A questão anterior trata das diferentes funções que frases podem desempenhar. Em “Hoje o dia está quente e ensolarado; vamos passear de bicicleta”, a parte da frase que se refere ao estado ou à condição do tempo é umenunciado
Os hábitos alimentares variam não só conforme as diferentes culturas, mas também conforme as condições socioeconômicas das pessoas e suas crenças religiosas. É a isso que se refere Padre Antônio Vieira no excerto do Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes:
Mas ainda que o Céu e o Inferno se não fez para vós, irmãos peixes, acabo, e dou fim a vossos louvores, com vos dar as graças do muito que ajudais a ir ao Céu, e não ao Inferno, os que se sustentam de vós. Vós sois os que sustentais as Cartuxas e os Buçacos, e todas as santas famílias, que professam mais rigorosa austeridade; vós os que a todos os verdadeiros cristãos ajudais a levar a penitência das quaresmas; vós aqueles com que o mesmo Cristo festejou a Páscoa as duas vezes que comeu com seus discípulos depois de ressuscitado. Prezem-se as aves e os animais terrestres de fazer esplêndidos e custosos os banquetes dos ricos, e vós gloriai-vos de ser companheiros do jejum e da abstinência dos justos! Tendes todos quantos sois tanto parentesco e simpatia com a virtude, que, proibindo Deus no jejum a pior e mais grosseira carne, concede o melhor e mais delicado peixe. E posto que na semana só dois se chamam vossos, nenhum dia vos é vedado. Um só lugar vos deram os astrólogos entre os signos celestes, mas os que só de vós se mantêm na terra, são os que têm mais seguros os lugares do Céu.
A partir desse fragmento, assinale a alternativa correta.
Considere esta assertiva:
Uma refeição solitária perde seu sabor mesmo em se tratando de um refinado manjar.
Fonte: ISHIGE, N. O homem, o comensal. Correio da Unesco (O Sal da Terra – Alimentação e Culturas), Rio de Janeiro, ano 15, jul. 1987.
Os relatos a seguir são de idosos que participaram de uma pesquisa sobre cultura alimentar. Qual dos relatos serve de evidência para a assertiva apresentada acima?
TEXTO I
TEXTO II
Por que comemos com o garfo?
Norbert Elias, sociólogo alemão que
viveu entre 1897 e 1990, analisa, a partir
de manuais de boas maneiras produzidos
entre a Idade Média e o início da era moderna,
as mudanças operadas no âmbito do uso do
garfo, utensílio que surgiu no fim da Idade
Média, com o objetivo de retirar alimentos da
travessa comum. Paulatinamente, foi introduzido
como utensílio de uso individual. De
início, o uso do garfo para se levar o alimento à
boca era considerado um sinal exagerado de
refinamento e seriamente reprimido.
Na análise de Elias (1994, p. 133), “o
garfo nada mais é que a corporificação de um
padrão específico de emoções e um nível
específico de nojo”. Esse processo nos mostra
como ocorriam as relações entre as pessoas
na Idade Média. Segundo o sociólogo alemão,
“as pessoas que comiam juntas na maneira
costumeira na Idade Média, pegando a carne
com os dedos na mesma travessa, bebendo
vinho no mesmo cálice, tomando a sopa na
mesma travessa ou prato fundo – essas
pessoas tinham entre si relações diferentes
das que hoje vivemos. E isto envolve não só o
nível da consciência, clara e racional, pois sua
vida emocional revestia-se também de
diferente estrutura e caráter” (ELIAS, 1994,
p. 82).
Fonte: PACHECO, S.S.M. O hábito alimentar enquanto um comportamento culturalmente produzido. In: FREITAS, M.C.S.; FONTES, G.A.V.; OLIVEIRA, N. (Orgs.). Escritas e narrativas sobre alimentação e cultura [online]. Salvador: EDUFBA, 2008, p. 228-229. (adaptado)
Considere as afirmativas:
I - Pelo princípio da invariabilidade do advérbio, justifica-se a palavra “meio” não estar concordando com o adjetivo “nervosa” no 1º quadro da tirinha.
II - O humor da tirinha é decorrente do sentido atribuído pelo menino à expressão “reeducação alimentar”, ao compreendê-la como aprendizado do modo de comer em vez de modificação de hábitos no consumo de alimentos.
III - O uso naturalizado do garfo na sociedade contemporânea, como denota o Texto 1, pode ser considerado um indício da individualidade que começou a se configurar na estrutura social no fim da Idade Média, em análise no Texto 2.
Está(ão) correta(s)
A Lenda da Mandioca (lenda dos índios Tupi)
Nasceu uma indiazinha linda, e a mãe
e o pai tupis espantaram-se:
– Como é branquinha esta criança!
E era mesmo. Perto dos outros curumins
da taba, parecia um raiozinho de lua.
Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa
e quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais
preocupavam-se.
– Vá brincar, Mani, dizia o pai.
– Coma um pouco mais, dizia a mãe.
Mas a menina continuava quieta, cheia
de sonhos na cabecinha. Mani parecia esconder
um mistério. Uma bela manhã, não se
levantou da rede. O pajé foi chamado. Deu
ervas e bebidas à menina. Mas não atinava
com o que tinha Mani. Toda a tribo andava
triste. Mas, deitada em sua rede, Mani sorria,
sem doença e sem dor.
E sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram
dentro da própria oca. E regavam
sua cova todos os dias, como era costume entre
os índios Tupis. Regavam com lágrimas de
saudade. Um dia perceberam que do túmulo
de Mani rompia uma plantinha verde e viçosa.
– Que planta será esta? Perguntaram,
admirados. Ninguém a conhecia.
– É melhor deixá-la crescer, resolveramos
índios.
E continuaram a regar o brotinho mimoso.
A planta desconhecida crescia depressa.
Poucas luas se passaram, e ela estava
altinha, com um caule forte, que até fazia a
terra se rachar em torno.
– A terra parece fendida, comentou a
mãe de Mani.
– Vamos cavar?
E foi o que fizeram. Cavaram pouco e,
à flor da terra, viram umas raízes grossas e
morenas, quase da cor dos curumins, nome
que dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha
marrom, lá estava a polpa branquinha,
quase da cor de Mani. Da oca de terra de Mani
surgia uma nova planta!
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram
os índios.
– E, para não deixar que se perca, vamos
transformar a planta em alimento!
Assim fizeram! Depois, fincando outros
ramos no chão, fizeram a primeira
plantação de mandioca. Até hoje entre os
índios do Norte e Centro do Brasil é este um
alimento muito importante.
E, em todo Brasil, quem não gosta da
plantinha misteriosa que surgiu na casa de
Mani?
Fonte: GIACOMO, Maria T. C. de. Lendas brasileiras, n. 7, 2. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1977.
Considerando princípios ortográficos, fonológicos e morfológicos da língua portuguesa, analise as afirmativas a seguir.
I - Se inserido acento na sílaba final de “esta” (ℓ.3), altera-se a tonicidade, mas mantém-se inalterada a classe de palavra.
II - Em “linda” (ℓ.1), assim como em “quieta” (ℓ.7), verifica-se ocorrência de um fonema representado por duas letras.
III - Diferentemente de “pouco”, nas linhas 7 e 37, a palavra “Poucas”, na linha 31, flexiona-se para concordar com o nome que a acompanha.
Está(ão) correta(s)
A Lenda da Mandioca (lenda dos índios Tupi)
Nasceu uma indiazinha linda, e a mãe
e o pai tupis espantaram-se:
– Como é branquinha esta criança!
E era mesmo. Perto dos outros curumins
da taba, parecia um raiozinho de lua.
Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa
e quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais
preocupavam-se.
– Vá brincar, Mani, dizia o pai.
– Coma um pouco mais, dizia a mãe.
Mas a menina continuava quieta, cheia
de sonhos na cabecinha. Mani parecia esconder
um mistério. Uma bela manhã, não se
levantou da rede. O pajé foi chamado. Deu
ervas e bebidas à menina. Mas não atinava
com o que tinha Mani. Toda a tribo andava
triste. Mas, deitada em sua rede, Mani sorria,
sem doença e sem dor.
E sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram
dentro da própria oca. E regavam
sua cova todos os dias, como era costume entre
os índios Tupis. Regavam com lágrimas de
saudade. Um dia perceberam que do túmulo
de Mani rompia uma plantinha verde e viçosa.
– Que planta será esta? Perguntaram,
admirados. Ninguém a conhecia.
– É melhor deixá-la crescer, resolveramos
índios.
E continuaram a regar o brotinho mimoso.
A planta desconhecida crescia depressa.
Poucas luas se passaram, e ela estava
altinha, com um caule forte, que até fazia a
terra se rachar em torno.
– A terra parece fendida, comentou a
mãe de Mani.
– Vamos cavar?
E foi o que fizeram. Cavaram pouco e,
à flor da terra, viram umas raízes grossas e
morenas, quase da cor dos curumins, nome
que dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha
marrom, lá estava a polpa branquinha,
quase da cor de Mani. Da oca de terra de Mani
surgia uma nova planta!
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram
os índios.
– E, para não deixar que se perca, vamos
transformar a planta em alimento!
Assim fizeram! Depois, fincando outros
ramos no chão, fizeram a primeira
plantação de mandioca. Até hoje entre os
índios do Norte e Centro do Brasil é este um
alimento muito importante.
E, em todo Brasil, quem não gosta da
plantinha misteriosa que surgiu na casa de
Mani?
Fonte: GIACOMO, Maria T. C. de. Lendas brasileiras, n. 7, 2. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1977.
Assinale V na(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F na(s) falsa(s).
( ) O texto se estrutura em estágios típicos da narrativa, dentre os quais está a complicação, iniciada no momento em que Mani não se levantou da rede.
( ) No estágio de orientação da narrativa, a personagem principal é representada por meio de um nome próprio e adjetivos que descrevem sua aparência, como “linda” (ℓ.1) e “branquinha” (ℓ.3), e seu comportamento, como “silenciosa” (ℓ.6) e “quieta” (ℓ.7).
( ) Palavras como “brotinho” (ℓ.29) e “branquinha” (ℓ.41) contribuem para estabelecer semelhanças entre a planta então desconhecida e Mani, ao mesmo tempo em que o emprego dos sufixos indicadores de diminutivo corroboram a representação de delicadeza e sensibilidade.
( ) Ao nomearem a nova planta de “Mani-oca” (ℓ.44), os índios utilizaram o processo de formação de palavras por derivação prefixal.
A sequência correta é