Leia o texto a seguir e responda à questão.
O passageiro em apuros em um voo transcontinental não poderia ter tido mais sorte. Quando começou a sentir uma intensa pressão no peito, a aeromoça perguntou se havia um médico a bordo. Sim, havia. Não só um dos mais respeitados cardiologistas dos Estados Unidos, mas um dos maiores entusiastas das novas tecnologias digitais, que permitem monitorar a saúde a qualquer hora e em qualquer lugar. Eric Topol, diretor do Scripps Translational Science Institute, sacou o smartphone do bolso e fez um diagnóstico com precisão incomum a 10.000 metros de altitude. O celular de Topol é equipado com um dispositivo que funciona como um monitor cardíaco portátil. Dois pequenos eletrodos fixados na parte traseira do celular geram um eletrocardiograma. Basta que o paciente coloque os dedos sobre eles. O aplicativo lê o resultado e o envia ao médico. No caso do avião, o especialista estava ali mesmo. Topol tinha a evidência objetiva, na tela do celular, de que o homem sofria um infarto. Convenceu o piloto a fazer um pouso de emergência, e o passageiro foi salvo.
Esse é só um dos novos recursos que estão transformando o jeito de fazer medicina e de cuidar da própria saúde e do bem-estar. Com aplicativos de smartphones, gadgets e sites, as pessoas registram quantos passos deram a cada dia, calculam as calorias e o valor nutricional de cada refeição, monitoram a quantidade e a qualidade das horas de sono, avaliam o grau de estresse e as flutuações de humor. É a segunda onda do Dr. Google, o fenômeno que abalou o ancestral jogo de poder em que o médico é o detentor do saber incontestável -– e o paciente é o iletrado obediente. O acesso fácil e rápido a informações médicas fez nascer um paciente contestador, mais capaz de tomar decisões conscientes. Nesse segundo fenômeno, que poderíamos chamar de Dr. Smartphone, qualquer um com acesso a ferramentas móveis se torna capaz de monitorar tudo o que acontece em seu organismo. Sem sair de casa, é possível monitorar a quantidade de açúcar no sangue, a pressão arterial e até se submeter a um eletrocardiograma.
Uma das grandes vantagens dos novos recursos é a interatividade. Ela ajuda o indivíduo a se manter firme em seus propósitos — seja perder alguns quilinhos, viver com mais qualidade ou persistir em um difícil tratamento de saúde. A tecnologia não substitui o acompanhamento médico, mas pode ajudar a aliviar a falta crônica de profissionais e recursos em localidades remotas. Não é uma solução capaz de resolver todas as carências brasileiras, mas é um recurso que deveria estar no horizonte de quem traça as políticas de saúde pública. “Os novos recursos móveis são uma solução para ampliar o acesso à saúde e reduzir os custos, inclusive em países como o Brasil”, diz Topol. “Onde houver sinal de Internet e telefonia móvel, poderemos ter pacientes emancipados e no comando de seu tratamento”.
(Adaptado de: SEGATTO, C. Dr. Smartphone. Época. São Paulo: Editora Globo. 19 ago. 2013. p.70-78.)
Sobre os recursos linguístico-semânticos, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) Em “O celular de Topol é equipado com um dispositivo que funciona como um monitor cardíaco portátil”, há uma comparação.
( ) Em “O aplicativo lê o resultado e o envia ao médico”, o termo sublinhado faz referência à palavra “aplicativo”.
( ) Em “Ela ajuda o indivíduo a se manter firme em seus propósitos”, o pronome sublinhado se refere ao termo “propósitos”.
( ) Em “A tecnologia não substitui o acompanhamento médico, mas pode ajudar a aliviar a falta crônica de profissionais”, o termo sublinhado tem sentido adversativo.
( ) Em “Os novos recursos móveis são uma solução para ampliar o acesso à saúde e reduzir os custos, inclusive em países como o Brasil”, o uso das aspas marca discurso direto.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.