Questões de Português - Gramática - Pontuação - Reticências
Física com a boca
Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).
Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por
TEXTO
Para responder à questão, leia as afirmativas a seguir referentes ao uso das aspas no Texto.
I. O uso do ponto de exclamação no final das sentenças dos quadrinhos indica entusiasmo, embora esse entusiasmo seja decrescente.
II. O uso das reticências no final das sentenças dos dois últimos quadrinhos indica decepção após instantes de euforia.
III. O vocábulo NOSSA assume valor de substantivo e função de sujeito.
IV. A forma verbal repetida no texto integra um predicado verbo-nominal.
Estão corretas apenas as afirmativas
Leia o excerto do texto Um lugar todo meu, de Heloísa Helena:
Depois que tudo se aquieta, quando nem mais o telefone toca, clareio apenas alguns recantos da minha casa e caminho até a varanda, aquela de onde sou capaz de contemplar mais longe e profundamente.
Não os telhados e muito menos os alpendres das casas dos vizinhos, porém os meus dias, as minhas noites, brilho e penumbra do muito que já passou ou ainda é.
São lembranças ao alcance do meu querer. Bastame chamá-las, como agora faço. Pouco a pouco, percebo que impressões começam a chegar, assenhoram-se de mim e fazem do momento um meu instante valioso e único.
Elas tanto vêm de ontem..., são de hoje..., ora vozes..., ora gestos..., reminiscências nem sempre de todo boas ou de todo más, algumas delas constantes na memória, outras já distantes, tal qual imagens de fotos antigas que, com o passar do tempo, começam a se apagar.
O resultado disso é a complexa agitação do meu interior, vestígio de movimentos descontínuos e entremeados de alegria e de pesar, quando acontece a irrequieta convivência do ir e vir dos sentimentos. [...]
O lugar da minha casa, que um dia já foi pasto, agora é pomar para barulhentas ararinhas que brigam por mangas maduras pelo calor do sol e adoçadas pelo luar. [...]
Gentes queridas e amigas já passaram pela minha casa. E mesmo que todas essas pessoastenham saído para seguir seu próprio destino, cada quarto, sala, cozinha, todos os cômodos da minha morada guardam riso, cheiro, som, que jamais desapareceram dos meus sentidos, porque presentes fortemente em mim.
Então, quando ando pela minha casa, não atravesso os seus espaços tão somente. Traços do que vivi me acompanham. E assim sendo, caminho sabendo que apoiei escolhas, desembaracei linhas e, sobretudo, que meu abraço aliviou angústias, sossegou preocupações.
Porém, esse meu lugar me serve também de refúgio. Nele posso chorar sem acanhamento, posso destruir ilusões, pôr a nu meus desencantos. Mesmo quando tudo parece desmoronar, eu confio na sua proteção.
[...]
(BORGES, Heloísa Helena de Campos. As fomes do mundo & outras crônicas. Goiânia: Kelps, 2018. p. 61-63. Adaptado.)
Com base na leitura deste fragmento, é possível inferir que
I - a função de linguagem predominante coloca em foco o enunciador da mensagem e busca expressar sua atitude em relação ao enunciado.
II - a construção desse gênero textual coexistem as sequências tipológicas narrativa, descritiva e dissertativa.
III - no trecho “Elas tanto vêm de ontem..., são de hoje..., ora vozes..., ora gestos...”, o emprego das reticências comprometeram a clareza da mensagem.
Marque a única alternativa inteiramente correta:
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Quanto ao emprego da pontuação, é correto o que se afirma em:
O trecho a seguir, extraído de Verão no Aquário, é um diálogo entre as personagens Patrícia e Raíza, respectivamente mãe e filha. Leia-o para responder à questão que segue.
- Vou pedir à titia que vista uma roupa de fada e me transforme num peixe. Deve ser boa a vida de peixe de aquário, murmurei.
- Deve ser fácil. Aí ficam eles dia e noite, sem se preocupar com nada, há sempre alguém para lhes dar de comer, trocar a água... Uma vida fácil, sem dúvida. Mas não boa. Não esqueça de que eles vivem dentro de um palmo de água quando há um mar lá adiante.
- No mar seriam devorados por um peixe maior, mãezinha.
- Mas pelo menos lutariam. E nesse aquário não há luta, filha. Nesse aquário não há vida.
TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
A pontuação no texto escrito constitui uma pista segura para o entendimento pretendido pelo discurso.
Em, “há sempre alguém para lhes dar de comer, trocar a água...” (2º.§), as reticências
TEXTO
Reflexões sobre o tempo
(Marcelo Gleiser – professor de física)
Para alguns, os mais pragmáticos, o tempo não tem
nada de misterioso: ele passa, envelhecemos e um dia
morremos, ponto final. Já para outros, este colunista
incluído, o tempo é um paradoxo, nosso grande amigo e
[5] inimigo.
Amigo por nos ensinar a ser pacientes com a
impaciência dos outros, por nos fazer esquecer coisas que
devem ser esquecidas e lembrar aquelas que devem ser
lembradas. Inimigo por interromper vidas e relações,
[10] mudar coisas que não queremos que sejam mudadas, por
nos fazer esquecer coisas que devem ser lembradas. Em
termos psicológicos não temos dúvidas: como ninguém
consegue se lembrar do futuro, o tempo anda sempre
avante.
[15] Mas a situação não é assim tão simples. Em arte,
podemos inventar o futuro no presente, “visualizar” o que
vai ser e tentar dar vida a essa visão. O paradoxo, aqui, é
que toda criação depende apenas do passado: criamos o
futuro re-experimentando e reintegrando o passado. Isso
[20] não significa que tudo já existe; significa apenas que
existem infinitos modos de olhar para trás.
Em física, a direção do tempo não é obviamente para
a frente. Na verdade, as leis da mecânica não distinguem
entre ir avante ou para trás. Imagine, por exemplo, que
[25] alguém tenha filmado uma bola voando da direita para a
esquerda. Se o filme for passado de trás para a frente, a
bola voa da esquerda para direita: quem não esteve
presente durante a gravação, não saberia em qual das duas
situações o tempo vai do passado para o futuro. Dizemos
[30] que as leis da mecânica são reversíveis temporalmente.
Se a física dissesse que o tempo é reversível sempre,
estaria em séria contradição com a realidade que vemos à
nossa volta. (E em nós mesmos.) Basta observarmos o
mundo para saber que o tempo vai para a frente: os dias
[35]passam, coisas mudam, pessoas e animais envelhecem,
planetas giram em torno do Sol, o Sol envelhece, estrelas
nascem e morrem, o próprio Universo cresce cada vez
mais, definindo a direção cosmológica do tempo. Como
então reconciliar estas observações com as leis básicas da
[40] física? A resposta se encontra na complexidade do
sistema: uma bola é um sistema extremamente simples,
sua trajetória para a direita ou para a esquerda é
essencialmente a mesma. Mas um ovo virar omelete, por
exemplo, é um processo irreversível: não vemos um
[45] omelete virar ovo. A diferença é que um ovo pode ser
transformado em omelete através de inúmeros caminhos.
Mas existem poucos modos de se transformar omeletes
em ovos. (Assumindo que todos os ovos são
essencialmente iguais...).
[50] Como mostrou Ludwig Boltzmann, a questão
depende de probabilidades: a probabilidade que todas as
moléculas de um omelete se realinhem em um ovo é
extremamente pequena, tão pequena que o fenômeno é
altamente improvável, quase impossível. Quase mas não
[55] totalmente. Para tal, seriam necessárias incontáveis
interações entre as moléculas de clara e gema seguindo
instruções extremamente específicas: seria necessário um
princípio organizador que pudesse contrariar o fato que
desordem tende a aumentar, um princípio capaz de
[60] transformar desordem em ordem. Um destes princípios é
justamente a arte; outro é a ciência. Ambas dão expressão
à necessidade que temos de integrar nossa experiência do
mundo com quem somos.
GLEISER, M. Folha de S. Paulo, 20 de março de 2005.
Assinale o que for correto.
01) Os dois empregos de dois pontos, nas linhas 12 e 18, têm funções distintas: o primeiro introduz um dado importante a respeito da direção do tempo; o segundo anuncia uma síntese da relação entre o passado e o futuro.
02) Os dois empregos de parênteses (linhas 33, 48 e 49) têm a mesma função de acrescentar um comentário para a argumentação desenvolvida no texto.
04) O emprego de reticências na linha 49 produz o sentido de pensamento inconcluso, dando espaço para o leitor concluir a reflexão.
08) A interrogativa empregada pelo autor (linha 40) não apresenta uma resposta direta no próprio texto, indicando que ela se encontra como uma informação implícita.
16) Entre as sequências “os dias passam” (linhas 34 e 35) e “coisas mudam” (linha 35), a vírgula é obrigatória, pois demarca a separação de duas orações coordenadas assindéticas.
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