Leia, com atenção, o quadrinho para responder à questão a seguir:
É incorreto afirmar que:
Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita.
[...]
Como é que sei tudo o que vai seguir e que ainda o desconheço, já que nunca o vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é que os senhores sabem mais do que imaginam e estão fingindo de sonsos. [...]
A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa da originalidade. Assim é que experimentarei contra meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale”, seguido de silêncio e chuva caindo.[...] O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares delas. E dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida.
Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.
Grito puro e sem pedir esmola. Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém. Aliás – descubro eu agora – também eu não faço a menor falta, e até o que eu escrevo, um outro escreveria. Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem porque escritora mulher pode lacrimejar piegas.
Sobre o texto é incorreto afirmar que:
[...] – Afinal, quem é você?
– Sua sombra. Huhuhu! Gostou da viagem que fez pelas quatro montanhas de palavras, conceitos e teorias?
– Muito. Nela, encontrei o elixir do rejuvenescimento.
– Descobri que sou um alienado, historicamente, ignorante como a maioria dos tupiniquins. Preciso de mais chão para voar mais alto...
[...] Proponho um pacto: você me socorre e será socorrido.
– Qual a missão? Percebi sua mudança de estratégia.
– Minha grande indignação com os carniceiros humanos...
Espero que a genética da nossa espécie nunca se degenere a ponto de nos tornarmos seres infelizes e produtores de lixo como o bicho-homem. [...]
[...] “se você quiser caçar macacos tem que aprender a subir em árvores”. Huhuhu! Agora, no meu desassossego, sofro por não saber como caçar quem destrói nosso nicho ecológico.
Todas as alternativas fazem referências ao livro, EXCETO:
De acordo com os cientistas, sou classificado pela ordem, subordem infraordem, família, gênero e espécie. [...] Trocando a miúdos, sou um guariba-vermelho, também conhecido por bugio-labareda, macaco-roncador e barbado. Sou mamífero de sangue quente. Espero que a genética da nossa espécie nunca se degenere a ponto de nos tornarmos seres infelizes e produtores de lixo como o bicho-homem. [...]
[...] Por que não consigo transformar meu luto em luta?
– Pois é, meu filho. Você é uma obra-prima da Mamãe Natureza. Você é um guariba querido e amado pelos parentes e pela floresta. Você é um barril de alegria, que explode a vida em aventura em aventuras mil.
De acordo com o texto, é correto afirmar que:
Já disse que eu estava com 39 anos e era um homem alto, meio curvado e estava usando uma barbicha e um bigode pontudo. Usava também óculos de aros dourados e redondos e meu nariz era afilado. Sou do tipo mediterrâneo e minha pele estava queimada pelo sol. Era um homem atraente e, naquele momento, notei que Trucco me olhava incrédulo. – Obrigado por me salvar do assalto – disse Trucco um tanto inseguro com a minha figura semidespida que, convenhamos, não devia ser um primor de elegância. Eu respondi que ele não me devia agradecimentos que tudo não passara de uma série de equívocos, aliás, o corolário da minha existência. Disse a ele que quem estava sendo assaltado era eu por um marido armado de terçado, e ele me disse seu nome (dele): Luiz Trucco, o cônsul-geral da Bolívia. Respondi estendendo a minha mão e informando que eu era um jornalista e me chamava Galvez, Luiz Galvez. Trucco tornou a agradecer e insistiu que eu o havia livrado de um vexame, coisa da qual não consegui me furtar. Perguntou se eu aceitaria uma bebida e entramos no animado cabaré. Era o Cabaré Juno e Flora e oferecia como atração os encantos de “Lili, Invencível Armada”, grande dançarina e diseuse cubana, contorcionista da metrificação parnasiana e dos ritmos tropicais.
SOUZA, Márcio. Galvez: Imperador do Acre. 18 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 18-19.
Sobre a estrutura do texto IV, é correto afirmar que:
Boa Vista do Rio Branco, pouco acima da linha do Equador ladeava a formosa Serra Grande, perto de Santa Maria do Boiaçu, ficava na margem direita do Alto Rio Branco e era cercada pelas Serras Pelada, Grande, Malacacheta, Moça e Murupu. Distava de Manaus quinhentas e quarenta e seis milhas. Vilarejo até 1926, pequenina e triste, possuía na ocasião, regular número de habitantes.
[...]
Em 1789, o coronel Lobo D'Almada, então Governador da Capitania de São José do Rio Negro, trouxe as primeiras reses para os lavrados do Rio Branco.[...]
Em julho de 1890, possuindo duzentos habitantes, foi elevada à categoria de Município, com o nome de Boa Vista do Rio Branco.
A igreja, bonitinha e bem conservada. Os dois únicos prédios novos e modernos: a Prelazia e o Hospital Nossa Senhora de Fátima, obras de Frei Gaspar, irmão leigo beneditino. O policiamento era feito por três guardas municipais. A matança de gado era livre. Não existiam cinema, clube, nem farmácias. E as autoridades, então? O Juiz de Direito, Dr. Vinitius, inteligente, bondoso e empreendedor. O delegado da polícia era miudinho.
Mas, com todos os defeitos, Boa Vista era um amor, hospitaleira, modesta e vivia em paz. Quantas famílias distintas! Brito, Lucena, Mota, Pinheiro, Fraxe, Xaud, Marques, Pinho, Souza Cruz, Brasil, Terêncio Lima, Alves dos Reis, Pinto, Venâncio de Souza (dono do Catrimâni), Magalhães, Moura, Melo, etc.
É incorreto afirmar que a autora: