Avenida Amazonas
Para ir à escola ou garantir o almoço, Ravel Marinho, 12, cruza a “avenida Amazonas”.Essa ”avenida”, como o menino brinca de chamar, não fica em uma grande cidade. É o imenso rio Amazonas, com 6900 km de extensão.
Ravel mora no paraná do Tapará, no interior de Santarém (PA). Habita a várzea, área que alaga no inverno, época das chuvas. Vive por conta do ciclo das águas. ”Enche tudo por aqui. Aí a gente fica sem pé, anda só de canoa”.
Até o calendário escolar segue a cheia e a seca (no verão): as aulas vão de agosto a abril, quando os moradores da várzea aproveitam a terra para plantar. Depois chegam as férias, de maio a julho, justamente no inverno.
É quando o Amazonas invade as casas dos ribeirinhos, que constroem marombas (passarelas de madeira sobre as águas). Também se espalham cobras, jacarés e peixes - então dá para pescar no próprio quintal.
(Gabriela Romeu -Folha de São Paulo, 02/10/10 -trecho)
A construção do trecho “Também se espalham cobras, jacarés e peixes.” provoca ambiguidade de sentido: tanto é possível entender-se que cobras, jacarés e peixes são agentes da ação de espalhar (provável intenção do autor),como é possível entender-se que cobras, jacarés e peixes são espalhados por um agente externo - alguém os espalha.Tal ambiguidade se deve à (ao)