O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta fecundidade e abundância, que se colhe cento por um: Et fructum fecit centuplum.
(Trecho do “Sermão da Sexagésima”, de Antônio Vieira, publicado em 1679)
Tendo como referência o trecho acima, pode-se dizer que
I. a linguagem é cultista, truncada, cheia de ornamentos e sem conteúdo lógico, o que era típico do Barroco.
II. a linguagem é conceptista, com argumentação lógica e predomínio do conteúdo sobre a forma, ainda que se utilize de figuras estilísticas típicas do Barroco.
III. o Padre Antonio Vieira, sendo escritor barroco, era ao mesmo tempo cultista e conceptista, estando aí presentes de maneira clara ambas as vertentes.
Está correto o que se afirma