Texto I
Talvez a única afirmação suficientemente justa a respeito da função da música no cinema é a de que, de uma maneira ou de outra, a música existe para “tocar” as pessoas. Ela pode emocionar, arrancar lágrimas, causar tensão, desconforto, incomodar, narrar um acontecimento, uma morte, uma perseguição, uma piada, um diálogo, um alívio, uma festa, descrever um movimento, criar um clima, acelerar uma situação, acalmá-la, enfim, de um jeito ou de outro, a boa composição não existe em vão. Ela está lá por algum motivo, e, ainda que não a ouçamos, podemos senti-la. O drama e a música são expressões culturais que obviamente têm valores e efeitos distintos e independentes (...). Parece haver um consenso entre a maioria dos compositores no sentido de que a música deve servir ao filme. Ela deve auxiliar a narrativa, seus personagens, seu ritmo, suas texturas, sua linguagem, seus requisitos dramáticos.
Tony Berchmans. A música do filme: tudo o que você gostaria de saber sobre a música de cinema. São Paulo: Escrituras, 2006, p. 20 (com adaptações).
Texto II
A trilha do filme Guerra nas Estrelas, composta por John Williams, ganhou vários prêmios, inclusive o Oscar de melhor trilha musical original. Acerca dessa trilha sonora, Tony Berchmans comenta:
“Quando aparece pela primeira vez o personagem Luke Skywalker, o tema principal soa em um arranjo leve e específico. Há vários motivos ao longo do filme, inclusive uma marcha militar que faz referência às forças militares do Império. O que Williams adora fazer é rearranjar de diversas maneiras a frase inicial do tema principal, formada pelas famosas sete notas (...).
Por fim, a música é dramaticamente descritiva e vai-se intensificando precisamente de acordo com a complicação da situação dos rebeldes. Até que, enfim, Luke Skywalker consegue atingir o objetivo, e a música dá um alívio à sua tensão.”
Idem, ibidem, p. 86.
Tendo esses textos como referência, julgue o item que se segue.
É correto concluir da descrição apresentada no texto II que o desenvolvimento da trilha sonora de Guerra nas Estrelas narra a sequência de ações que se estabelece no filme: a instalação do conflito, o seu ápice e a sua resolução.
Texto I
[1] A primeira sessão paga de cinema aconteceu no dia
28 de dezembro de 1895, em uma sala nos fundos do Grand
Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Assombrada,
[4] a plateia viu imagens de trabalhadores saindo de uma fábrica
e de um trem chegando à estação. Para os padrões atuais, as
imagens seriam banais, mas, para um mundo acostumado
[7] apenas com os slides estáticos, eram uma revelação. Com a
projeção das imagens em movimento, Louis e Auguste
Lumière realizavam o sonho de muitos inventores — naquela
[10] noite, nascia o cinema.
1.000 que fizeram 100 anos de cinema. In: The Times/IstoÉ. São Paulo: Ed. Três (com adaptações).
Texto II
A Chegada do Trem à Estação (Lumière, 1895), com duração de 50 segundos, narra a chegada de uma locomotiva à plataforma de uma ferrovia repleta de passageiros que a aguardavam. Ao ser projetado, o filme causou espanto diante do público. Como a câmera englobou a totalidade da ação no momento em que o trem chega e para ao lado esquerdo da tela, o público pensou que o trem realmente estava lá, e tamanho foi o medo, que muitos fugiram da sala de exibição, e alguns que permaneceram se esconderam sob as cadeiras.
Fernando Mendonça. A filosofia no cinema.In: Spectrum, p. 103 (com adaptações).
Texto III
Nada nos impede de afirmar que, comparada com a realidade, a aparência da arte seja ilusória; mas, com idêntica razão, se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão ainda mais forte, uma aparência ainda mais enganadora que a aparência da arte. Na vida empírica e sensitiva, chamamos realidade e consideramos como tal o conjunto dos objetos exteriores e das sensações por eles provocadas. No entanto, todo esse conjunto de objetos e sensações é, não um mundo verdade, mas um mundo ilusões. Sabemos como a verídica realidade existe para lá da sensação imediata dos objetos que percebemos diretamente. Antes, pois, ao mundo exterior do que à aparência da arte se aplicará o qualificativo de ilusório. (...) As obras de arte não são, em referência à realidade concreta, simples aparências e ilusões, mas, sim, possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica. Caso se queira marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma human.
F. Hegel. In: Obras completas, H. G., vol. X.
Texto IV
A teoria de Flaubert sobre o realismo como norma estética evidenciava preocupação apenas com os processos profissionais do romancista. Ele idealizou uma indiferença científica, uma frieza e cuidado na observação dos materiais. Fez uma viagem ao Egito para estudar o cenário da sua novela Salammbô. Mas não se pode dizer que as novelas de Flaubert sejam uma servil tradução dos objetos naturais. “As pessoas creem que estou preso ao real”, disse ele, “quando, na realidade, o detesto”. Esse realismo rapidamente se intensificou na passagem para a fase chamada naturalismo, de que Zola foi o expoente máximo na França.
Wimsatt e Brooks. Crítica literária. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1971, p. 547 (com adaptações).
Texto V
Se tivéssemos de fazer uma trilha sonora para a chegada do trem à estação utilizando como fonte sonora os sons do ambiente da estação, poderíamos planejar a seguinte estrutura musical: som do trem freando lentamente, diminuindo sua velocidade, enquanto se ouve um apito agudo que se repete três vezes; ritmo do movimento da locomotiva ficando mais lento; som do trem diminuindo, e vozes das pessoas na plataforma crescendo de intensidade, de piano para forte; o trem dá seu último suspiro e silêncio. Na plataforma da estação, ouvem-se vozes, choros, pregões de vendedores, sons de carrinhos de carregar bagagem e passos lentos e apressados.
Tendo como referência os fragmentos de textos de I a V apresentados, julgue o item.
Cronologicamente, o surgimento do cinema, referido nos textos I e II, ocorre no contexto da segunda etapa da revolução industrial, assinalada pela descentralização de empresas e capitais, pelo fim dos monopólios e pela redução do papel do capital financeiro na condução da economia capitalista.
Texto I
[1] A primeira sessão paga de cinema aconteceu no dia
28 de dezembro de 1895, em uma sala nos fundos do Grand
Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Assombrada,
[4] a plateia viu imagens de trabalhadores saindo de uma fábrica
e de um trem chegando à estação. Para os padrões atuais, as
imagens seriam banais, mas, para um mundo acostumado
[7] apenas com os slides estáticos, eram uma revelação. Com a
projeção das imagens em movimento, Louis e Auguste
Lumière realizavam o sonho de muitos inventores — naquela
[10] noite, nascia o cinema.
1.000 que fizeram 100 anos de cinema. In: The Times/IstoÉ. São Paulo: Ed. Três (com adaptações).
Texto II
A Chegada do Trem à Estação (Lumière, 1895), com duração de 50 segundos, narra a chegada de uma locomotiva à plataforma de uma ferrovia repleta de passageiros que a aguardavam. Ao ser projetado, o filme causou espanto diante do público. Como a câmera englobou a totalidade da ação no momento em que o trem chega e para ao lado esquerdo da tela, o público pensou que o trem realmente estava lá, e tamanho foi o medo, que muitos fugiram da sala de exibição, e alguns que permaneceram se esconderam sob as cadeiras.
Fernando Mendonça. A filosofia no cinema.In: Spectrum, p. 103 (com adaptações).
Texto III
Nada nos impede de afirmar que, comparada com a realidade, a aparência da arte seja ilusória; mas, com idêntica razão, se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão ainda mais forte, uma aparência ainda mais enganadora que a aparência da arte. Na vida empírica e sensitiva, chamamos realidade e consideramos como tal o conjunto dos objetos exteriores e das sensações por eles provocadas. No entanto, todo esse conjunto de objetos e sensações é, não um mundo verdade, mas um mundo ilusões. Sabemos como a verídica realidade existe para lá da sensação imediata dos objetos que percebemos diretamente. Antes, pois, ao mundo exterior do que à aparência da arte se aplicará o qualificativo de ilusório. (...) As obras de arte não são, em referência à realidade concreta, simples aparências e ilusões, mas, sim, possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica. Caso se queira marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma human.
F. Hegel. In: Obras completas, H. G., vol. X.
Texto IV
A teoria de Flaubert sobre o realismo como norma estética evidenciava preocupação apenas com os processos profissionais do romancista. Ele idealizou uma indiferença científica, uma frieza e cuidado na observação dos materiais. Fez uma viagem ao Egito para estudar o cenário da sua novela Salammbô. Mas não se pode dizer que as novelas de Flaubert sejam uma servil tradução dos objetos naturais. “As pessoas creem que estou preso ao real”, disse ele, “quando, na realidade, o detesto”. Esse realismo rapidamente se intensificou na passagem para a fase chamada naturalismo, de que Zola foi o expoente máximo na França.
Wimsatt e Brooks. Crítica literária. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1971, p. 547 (com adaptações).
Texto V
Se tivéssemos de fazer uma trilha sonora para a chegada do trem à estação utilizando como fonte sonora os sons do ambiente da estação, poderíamos planejar a seguinte estrutura musical: som do trem freando lentamente, diminuindo sua velocidade, enquanto se ouve um apito agudo que se repete três vezes; ritmo do movimento da locomotiva ficando mais lento; som do trem diminuindo, e vozes das pessoas na plataforma crescendo de intensidade, de piano para forte; o trem dá seu último suspiro e silêncio. Na plataforma da estação, ouvem-se vozes, choros, pregões de vendedores, sons de carrinhos de carregar bagagem e passos lentos e apressados.
Tendo como referência os fragmentos de textos de I a V apresentados, julgue o item.
O conteúdo do texto III contradiz o que é afirmado no texto IV.
Texto I
[1] A primeira sessão paga de cinema aconteceu no dia
28 de dezembro de 1895, em uma sala nos fundos do Grand
Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Assombrada,
[4] a plateia viu imagens de trabalhadores saindo de uma fábrica
e de um trem chegando à estação. Para os padrões atuais, as
imagens seriam banais, mas, para um mundo acostumado
[7] apenas com os slides estáticos, eram uma revelação. Com a
projeção das imagens em movimento, Louis e Auguste
Lumière realizavam o sonho de muitos inventores — naquela
[10] noite, nascia o cinema.
1.000 que fizeram 100 anos de cinema. In: The Times/IstoÉ. São Paulo: Ed. Três (com adaptações).
Texto II
A Chegada do Trem à Estação (Lumière, 1895), com duração de 50 segundos, narra a chegada de uma locomotiva à plataforma de uma ferrovia repleta de passageiros que a aguardavam. Ao ser projetado, o filme causou espanto diante do público. Como a câmera englobou a totalidade da ação no momento em que o trem chega e para ao lado esquerdo da tela, o público pensou que o trem realmente estava lá, e tamanho foi o medo, que muitos fugiram da sala de exibição, e alguns que permaneceram se esconderam sob as cadeiras.
Fernando Mendonça. A filosofia no cinema.In: Spectrum, p. 103 (com adaptações).
Texto III
Nada nos impede de afirmar que, comparada com a realidade, a aparência da arte seja ilusória; mas, com idêntica razão, se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão ainda mais forte, uma aparência ainda mais enganadora que a aparência da arte. Na vida empírica e sensitiva, chamamos realidade e consideramos como tal o conjunto dos objetos exteriores e das sensações por eles provocadas. No entanto, todo esse conjunto de objetos e sensações é, não um mundo verdade, mas um mundo ilusões. Sabemos como a verídica realidade existe para lá da sensação imediata dos objetos que percebemos diretamente. Antes, pois, ao mundo exterior do que à aparência da arte se aplicará o qualificativo de ilusório. (...) As obras de arte não são, em referência à realidade concreta, simples aparências e ilusões, mas, sim, possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica. Caso se queira marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma human.
F. Hegel. In: Obras completas, H. G., vol. X.
Texto IV
A teoria de Flaubert sobre o realismo como norma estética evidenciava preocupação apenas com os processos profissionais do romancista. Ele idealizou uma indiferença científica, uma frieza e cuidado na observação dos materiais. Fez uma viagem ao Egito para estudar o cenário da sua novela Salammbô. Mas não se pode dizer que as novelas de Flaubert sejam uma servil tradução dos objetos naturais. “As pessoas creem que estou preso ao real”, disse ele, “quando, na realidade, o detesto”. Esse realismo rapidamente se intensificou na passagem para a fase chamada naturalismo, de que Zola foi o expoente máximo na França.
Wimsatt e Brooks. Crítica literária. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1971, p. 547 (com adaptações).
Texto V
Se tivéssemos de fazer uma trilha sonora para a chegada do trem à estação utilizando como fonte sonora os sons do ambiente da estação, poderíamos planejar a seguinte estrutura musical: som do trem freando lentamente, diminuindo sua velocidade, enquanto se ouve um apito agudo que se repete três vezes; ritmo do movimento da locomotiva ficando mais lento; som do trem diminuindo, e vozes das pessoas na plataforma crescendo de intensidade, de piano para forte; o trem dá seu último suspiro e silêncio. Na plataforma da estação, ouvem-se vozes, choros, pregões de vendedores, sons de carrinhos de carregar bagagem e passos lentos e apressados.
Tendo como referência os fragmentos de textos de I a V apresentados, julgue o item.
No texto I, o valor semântico da preposição em “Com a projeção” (l.7-8) corresponde ao valor que a locução por meio de pode exercer na oração, o que permite que Por meio da substitua a expressão “Com a”.
Texto I
[1] A primeira sessão paga de cinema aconteceu no dia
28 de dezembro de 1895, em uma sala nos fundos do Grand
Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Assombrada,
[4] a plateia viu imagens de trabalhadores saindo de uma fábrica
e de um trem chegando à estação. Para os padrões atuais, as
imagens seriam banais, mas, para um mundo acostumado
[7] apenas com os slides estáticos, eram uma revelação. Com a
projeção das imagens em movimento, Louis e Auguste
Lumière realizavam o sonho de muitos inventores — naquela
[10] noite, nascia o cinema.
1.000 que fizeram 100 anos de cinema. In: The Times/IstoÉ. São Paulo: Ed. Três (com adaptações).
Texto II
A Chegada do Trem à Estação (Lumière, 1895), com duração de 50 segundos, narra a chegada de uma locomotiva à plataforma de uma ferrovia repleta de passageiros que a aguardavam. Ao ser projetado, o filme causou espanto diante do público. Como a câmera englobou a totalidade da ação no momento em que o trem chega e para ao lado esquerdo da tela, o público pensou que o trem realmente estava lá, e tamanho foi o medo, que muitos fugiram da sala de exibição, e alguns que permaneceram se esconderam sob as cadeiras.
Fernando Mendonça. A filosofia no cinema.In: Spectrum, p. 103 (com adaptações).
Texto III
Nada nos impede de afirmar que, comparada com a realidade, a aparência da arte seja ilusória; mas, com idêntica razão, se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão ainda mais forte, uma aparência ainda mais enganadora que a aparência da arte. Na vida empírica e sensitiva, chamamos realidade e consideramos como tal o conjunto dos objetos exteriores e das sensações por eles provocadas. No entanto, todo esse conjunto de objetos e sensações é, não um mundo verdade, mas um mundo ilusões. Sabemos como a verídica realidade existe para lá da sensação imediata dos objetos que percebemos diretamente. Antes, pois, ao mundo exterior do que à aparência da arte se aplicará o qualificativo de ilusório. (...) As obras de arte não são, em referência à realidade concreta, simples aparências e ilusões, mas, sim, possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica. Caso se queira marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma human.
F. Hegel. In: Obras completas, H. G., vol. X.
Texto IV
A teoria de Flaubert sobre o realismo como norma estética evidenciava preocupação apenas com os processos profissionais do romancista. Ele idealizou uma indiferença científica, uma frieza e cuidado na observação dos materiais. Fez uma viagem ao Egito para estudar o cenário da sua novela Salammbô. Mas não se pode dizer que as novelas de Flaubert sejam uma servil tradução dos objetos naturais. “As pessoas creem que estou preso ao real”, disse ele, “quando, na realidade, o detesto”. Esse realismo rapidamente se intensificou na passagem para a fase chamada naturalismo, de que Zola foi o expoente máximo na França.
Wimsatt e Brooks. Crítica literária. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1971, p. 547 (com adaptações).
Texto V
Se tivéssemos de fazer uma trilha sonora para a chegada do trem à estação utilizando como fonte sonora os sons do ambiente da estação, poderíamos planejar a seguinte estrutura musical: som do trem freando lentamente, diminuindo sua velocidade, enquanto se ouve um apito agudo que se repete três vezes; ritmo do movimento da locomotiva ficando mais lento; som do trem diminuindo, e vozes das pessoas na plataforma crescendo de intensidade, de piano para forte; o trem dá seu último suspiro e silêncio. Na plataforma da estação, ouvem-se vozes, choros, pregões de vendedores, sons de carrinhos de carregar bagagem e passos lentos e apressados.
Tendo como referência os fragmentos de textos de I a V apresentados, julgue o item.
No texto I, o sinal de travessão após a palavra “inventores” (l.9), devido à função que exerce no período, pode ser substituído pelo sinal de dois-pontos, sem prejuízo da correção gramatical do texto.
Texto I
[1] A primeira sessão paga de cinema aconteceu no dia
28 de dezembro de 1895, em uma sala nos fundos do Grand
Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Assombrada,
[4] a plateia viu imagens de trabalhadores saindo de uma fábrica
e de um trem chegando à estação. Para os padrões atuais, as
imagens seriam banais, mas, para um mundo acostumado
[7] apenas com os slides estáticos, eram uma revelação. Com a
projeção das imagens em movimento, Louis e Auguste
Lumière realizavam o sonho de muitos inventores — naquela
[10] noite, nascia o cinema.
1.000 que fizeram 100 anos de cinema. In: The Times/IstoÉ. São Paulo: Ed. Três (com adaptações).
Texto II
A Chegada do Trem à Estação (Lumière, 1895), com duração de 50 segundos, narra a chegada de uma locomotiva à plataforma de uma ferrovia repleta de passageiros que a aguardavam. Ao ser projetado, o filme causou espanto diante do público. Como a câmera englobou a totalidade da ação no momento em que o trem chega e para ao lado esquerdo da tela, o público pensou que o trem realmente estava lá, e tamanho foi o medo, que muitos fugiram da sala de exibição, e alguns que permaneceram se esconderam sob as cadeiras.
Fernando Mendonça. A filosofia no cinema.In: Spectrum, p. 103 (com adaptações).
Texto III
Nada nos impede de afirmar que, comparada com a realidade, a aparência da arte seja ilusória; mas, com idêntica razão, se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão ainda mais forte, uma aparência ainda mais enganadora que a aparência da arte. Na vida empírica e sensitiva, chamamos realidade e consideramos como tal o conjunto dos objetos exteriores e das sensações por eles provocadas. No entanto, todo esse conjunto de objetos e sensações é, não um mundo verdade, mas um mundo ilusões. Sabemos como a verídica realidade existe para lá da sensação imediata dos objetos que percebemos diretamente. Antes, pois, ao mundo exterior do que à aparência da arte se aplicará o qualificativo de ilusório. (...) As obras de arte não são, em referência à realidade concreta, simples aparências e ilusões, mas, sim, possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica. Caso se queira marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma human.
F. Hegel. In: Obras completas, H. G., vol. X.
Texto IV
A teoria de Flaubert sobre o realismo como norma estética evidenciava preocupação apenas com os processos profissionais do romancista. Ele idealizou uma indiferença científica, uma frieza e cuidado na observação dos materiais. Fez uma viagem ao Egito para estudar o cenário da sua novela Salammbô. Mas não se pode dizer que as novelas de Flaubert sejam uma servil tradução dos objetos naturais. “As pessoas creem que estou preso ao real”, disse ele, “quando, na realidade, o detesto”. Esse realismo rapidamente se intensificou na passagem para a fase chamada naturalismo, de que Zola foi o expoente máximo na França.
Wimsatt e Brooks. Crítica literária. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1971, p. 547 (com adaptações).
Texto V
Se tivéssemos de fazer uma trilha sonora para a chegada do trem à estação utilizando como fonte sonora os sons do ambiente da estação, poderíamos planejar a seguinte estrutura musical: som do trem freando lentamente, diminuindo sua velocidade, enquanto se ouve um apito agudo que se repete três vezes; ritmo do movimento da locomotiva ficando mais lento; som do trem diminuindo, e vozes das pessoas na plataforma crescendo de intensidade, de piano para forte; o trem dá seu último suspiro e silêncio. Na plataforma da estação, ouvem-se vozes, choros, pregões de vendedores, sons de carrinhos de carregar bagagem e passos lentos e apressados.
Tendo como referência os fragmentos de textos de I a V apresentados, julgue o item.
De acordo com o texto III, a realidade e a verdade da obra de arte não se encontram naquilo que é figurado, mas na possibilidade de representarem, pela figuração, estados psicológicos humanos verdadeiros.