Texto I
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco
/muito bem engomada,
/ e na primeira esquina passa um caminhão,
/ salpica-lhe o paletó de uma nódoa de lama;
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,
/as virgens cem por cento e as amadas que
/envelheceram sem maldade.
(MANUEL BANDEIRA, Belo Belo, in Poesia Completa e Prosa, Rio de Janeiro, Cia José Aguilar Editora, 2ª ed. 1967, p. 336)
Texto II
Meu Povo, Meu Poema
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova.
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
Menos como quem canta
Do que planta
(FERREIRA GULLAR, Dentro da noite veloz, in Literatura Comentada, São Paulo, Abril Educação, 1ª ed. 1971, p. 44)
Assinale a alternativa cuja afirmação é incorreta sobre aspectos extraídos dos textos em questão.