TEXTO I – A felicidade custa R$ 11 mil
Para saber até que ponto dinheiro compra felicidade, estatísticos analisaram um banco de dados gigantesco nos EUA. Descobriram um valor a partir do qual mais riqueza não significa bem-estar: R$ 11 mil por mês.
“Uma renda pequena exacerba as dores emocionais associadas a problemas como divórcio, doença ou solidão”, diz Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2002 e co-autor da nova pesquisa publicada na revista científica “PNAS”.
Para ser feliz, então, o importante não é ser rico, mas sim não ser pobre, revelam entrevistas feitas com mais de 450 mil americanos.
A pesquisa funciona assim: entrevistadores pedem que as pessoas relatem a frequência com que se sentiram felizes ou sorridentes recentemente. Perguntam o mesmo com relação ao estresse. Pedem também que, em uma escala de 0 a 10, digam o quanto estão satisfeitas com as suas vidas – a “nota” média dada pelas pessoas foi de 6,76. Cruzam, então, as respostas obtidas com dados sobre a vida dos entrevistados.
Assim, eles descobriram, por exemplo, que gente solitária se sente muito infeliz até em comparação com quem tem um problema crônico de saúde. Ter filhos, por outro lado, traz felicidade. Mas, curiosamente, em média o efeito é menor do que o de ter um plano de saúde.
Surpreende também a correlação entre envelhecer e se sentir mais feliz. Aparentemente, os anos fazem com que as pessoas aprendam a lidar com as dificuldades.
O fator campeão de bem-estar, porém, é ser uma pessoa religiosa. Angus Deaton, também de Princeton, esboçou uma explicação sobre isso.
“Quem vai à igreja faz amigos por lá, e isso tem um impacto muito bom. A religião também ajuda os fiéis a entender algumas questões mais difíceis da vida e isso pode servir de apoio em tempos difíceis. Além disso, muitas igrejas oferecem cuidado médico e apoio social.”
A fé é o único fator que consegue ganhar até do dinheiro na busca pela felicidade.
O valor de R$ 11 mil, claro, serve como indicador, mas é bom ter em mente que, como ele se refere aos Estados Unidos, uma margem de erro precisa ser levada em consideração ao adaptá-lo ao Brasil – onde, ao menos em algumas cidades, o custo de vida pode ser bem diferente.
“Nós sabemos, por exemplo, que os latino-americanos costumam se sair bem em medição de felicidade”, recorda Angus Deaton.
(MIOTO, R., A Felicidade custa R$ 11 mil. Folha de São Paulo. São Paulo/SP, 07 set. 2010. Ciência. p. A13.)
Leia:
I. “Mas, curiosamente, em média, o efeito é menor do que o de ter um plano de saúde.”
II. “[...] como ele se refere aos Estados Unidos, uma margem de erro precisa ser levada em consideração [...]”.
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