Assinale a opção em que são apresentados versos que expressam elementos essenciais da estética simbolista.
Texto
Até as Memórias Póstumas de Brás Cubas — a obra da viravolta machadiana —, o romance brasileiro era narrado por um compatriota digno de aplauso, a quem a beleza de nossas praias e florestas, a graça das mocinhas e dos costumes populares, sem esquecer os progressos estupendos do Rio de Janeiro, desatavam a fala. Além de artista, a pessoa que direta ou indiretamente gabava o país era um aliado na campanha cívica pela identidade e a cultura nacionais. Já o narrador das Memórias Póstumas é outro tipo: desprovido de credibilidade (uma vez que se apresenta na impossível condição de defunto), Brás Cubas é acintoso, parcial, intrometido, de uma inconstância absurda, dado a mistificações e insinuações indignas, capaz de baixezas contra as personagens e o leitor, além de ser notavelmente culto — uma espécie de padrão de elegância — e escrever a melhor prosa da praça. A disparidade interna é desconcertante, problemática em alto grau, compondo uma figura
inadequada ao acordo nacional precedente. Roberto Schwarz. A viravolta machadiana. Novos estudos Cebrap, São Paulo, n.º 69, p. 21, jul. 2004.
apresenta uma comparação crítica entre Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e o panorama das obras anteriores a esse livro de Machado de Assis.
O elemento estruturante que constitui o núcleo dessa comparação é a mudança na configuração
Texto
Até as Memórias Póstumas de Brás Cubas — a obra da viravolta machadiana —, o romance brasileiro era narrado por um compatriota digno de aplauso, a quem a beleza de nossas praias e florestas, a graça das mocinhas e dos costumes populares, sem esquecer os progressos estupendos do Rio de Janeiro, desatavam a fala. Além de artista, a pessoa que direta ou indiretamente gabava o país era um aliado na campanha cívica pela identidade e a cultura nacionais. Já o narrador das Memórias Póstumas é outro tipo: desprovido de credibilidade (uma vez que se apresenta na impossível condição de defunto), Brás Cubas é acintoso, parcial, intrometido, de uma inconstância absurda, dado a mistificações e insinuações indignas, capaz de baixezas contra as personagens e o leitor, além de ser notavelmente culto — uma espécie de padrão de elegância — e escrever a melhor prosa da praça. A disparidade interna é desconcertante, problemática em alto grau, compondo uma figura
inadequada ao acordo nacional precedente. Roberto Schwarz. A viravolta machadiana. Novos estudos Cebrap, São Paulo, n.º 69, p. 21, jul. 2004.
O gênero e a forma artística da obra de Machado de Assis a que o texto faz referência são, respectivamente,
Texto
Até as Memórias Póstumas de Brás Cubas — a obra da viravolta machadiana —, o romance brasileiro era narrado por um compatriota digno de aplauso, a quem a beleza de nossas praias e florestas, a graça das mocinhas e dos costumes populares, sem esquecer os progressos estupendos do Rio de Janeiro, desatavam a fala. Além de artista, a pessoa que direta ou indiretamente gabava o país era um aliado na campanha cívica pela identidade e a cultura nacionais. Já o narrador das Memórias Póstumas é outro tipo: desprovido de credibilidade (uma vez que se apresenta na impossível condição de defunto), Brás Cubas é acintoso, parcial, intrometido, de uma inconstância absurda, dado a mistificações e insinuações indignas, capaz de baixezas contra as personagens e o leitor, além de ser notavelmente culto — uma espécie de padrão de elegância — e escrever a melhor prosa da praça. A disparidade interna é desconcertante, problemática em alto grau, compondo uma figura
inadequada ao acordo nacional precedente. Roberto Schwarz. A viravolta machadiana. Novos estudos Cebrap, São Paulo, n.º 69, p. 21, jul. 2004.
A caracterização de Brás Cubas, segundo as afirmações do texto, indica que Memórias Póstumas de Brás Cubas, no conjunto da literatura brasileira, é uma obra representativa do período
[Quanto] à questão da incorporação dos pobres pelo romance de 30, é preciso acrescentar que uma abertura desse tipo coloca para o intelectual, oriundo geralmente das classes médias ou de algum tipo de elite decaída, o problema de lidar com um outro. Esse problema foi vivido em profundidade pelos autores daquela década e bem ou mal resolvido de várias maneiras diferentes. (...) Para Graciliano, como se vê, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. E lidando com o impasse, ao invés das fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador, um recorte de tempo, enfim, um verdadeiro gênero a se esgotar num único romance, em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o impasse acontece porque, para a intelectualidade brasileira daquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano meio de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos — lembre-se que a crítica achou inverossímil que Paulo Honório fosse o narrador de S. Bernardo. O que Vidas Secas faz é, com um pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.
Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. Revista deLiteratura Brasileira, São Paulo, n. 2, ed. 34, p. 255-256, 2001.
Analisando-se o caso específico do romance de 30 e os elementos gerais do Modernismo brasileiro quanto à questão da representação das classes populares pelos intelectuais, é possível afirmar, com base no texto precedente, que, em Vidas Secas, de Graciliano Ramos,
Apesar de alegarem nos pronunciamentos a impassibilidade em face das emoções, esses poetas foram na prática carregados de emotividade e paixão, em grande parte de suas obras. Quanto à linguagem,
apegaram-se ao rigor gramatical e restauraram muito da dicção dos clássicos, fazendo deste modo um retorno à tradição. Provavelmente isto contribuiu para lhes dar voga e credibilidade, pois facilitava o entrosamento com as aspirações dominantes da cultura oficial. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a [sua] visão luxuosa, a sua descrição de vasos de porcelana, salas de mármore, metais preciosos, joias, tecidos raros, não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material, e, para o comum dos leitores, uma miragem compensadora que dava conforto.
Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007, p.73 (com adaptações).
Consideradas as descrições apresentadas no texto precedente, é correto afirmar que a fase da cultura brasileira a que ele se refere corresponde à produção estética dos poetas