Questões de Literatura - Poemas
Texto
Certidão de óbito
Os ossos de nossos antepassados
colhem as nossas perenes lágrimas
pelos mortos de hoje.
Os olhos de nossos antepassados,
negras estrelas tingidas de sangue,
elevam-se das profundezas do tempo
cuidando de nossa dolorida memória.
A terra está coberta de valas
e a qualquer descuido da vida
a morte é certa.
A bala não erra o alvo, no escuro
um corpo negro bambeia e dança.
A certidão de óbito, os antigos sabem,
veio lavrada desde os negreiros.
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 17.
A autora emprega ao poema um tom
Texto
Certidão de óbito
Os ossos de nossos antepassados
colhem as nossas perenes lágrimas
pelos mortos de hoje.
Os olhos de nossos antepassados,
negras estrelas tingidas de sangue,
elevam-se das profundezas do tempo
cuidando de nossa dolorida memória.
A terra está coberta de valas
e a qualquer descuido da vida
a morte é certa.
A bala não erra o alvo, no escuro
um corpo negro bambeia e dança.
A certidão de óbito, os antigos sabem,
veio lavrada desde os negreiros.
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 17.
Sobre o eu lírico do texto, é correto afirmar que
A viagem de Vasco da Gama às Índias é um dos temas presentes em Os Lusíadas, a magistral obra do poeta português Luís Vaz de Camões. Em um dos seus trechos, Camões faz o relato de uma terrível enfermidade que é assim descrita (Canto v, estâncias 81 e 82):
E foi, que de doença crua e feia
A mais que eu nunca vi, desempararam
Muitos a vida, e em terra estranha e alheia
Os ossos para sempre sepultaram.
Quem haverá que sem ver o creia?
Que tão disformemente ali lhe incharam
As gengivas na boca, que crescia
A carne, e juntamente apodrecia?
Apodrecia co’um fétido e bruto
Cheiro, que o ar vizinho inficionava;
Não tínhamos ali médico astuto,
Cirurgião subtil menos se achava;
Mas qualquer neste ofício pouco instructo
Pela carne já podre assim cortava,
Como se fora morta; e bem convinha,
Pois que morto ficava quem a tinha.
CAMÕES, l. v. de. Os Lusíadas. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa. Acesso em: mai. 2022.
Considerando que a enfermidade descrita era muito comum nas tripulações no período das grandes navegações e está associada a uma carência alimentar, é correto afirmar que o nome da doença e do nutriente que, se ausente, é responsável pelo seu desenvolvimento são, respectivamente:
Leia o poema “Adeus, meus sonhos!”, do poeta Álvares de Azevedo, para responder à questão.
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto…
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?!… morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Lira dos vinte anos, 1996.)
No poema, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo, a dois interlocutores. Seus interlocutores são:
Texto
A rosa de Hiroxima
Vinícius de Moraes, Rio de Janeiro, 1954.
1. Pensem nas crianças
2. Mudas telepáticas
3. Pensem nas meninas
4. Cegas inexatas
5. Pensem nas mulheres
6. Rotas alteradas
7. Pensem nas feridas
8. Como rosas cálidas
9. Mas oh não se esqueçam
10. Da rosa da rosa
11. Da rosa de Hiroxima
12. A rosa hereditária
13. A rosa radioativa
14. Estúpida e inválida
15. A rosa com cirrose
16. A antirrosa atômica
17. Sem cor sem perfume
18. Sem rosa sem nada.
(MORAES, Vinícius. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974, p. 265.)
Considerando a imagem da rosa construída no Texto, pode-se afirmar que
Leia o texto para responder à questão.
Os antigos
Os antigos invocavam as Musas.
Nós invocamo-nos a nós mesmos.
Não sei se as Musas apareciam –
Seria sem dúvida conforme o invocado e a invocação. –
Mas sei que nós não aparecemos.
Quantas vezes me tenho debruçado
Sobre o poço que me suponho
E balido “Ah!” para ouvir um eco,
E não tenho ouvido mais que o visto –
O vago alvor escuro com que a água resplandece
Lá na inutilidade do fundo…
Nenhum eco para mim…
Só vagamente uma cara,
Que deve ser a minha, por não poder ser de outro.
E uma coisa quase invisível,
Exceto como luminosamente vejo
Lá no fundo…
No silêncio e na luz falsa do fundo…
(Fernando Pessoa. Poemas de Álvaro de Campos. São Paulo, Saraiva, 2013, p. 156)
Condizente com a poesia de Álvaro de Campos, o poema expressa uma subjetividade