Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.
Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.
(Soneto V, das “Obras Poéticas de Glauceste Satúrnio”, de Cláudio Manuel da Costa”, publicado em 1768)
A partir do poema acima, pode-se dizer que
I. Cláudio Manuel da Costa pratica poesia neoclássica, ou árcade, colocando-se em lugar de pastor/poeta que vive no campo.
II. Glauceste Satúrnio teve seus poemas publicados postumamente por Cláudio Manuel da Costa.
III. a linguagem simples do poema revela uma mudança em relação ao estilo rebuscado do Barroco, até então corrente no Brasil.
Está correto o que se afirma