Questões de Literatura - Escritores
Mesmo em seus primeiros livros, quando ainda o cerceavam os cânones românticos e possivelmente o inibia a timidez, o receio de ser diferente dos outros, de enveredar por caminhos até então indevassáveis, já as suas figuras se distinguem pela independência em relação ao meio físico e ao moralismo convencional. Não obedeceu nem ao preconceito, então de rigor, de filiar à natureza tropical o feitio das criaturas, nem ao de fazer personagens exclusivamente boas ou más, tão caro ao romantismo.
Sem preocupação de escola literária desde que se libertou do romantismo, ele observou, como ninguém entre nós, as criaturas em toda a sua realidade, dando a cada aspecto o justo valor, isto é, apreciando a todos com um critério relativo. Foi assim que esse tímido realizou uma audaciosa revolução na nossa literatura ficcionista, até ele subordinada a valores absolutos, que reduziam a simples figurantes as personagens dominadas pela natureza e pela ética convencional.
Dentro, porém, do mundo burguês que descreveu, e que foi, afinal, o seu, não se contentou com as aparências; abismava-se na contemplação das perspectivas inumeráveis da alma humana. Tudo o que o homem da época e da condição de suas criaturas pode pensar, sentir e sonhar, ele o perscrutou. A realidade que via se prolongava na que pressentia, nas reações interiores que acima de tudo o atraíam.
(Lúcia Miguel Pereira. História da literatura brasileira: prosa de ficção, 1988. Adaptado.)
O texto trata do escritor
Leia o poema de Camões para responder a questão.
“Mudam se os tempos, mudam se as vontades,
muda se o ser, muda se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía”
A mesma temática presente no poema de Camões pode ser percebida no seguinte excerto do poeta Gregório de Matos:
Leia o trecho do conto “Vestida de preto” e responda à questão.
Foi o fim? Agora é que vem o mais esquisito de tudo, ajuntando anos pulados. Acho que até não consigo contar bem claro tudo o que sucedeu. Vamos por ordem: pus tal firmeza em não amar Maria mais, que nem meus pensamentos me traíram. De resto a mocidade raiava e eu tinha tudo a aprender. Foi espantoso o que se passou em mim. Sem abandonar o meu jeito de “perdido”, o cultivando mesmo, ginásio acabado, eu principiara gostando de estudar. Me batera, súbito, aquela vontade irritada de saber, me tornara estudiosíssimo. Era mesmo uma impaciência raivosa, que me fazia devorar bibliotecas, sem nenhuma orientação. Mas brilhava, fazia conferências empoladas em sociedadinhas de rapazes, tinha idéias que assustavam todo o mundo. E todos principiavam maldando que eu era muito inteligente mas perigoso.
(ANDRADE, Mário de. Vestida de preto. In: Contos novos. 13. ed. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Villa Rica, 1990. p. 27.)
No trecho e no conto “Vestida de preto”, há um foco sobre a construção afetiva em torno de Juca.
Com base no conto e em outras narrativas do livro de Mário de Andrade, assinale a alternativa correta quanto a essa dimensão dos afetos.
Leia o fragmento para responder a QUESTÃO.
Viveram assim dois anos. Ao fim desse tempo, os ardores do marido haviam diminuído, alguns amores passageiros vieram meter-se entre ambos. Maria Cora, ao contrário do que lhe dissera, perdoou essas faltas. [...] Os desgostos, entretanto, apareceram e grandes. Houve cenas violentas. Ela parece que chegou mais de uma vez a ameaçar que se mataria; mas, posto não lhe faltasse o preciso ânimo, não fez tentativa nenhuma, a tal ponto lhe doía deixar a própria causa do mal, que era o marido. João da Fonseca percebeu isto mesmo, acaso explorou a fascinação que exercia na mulher. [...]
Já cuidavam disto desde algum tempo, mas a reconciliação não seria impossível, apesar da palavra de Maria Cora, graças à intervenção da tia; esta havia insinuado à sobrinha que residisse três ou quatro meses no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Sucedeu, porém, uma coisa triste de dizer. O marido, em um momento de desvario, ameaçou a mulher com o rebenque. Outra versão diz que ele tentara esganá-la. Quero crer que a verídica é a primeira, e que a segunda foi inventada para tirar à violência de João da Fonseca o que pudesse haver deprimente e vulgar. Maria Cora não disse mais uma só palavra ao marido. A separação foi imediata; a mulher veio com a tia para o Rio de Janeiro, depois de arranjados amigavelmente os interesses pecuniários. Demais, a tia era rica. Fonte:
ASSIS, Machado. Contos escolhidos. São Paulo, Martin Claret, 2012, p.240-241. Fragmento.
Assinale a alternativa INCORRETA.
O fragmento do conto “Maria Cora”, de Machado de Assis
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre alguns contos de Várias Histórias, de Machado de Assis.
( ) Em Conto de Escola, o narrador relembra como o professor Policarpo ensinou os jovens a se afastarem da corrupção e da delação.
( ) Em A Causa Secreta, Fortunato assiste Garcia chorar sobre o caixão de Maria Luíza.
( ) Em Dona Paula, a protagonista do conto reencontra, na história da sobrinha, algo de seus amores passados.
( ) Em Mariana, depois de 18 anos de ausência, Evaristo retorna ao Brasil, quando os amantes revivem as angústias de um amor proibido.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A partir da leitura da obra Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade, é CORRETO afirmar.