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O conservadorismo cresce no Brasil principalmente entre os mais escolarizados, revela o Ibope. Pesquisa inédita e divulgada em primeira mão pela piauí mostra que, embora a variação tenha sido marginal no conjunto da população entre 2016 e 2018, o índice de conservadorismo cresceu muito acima da média entre quem fez faculdade. O índice reflete a proporção de brasileiros que apoiam ou refutam cinco propostas: casamento de pessoas do mesmo sexo, legalização do aborto, redução da maioridade penal, prisão perpétua para crimes hediondos e adoção da pena de morte.
A proporção da população com alto grau de conservadorismo cresceu de 49% em 2010 para 54% em 2016 e chegou a 55% em 2018.
Esta é a terceira vez que o Ibope calcula esse índice. Entre a primeira e a segunda vez, o conservadorismo teve um crescimento significativo em quase todos os extratos sociais, puxado pelas questões sobre segurança pública. O apoio tanto à pena de morte quanto à redução da idade mínima para alguém ser preso e condenado foi o que alavancou a parcela de conservadores na sociedade brasileira entre 2010 e 2016. À época, esse crescimento se concentrou entre quem tinha passado menos tempo na escola. Nos últimos dois anos, o fenômeno se inverteu.
De 2016 para 2018, o conservadorismo cresceu mais entre quem fez faculdade, mas também entre quem cursou o ensino médio, enquanto refluía um pouco entre as pessoas que não passaram do ensino fundamental. Essa mudança pode ter duas origens: os mais escolarizados se tornaram mais conservadores ou os conservadores se tornaram mais escolarizados. Seja qual for a ordem dos fatores, o produto dessa mudança é que se desfez a escada do conservadorismo na qual cada degrau de escolaridade conduzia a um aumento do liberalismo de costumes e a um decréscimo do punitivismo (sic).
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Os brasileiros contrários à legalização do aborto eram 78% em 2016 e são 80% em 2018. Os favoráveis à pena de morte continuam no mesmo patamar: eram 49% e são 50%. O mesmo ocorreu com os que defendem a prisão perpétua para crimes hediondos (oscilaram de 78% para 77%). Houve pequeno refluxo do apoio à redução da maioridade penal (de 78% para 73%), mas cresceu a rejeição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo (de 44% para 50%).
CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari explica que as principais preocupações do brasileiro hoje são: desemprego, corrupção, saúde e segurança pública. Ela tem uma hipótese para explicar o crescimento do conservadorismo: “Além dessas preocupações, estamos passando por uma crise institucional que abarca a economia, a política, o social e a moral, por isso há um desejo da reconstrução dos valores. E esse desejo, juntamente com o problema da segurança pública, faz com que haja um conservadorismo maior da população, principalmente entre os mais escolarizados”.
<https://tinyurl.com/y7du3k3f> Acesso em: 03.10.2018. Adaptado.