[1] Contavam os médicos mais antigos que conheci que Fernando São Paulo, afamado professor de terapêutica da
Faculdade de Medicina da Bahia e autor do importante dicionário “Linguagem Médica Popular no Brasil”, ao realizar suas
provas, exigia, nas respostas, que os alunos descrevessem o tratamento para o rico e para o pobre. Habilitava, dessa
forma, o conceituado mestre os seus alunos a tratarem a ambos, o cliente abastado e o carente de recursos, talvez com
[5] a mesma eficiência, porém com custo diferente. Era um exercício de humanidade prática, que muito devia ajudar os
futuros médicos, mas que, por outro lado, registra a cruel desigualdade num setor que jamais devia ser desigual numa
civilização que se respeita, numa pátria que se respeita, e que é a saúde.
O professor Fernando São Paulo que, aliás, morreu pobre e esquecido, embora tenha havido, no centenário de seu
nascimento, um notável esforço para reabilitar a sua memória, viveu e lecionou Medicina numa outra
[10] época, na primeira metade do século passado, que, hoje, parece outro mundo, tão distante está dos costumes atuais.
Entretanto, no aspecto da Medicina para o rico e da Medicina para o pobre, não houve grandes mudanças.
COSTA, Aramis Ribeiro. As cruéis desigualdades. A Tarde, Salvador, 27 nov. 2012. Caderno Opinião. p. A 2.
Indique V ou F, conforme sejam as afirmativas verdadeiras ou falsas em relação ao texto.
( ) Há predominância de tempos verbais no passado, os quais retratam o mundo narrado que serve de base ao comentário do enunciador.
( ) O fato que serve de pretexto para a voz autoral fazer a sua reflexão sobre a questão da saúde no Brasil ocorre num tempo hipotético no passado.
( ) As expressões “os médicos mais antigos que conheci” (l. 1) e “os seus alunos” (l. 4) constituem exemplos de complementos verbais nos respectivos contextos.
( ) O locutor, na frase “Habilitava, dessa forma, o conceituado mestre os seus alunos a tratarem a ambos, o cliente abastado e o carente de recursos, talvez com a mesma eficiência, porém com custo diferente.” (l. 3-5), não assume o seu ponto de vista como inquestionável.
( ) Os termos “por outro lado” (l. 6) e “aliás” (l. 8) constituem operadores de valor concessivo, nos seus respectivos contextos.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a