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Vários estudiosos consideram que nenhum país do mundo é tão social, cultural e economicamente ligado ao milho quanto o México. Para começar, ele surgiu por lá. Há cerca de nove mil anos, povos que moravam onde hoje fica o México encontraram uma versão primitiva do milho, com uma espiga de uns 2,5 centímetros, e começaram a cultivá-lo. Até hoje, esse é um dos principais plantios do país.
No México, além do milho amarelo, que estamos acostumados a consumir no Brasil, podemos encontrar milhos de outras cores. Há o branco, que é muito comum, e também variedades vermelhas, azuis e pretas, por exemplo.
O maior número de variedades de milho no mundo se encontra no México: são 64 tipos (sendo 59 nativos do país) dentre as 220 variedades existentes em toda a América Latina. E o mais interessante é que, enquanto em outros países americanos as espécies primitivas desse cereal são consideradas “relíquias”, no México muitas delas continuam sendo usadas no dia a dia.
O México tem o maior consumo per capita de milho no mundo: são 63 kg anuais, contra uma média de 18 kg no Brasil, por exemplo. Em algumas comunidades, estima-se que esse alimento sozinho ofereça cerca de 70% das calorias e 50% das proteínas consumidas diariamente pela população.
Cerca de 75% da composição desse cereal é amido, substância muito usada pela indústria alimentícia e em produtos tão variados quanto resinas para a pintura de carros, sabão, pasta de dentes e plásticos biodegradáveis.
A glicose que vem do amido também é usada como meio de cultura de bactérias que produzem a penicilina e para revestir comprimidos, por exemplo.
Recentemente, pesquisadores descobriram que a jornada histórica do milho até chegar à versão atual foi mais complexa do que se imaginava, passando inclusive pelo Brasil. Seja como for, o certo é que, sem o trabalho humano, o milho provavelmente não existiria hoje. Isso decorre das características da planta que dificultam muito que ela espalhe suas sementes espontaneamente. Afinal, elas ficam bem presas à espiga e cobertas por folhas resistentes. Assim, os seres humanos são muito importantes para fazer com que o milho se reproduza de forma significativa. Isso, de certa forma, torna o vínculo entre homem e planta ainda mais forte.
Para algumas civilizações, no entanto, o laço é tão forte que é basicamente uma coisa só. Os maias, por exemplo, acreditavam que o homem veio do milho. No Popol Vuh, livro mais importante da mitologia Maia, encontra-se o seguinte: “De milho amarelo e milho branco se fez sua carne”. Existe, também, o mito de que o milho teria sido criado a partir das unhas do deus Cintéotl. Até hoje, muitos povos indígenas mexicanos consideram o milho uma divindade e dão a ele um caráter sagrado. Afinal, é dele que depende, em grande parte, a subsistência dessas comunidades. O grão é considerado precioso por assegurar a continuidade do ciclo da vida.
Mais recentemente, a luta dos indígenas mexicanos tem sido contra o cultivo de milho transgênico, que apesar de ser proibido, vem acontecendo há décadas. Usado para aumentar a produtividade e a resistência a pragas e a inseticidas, entre outros fins, o cereal transgênico provoca o desaparecimento de espécies nativas, além de prejudicar a agricultura familiar. Portanto, a forte relação com o milho vai muito além da planta em si, e além do próprio México. Ela traz também uma mensagem universal: nós, seres humanos, fazemos parte da terra. Dela dependemos, e dela devemos cuidar.
https://tinyurl.com/y4y2a8hr%20Acesso%20em:%2003.10.2019.%20Adaptado.