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Texto
Darwin no Brasil
Encanto com a Natureza e choque com a escravidão
Na passagem pelo Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, Darwin descobre um mundo novo de sedução e horrores.
Em 27 de dezembro de 1832, depois de ser
deslocado duas ou três vezes por ventos contrários,
o HMS Beagle, um brigue com 10 canhões sob o
comando do capitão Fitz-Roy deixou a localidade de
[05] Davenport, no sudoeste da Inglaterra, para uma
viagem de quatro anos e nove meses ao redor do
mundo.
Um personagem, que a história tornaria o
passageiro mais importante a bordo do Beagle, tinha
[10] pouco mais de 22 anos e havia sofrido alguns
reveses profissionais antes de se envolver com a
história natural. Charles Robert Darwin (Shrewsbury,
12 de fevereiro de 1809 – Downe, Kent, 19 de abril
de 1882), cujo nome seria sinônimo de
[15] evolucionismo, ainda era um criacionista
despreocupado, quando o Atlântico se abriu a sua
frente para a viagem que reformularia não apenas
suas convicções pessoais, mas mudaria
profundamente toda a história da ciência.
[20] Darwin fez uma parada no arquipélago de Cabo
Verde, onde registrou minuciosamente suas
observações e se impressionou com o arquipélago de
São Pedro e São Paulo, antes de passar por
Fernando de Noronha. Mas foi no Rio de Janeiro,
[25] especialmente por uma incursão de alguns dias pelo
interior, que pôde sentir a diversidade de Natureza
que deveria conhecer antes de, inteiramente contra
a vontade, tornar-se um evolucionista.
Em Viagens de um naturalista ao redor do
[30] mundo (Voyage of a naturalist round the world), em
que faz um detalhado registro de sua longa
exploração, Darwin dedica menos de dez páginas a
Salvador, na Bahia, aonde chegou em 29 de
fevereiro de 1833, para uma estada curta, mas já
[35] fascinado pela exuberância da natureza tropical.
Em 4 de abril, o Beagle atracou no Rio de
Janeiro e aí começaram as descobertas que, do
ponto de vista natural, seduziram e encantaram o
jovem naturalista, ainda que, do ponto de vista
[40] social, tenham sido motivo de frustração, desencanto
e, em alguns momentos, de completo horror.
(...)
A incursão começou em 8 de abril, formada por
uma equipe de sete pessoas. Darwin conta que, em
[45] meio a um calor intenso, o silêncio da mata é
completo, quebrado apenas pelo voo preguiçoso de
borboletas. A vista e as cores na passagem de Praia
Grande (atual Niterói) absorvem toda a atenção de
Darwin ao menos até o meio-dia, quando o grupo
[50] para, para almoçar em “Ithacaia”, aldeia cercada de
choças ocupadas por negros escravos.
Com a lua cheia, que nasce cedo no céu, o
grupo decide prosseguir viagem para dormir na
Lagoa de Maricá e, no trajeto, passam por regiões
[55] escarpadas, entre elas uma meseta em torno de
onde escravos formaram quilombos, a que Darwin se
refere genericamente como refúgio. Aí, reproduz um
relato que diz ter ouvido de alguém. Um grupo de
soldados teria sido enviado para recuperar esses
[60] fugitivos e todos se renderam, à exceção de uma
mulher, já velha, que se atira contra as rochas.
Então, ele faz uma das observações que revelam sua
profunda repulsa à escravidão que tem diante dos
olhos: “Praticado por uma matrona romana esse ato
[65] seria interpretado e difundido como amor à
liberdade, mas da parte de uma pobre negra,
limitaram-se a dizer que não passou de um gesto
bruto.”
CAPAZZOLI, Ulisses. Scientfic American Brasil. Fev. 2009, nº 81, ano 7. Edição Especial. Pág.90.(Adaptado)
Assinale com V (verdadeiras) ou F (falsas) as afirmativas abaixo e, a seguir, marque a alternativa correta.
( ) Os vocábulos arquipélago, Atlântico e sinônimo são acentuados pela mesma razão.
( ) A presença de encontros vocálicos é observada nas palavras, a seguir, Lagoa, exceção e Praia.
( ) Estão corretas as seguintes divisões silábicas: ve – lha, pros – se – guir, I – tha – ca – ia,.
( ) Os vocábulos: três, canhões e Niterói recebem a mesma classificação quanto à posição da sílaba tônica.