Questões
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Texto I
A Rede Véia
Luiz Queiroga e Cel. Ludugero
Eu tava com a Felomena
Ela quis se refrescar
O calor tava malvado
Ninguém podia aguentar
[5] Ela disse meu Lundru
Nós vamos se balançar
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Começou a fazer vento com nois dois a palestrar
[10] Filomena ficou beba de tanto se balançar
Eu vi o punho da rede começar a se quebrar
A rede véia comeu foi fogo
Só com nois dois pra lá e pra cá
A rede tava rasgada e eu tive a impressão
[15] Que com tanto balançado nois terminava no chão
Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Disponível em: http://www .luizluagonzaga.mus.br/index.php? option=com content&task=view&id=888ltemid=103 Acessado em: 02 ago 2011.
Texto II
Pescaria
Dorival Caymmi
Ô canoeiro,
bota a rede,
bota a rede no mar
Ô canoeiro,
[5] bota a rede no mar.
Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
[10] Ô canoeiro,
puxa a rede do mar.
Vai ter presente pra Chiquinha
ter presente pra laiá,
canoeiro, puxa a rede do mar.
[15] Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
ô canoeiro,
[20] puxa a rede do mar.
Louvado seja Deus,
Ó meu pai.
Disponível em: http://www.miltonnascimento.com.br/f/obra. Acessado em: 02 ago 2011.
Texto III
A Rede
Lenine e Lula Queiroga
Nenhum aquário é maior do que o mar
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior me causa o efeito
De concha no ouvido
[5] Barulho de mar
Pipoco de onda
Ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede
Mas o sarrabulho me embriaga
[10] Mergulho na onda vaga
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
[15] Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raios que controla a onda cerebral do peixe
Nenhuma rede é maior do que o mar
Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra
Nem quando ela acerta,
[20] Nem quando ela erra
Nem quando ela envolve todo o Planeta
Explode e devolve pro seu olhar
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
Se a rede é maior do que o meu amor
[25] Não tem quem me prove
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Texto IV
Nina
Chico Buarque
Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou
[5] Que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
Nina adora viajar, mas não se atreve
Num pais distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
[10] E no céu o meu destino rapta
O seu
Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
À cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
[15] À roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve
Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de Moscou
[20] Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Os textos I, II, III e IV são letras de canções brasileiras, compostas em diferentes momentos, e apresentam palavras e expressões que remetem, de modo explícito ou sugerido, a alguns dos muitos sentidos da palavra rede.
Assinale a afirmativa correta em relação às possibilidades de interpretação dos fragmentos selecionados.
Texto I
A Rede Véia
Luiz Queiroga e Cel. Ludugero
Eu tava com a Felomena
Ela quis se refrescar
O calor tava malvado
Ninguém podia aguentar
[5] Ela disse meu Lundru
Nós vamos se balançar
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Começou a fazer vento com nois dois a palestrar
[10] Filomena ficou beba de tanto se balançar
Eu vi o punho da rede começar a se quebrar
A rede véia comeu foi fogo
Só com nois dois pra lá e pra cá
A rede tava rasgada e eu tive a impressão
[15] Que com tanto balançado nois terminava no chão
Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Disponível em: http://www .luizluagonzaga.mus.br/index.php? option=com content&task=view&id=888ltemid=103 Acessado em: 02 ago 2011.
Texto II
Pescaria
Dorival Caymmi
Ô canoeiro,
bota a rede,
bota a rede no mar
Ô canoeiro,
[5] bota a rede no mar.
Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
[10] Ô canoeiro,
puxa a rede do mar.
Vai ter presente pra Chiquinha
ter presente pra laiá,
canoeiro, puxa a rede do mar.
[15] Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
ô canoeiro,
[20] puxa a rede do mar.
Louvado seja Deus,
Ó meu pai.
Disponível em: http://www.miltonnascimento.com.br/f/obra. Acessado em: 02 ago 2011.
Texto III
A Rede
Lenine e Lula Queiroga
Nenhum aquário é maior do que o mar
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior me causa o efeito
De concha no ouvido
[5] Barulho de mar
Pipoco de onda
Ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede
Mas o sarrabulho me embriaga
[10] Mergulho na onda vaga
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
[15] Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raios que controla a onda cerebral do peixe
Nenhuma rede é maior do que o mar
Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra
Nem quando ela acerta,
[20] Nem quando ela erra
Nem quando ela envolve todo o Planeta
Explode e devolve pro seu olhar
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
Se a rede é maior do que o meu amor
[25] Não tem quem me prove
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Texto IV
Nina
Chico Buarque
Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou
[5] Que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
Nina adora viajar, mas não se atreve
Num pais distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
[10] E no céu o meu destino rapta
O seu
Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
À cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
[15] À roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve
Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de Moscou
[20] Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Uma língua varia em função de aspectos sociais, localização geográfica e uso de diferentes registros, ligados às situações de comunicação.
Marque a alternativa que analisa corretamente a ocorrência de variação linguística nos textos.
Texto I
A Rede Véia
Luiz Queiroga e Cel. Ludugero
Eu tava com a Felomena
Ela quis se refrescar
O calor tava malvado
Ninguém podia aguentar
[5] Ela disse meu Lundru
Nós vamos se balançar
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Começou a fazer vento com nois dois a palestrar
[10] Filomena ficou beba de tanto se balançar
Eu vi o punho da rede começar a se quebrar
A rede véia comeu foi fogo
Só com nois dois pra lá e pra cá
A rede tava rasgada e eu tive a impressão
[15] Que com tanto balançado nois terminava no chão
Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá
A rede véia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Disponível em: http://www .luizluagonzaga.mus.br/index.php? option=com content&task=view&id=888ltemid=103 Acessado em: 02 ago 2011.
Texto II
Pescaria
Dorival Caymmi
Ô canoeiro,
bota a rede,
bota a rede no mar
Ô canoeiro,
[5] bota a rede no mar.
Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
[10] Ô canoeiro,
puxa a rede do mar.
Vai ter presente pra Chiquinha
ter presente pra laiá,
canoeiro, puxa a rede do mar.
[15] Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
ô canoeiro,
[20] puxa a rede do mar.
Louvado seja Deus,
Ó meu pai.
Disponível em: http://www.miltonnascimento.com.br/f/obra. Acessado em: 02 ago 2011.
Texto III
A Rede
Lenine e Lula Queiroga
Nenhum aquário é maior do que o mar
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior me causa o efeito
De concha no ouvido
[5] Barulho de mar
Pipoco de onda
Ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede
Mas o sarrabulho me embriaga
[10] Mergulho na onda vaga
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
[15] Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raios que controla a onda cerebral do peixe
Nenhuma rede é maior do que o mar
Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra
Nem quando ela acerta,
[20] Nem quando ela erra
Nem quando ela envolve todo o Planeta
Explode e devolve pro seu olhar
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
Se a rede é maior do que o meu amor
[25] Não tem quem me prove
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Texto IV
Nina
Chico Buarque
Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou
[5] Que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
Nina adora viajar, mas não se atreve
Num pais distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
[10] E no céu o meu destino rapta
O seu
Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
À cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
[15] À roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve
Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de Moscou
[20] Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou
Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina 2011.htm Acessado em: 02 ago 2011.
Assinale a alternativa que identifica corretamente procedimentos discursivos utilizados em relação às vozes dos personagens, em Nina (Texto IV).
Texto
Clarões
Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras palavras,
de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações proprioceptivas*, lembranças,
afetos etc. Por exemplo, a palavra “maçã” remete aos conceitos de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir
o modelo mental de um objeto basicamente esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por
[5] uma pele de cor variável, contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o
comemos; evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a
golden muitas vezes farinhenta, a melros deliciosamente perfumada; traz de volta memórias de bosques
normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de toda esta rede de
imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a toda a nossa memória. Mas
[10] apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força suficiente para emergir em nossa
consciência.
Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: “Isabela come uma maçã por
suas vitaminas”. Como a palavra “maçã”, as palavras “come” e “vitaminas” ativam redes de conceitos, de
modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os nós da minirrede, centrada
[15] sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao mesmo tempo; neste caso: as imagens e os
conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse “a maçã da discórdia” ou a “maçã de Newton”, as
imagens e os modelos mentais associados à palavra “maçã” seriam diferentes. O contexto designa portanto
a configuração de ativação de uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente
afirmar que o contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar que
[20] cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica reticular que, quando
nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de lembranças, de sensações, de
conceitos e de pedaços de discurso. Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível,
diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande
rede heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo
[25] interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação. (...)
O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que
brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a extensão do
grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma forma particular, uma
imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela transformará, talvez imperceptivelmente, o
[30] mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir espaço para outras constelações. (...)
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1993. p.23-24-25.
*proprioceptivo: o sistema proprioceptivo é responsável pelo envio, ao cérebro, das informações relativas à sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, de modo a fazer funcionar a estática, o equilíbrio, o deslocamento
do corpo no espaço etc.
“*grafo: diagrama composto de pontos, alguns dos quais são ligados entre si por linhas, e que é geralmente usado para representar graficamente conjuntos de elementos inter-relacionados.
O título do Texto é uma metáfora, retomada no último parágrafo.
Assinale a alternativa que identifica e interpreta corretamente o sentido da metáfora, considerando o desenvolvimento do texto.
Texto
Clarões
Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras palavras,
de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações proprioceptivas*, lembranças,
afetos etc. Por exemplo, a palavra “maçã” remete aos conceitos de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir
o modelo mental de um objeto basicamente esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por
[5] uma pele de cor variável, contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o
comemos; evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a
golden muitas vezes farinhenta, a melros deliciosamente perfumada; traz de volta memórias de bosques
normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de toda esta rede de
imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a toda a nossa memória. Mas
[10] apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força suficiente para emergir em nossa
consciência.
Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: “Isabela come uma maçã por
suas vitaminas”. Como a palavra “maçã”, as palavras “come” e “vitaminas” ativam redes de conceitos, de
modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os nós da minirrede, centrada
[15] sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao mesmo tempo; neste caso: as imagens e os
conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse “a maçã da discórdia” ou a “maçã de Newton”, as
imagens e os modelos mentais associados à palavra “maçã” seriam diferentes. O contexto designa portanto
a configuração de ativação de uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente
afirmar que o contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar que
[20] cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica reticular que, quando
nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de lembranças, de sensações, de
conceitos e de pedaços de discurso. Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível,
diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande
rede heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo
[25] interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação. (...)
O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que
brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a extensão do
grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma forma particular, uma
imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela transformará, talvez imperceptivelmente, o
[30] mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir espaço para outras constelações. (...)
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1993. p.23-24-25.
*proprioceptivo: o sistema proprioceptivo é responsável pelo envio, ao cérebro, das informações relativas à sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, de modo a fazer funcionar a estática, o equilíbrio, o deslocamento
do corpo no espaço etc.
“*grafo: diagrama composto de pontos, alguns dos quais são ligados entre si por linhas, e que é geralmente usado para representar graficamente conjuntos de elementos inter-relacionados.
“Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível, diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande rede heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação.” (linhas 22-25)
Nessa passagem do Texto, o autor associa a leitura a
Texto
Clarões
Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras palavras,
de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações proprioceptivas*, lembranças,
afetos etc. Por exemplo, a palavra “maçã” remete aos conceitos de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir
o modelo mental de um objeto basicamente esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por
[5] uma pele de cor variável, contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o
comemos; evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a
golden muitas vezes farinhenta, a melros deliciosamente perfumada; traz de volta memórias de bosques
normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de toda esta rede de
imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a toda a nossa memória. Mas
[10] apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força suficiente para emergir em nossa
consciência.
Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: “Isabela come uma maçã por
suas vitaminas”. Como a palavra “maçã”, as palavras “come” e “vitaminas” ativam redes de conceitos, de
modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os nós da minirrede, centrada
[15] sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao mesmo tempo; neste caso: as imagens e os
conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse “a maçã da discórdia” ou a “maçã de Newton”, as
imagens e os modelos mentais associados à palavra “maçã” seriam diferentes. O contexto designa portanto
a configuração de ativação de uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente
afirmar que o contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar que
[20] cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica reticular que, quando
nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de lembranças, de sensações, de
conceitos e de pedaços de discurso. Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível,
diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande
rede heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo
[25] interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação. (...)
O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que
brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a extensão do
grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma forma particular, uma
imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela transformará, talvez imperceptivelmente, o
[30] mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir espaço para outras constelações. (...)
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1993. p.23-24-25.
*proprioceptivo: o sistema proprioceptivo é responsável pelo envio, ao cérebro, das informações relativas à sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, de modo a fazer funcionar a estática, o equilíbrio, o deslocamento
do corpo no espaço etc.
“*grafo: diagrama composto de pontos, alguns dos quais são ligados entre si por linhas, e que é geralmente usado para representar graficamente conjuntos de elementos inter-relacionados.
“Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras palavras” (linha 1)
Nesse período, a oração em destaque estabelece, com a principal, relação de