este seu olhar, de A. C. Jobim.)
III. Eu não seria essa mulher que chora / Eu não teria perdido você
(Castigo, de Dolores Duran.)
IV. Ah! se eu pudesse te mostrar as flores / Que cantam suas cores pra manhã que nasce
(Ah! se eu pudesse, de Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli.)
01 Chega De Saudade (1958) Tom Jobim e Vinicius de Moraes
02 Lobo Bobo (1959) Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli
03 Brigas Nunca Mais (1958) Tom Jobim e Vinicius de Moraes
04 Ho-Ba-La-La (1958) João Gilberto
05 Saudade Fez Um Samba (1959) Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli
06 Maria Ninguém (1959) Carlos Lyra
07 Desafinado (1958) Newton Mendonça e Tom Jobim
08 Rosa Morena (1959) Dorival Caymmi
09 Morena Boca De Ouro (1959) Ary Barroso
10 Bim Bom (1958) João Gilberto
11 Aos Pés Da Cruz (1959) Marino Pinto e Zé da Silva
12 É Luxo Só (1959) Ary Barroso e Luiz Peixoto
Baseando-se na leitura dos registros apresentados acima e nos estudos históricos a eles referentes, é correto afirmar