Texto 1
A educação de que precisamos para o mundo que queremos
A Rio+20 acontece sob uma conjuntura global de crises. Não apenas assistimos às consequências econômicas, sociais e ambientais das crises do capitalismo financeiro em sua fase neoliberal, como também a uma crise de maior magnitude que evidencia os problemas intrínsecos ao sistema atual, que afetam esferas essenciais da vida e se expressam em diversos fenômenos locais, regionais e mundiais. Ainda que os analistas e a opinião pública estejam focados na Europa e nos Estados Unidos, a conjuntura manifesta sinais de esgotamento global e, cada vez mais, demandas por alternativas para a humanidade e para o planeta surgem.
Enquanto os organismos financeiros multilaterais priorizam uma análise econômica da crise, propondo as mesmas políticas de ajustes estruturais centradas na diminuição de gastos dos Estados, as organizações da sociedade civil e movimentos sociais têm alertado sobre a complexidade das crises que estamos atravessando.
A conjuntura apresenta múltiplos pontos problemáticos, mas um dos mais importantes corresponde à crise de ordem política global, pois não existe um espaço democrático internacional que permita tomar decisões em relação a problemas que são de dimensão global e com diferentes efeitos no nível local. O que tem prevalecido nos espaços tradicionais de discussão são os interesses particulares de alguns estados, corporações e bancos sob o interesse do capital. Essa situação é preocupante, uma vez que supõe a debilidade do multilateralismo para a tomada de decisões coletivas para problemas globais.
Neste contexto, tem-se presenciado a emergência de novos processos de mobilização e participação cidadã, com uma explosão de movimentos sociais ativos frente a situações de violação de direitos humanos e de catástrofes ambientais que, cada vez mais, se posicionam como fatores de incidência e mudança na política de alguns países. Esses novos atores internacionais estão levando o debate sobre as características institucionais do sistema democrático a posições prioritárias nas agendas nacionais. Existem movimentos direcionados para o desenvolvimento de processos autoconstituintes, para iniciativas populares de lei e para a reformulação dos sistemas democráticos tornando- os mais inclusivos e participativos.
O inédito nesta conjuntura é, precisamente, a força mobilizadora desses movimentos de cidadania, ao ponto de disputarem a recomposição do público e da agenda política global, dinamizando e politizando o debate sobre as possibilidades de mudança rumo a sociedades sustentáveis e suas dimensões ambiental, social, econômica e com responsabilidade global.
Os movimentos civis têm se expressado de diferentes maneiras, impactando substancialmente no reordenamento da política de vários países e regiões: seja pelas reivindicações por direitos humanos e democratização, seja pela indignação em relação ao desemprego e pela exclusão de setores importantes da população dos serviços sociais básicos, pelo descontentamento dos cidadãos e cidadãs com as maneiras existentes de organizar a política democrática, pela mobilização estudantil por uma educação pública gratuita universal e pelas lutas de organizações ambientais contra Estados e grandes corporações que depredam o meio ambiente. Com isso o movimento civil global enfrenta desafios de curto e médio prazo de grande alcance ético e político.
Disponível em: http://rio20.net/pt-br/propuestas/a-educacao-que-precisamos- para-o-mundo-que-queremos. Acesso em: 04-05-2012. Adaptado.
Assinale a alternativa em que a expressão entre parênteses pode substituir o segmento destacado em negrito sem prejuízo do sentido dado no texto 1.