Questões de Filosofia - Temática - Bioética
Os racistas violam o princípio de igualdade ao conferirem mais peso aos interesses de membros de sua própria raça quando há um conflito entre seus interesses e os daqueles que pertencem a outras raças. Os sexistas violam o princípio da igualdade ao favorecerem os interesses de seu próprio sexo. Analogamente, os especistas permitem que os interesses de sua própria espécie se sobreponham àqueles maiores de membros de outras espécies. O padrão é idêntico em todos os casos.
SINGER, Peter. Liberação Animal. Trad. Marly Winckler. ed. rev. Porto Alegre, São Paulo: Lugano, 2004. p. 11. (Fragmento).
Segundo Peter Singer, o especismo, assim como o racismo e o sexismo, descumpre o princípio moral básico de igual consideração dos interesses dos indivíduos.
Sobre o modo como animais devem ser tratados, levando em conta o princípio de igual consideração de interesses, marque a alternativa INCORRETA.
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os seres humanos compartilham essa experiência com os animais. Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de modo altamente detalhado, o rico repertório de reações dos animais à presença imediata de uma ameaça que ponha em risco suas vidas. Os humanos, porém, conhecem algo mais além disso: uma espécie de medo de “segundo grau”, um medo, por assim dizer, social e culturalmente “reciclado”, um “medo derivado” que orienta seu comportamento, haja ou não uma ameaça imediatamente presente. O medo secundário pode ser visto como um rastro de uma experiência passada de enfrentamento de uma ameaça direta — um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade.
Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9 (com adaptações).
O último período do texto introduz uma das ideias centrais que estruturam o texto.
A necessidade de superação da barreira existente entre as ciências humanas (ética) e as ciências da natureza (biologia, biomedicina etc.) surgiu, no século XX, a partir do rápido e grandioso desenvolvimento da ciência e da tecnologia, o que desencadeou uma série de abordagens interdisciplinares que procuravam equacionar as novas questões éticas oriundas dos avanços tecnocientíficos. Uma dessas correntes é o principialismo que busca tratar os problemas éticos oriundos das novas práticas terapêuticas baseando-se em alguns princípios.
Leia os itens abaixo e assinale a alternativa que NÃO expressa um conteúdo de um princípio ético.
Leia o texto a seguir para responder à questão.
Imaginário e contágio psíquico
Segundo o documentário "The town that nearly danced itself to death" (2016) da BBC e a Revista Galileu (2016), no ano de 1518, na cidade de Estrasburgo, na França, uma mulher chamada Frau Troffea iniciou passos de dança no meio de uma rua. Em uma semana, 34 indivíduos, mulheres, homens e crianças, estavam contagiados pela dança que a mulher iniciara; em um mês, cerca de quatrocentos indivíduos ainda continuavam a dançar, tomando ruas adjacentes. Inicialmente, "médicos e astrônomos da época concluíram que a epidemia era uma doença natural, causada por "sangue quente". Sem que se soubesse como lidar com a situação, consta que "os habitantes saudáveis construíram palcos e levaram músicos ao local, pensando que a crise cessaria se fosse estimulada".
Entretanto, a estimulação por meio da música agravou o contágio, e a certo ponto da epidemia, os indivíduos já não dançavam mais por prazer, mas era impossível parar de dançar. Os relatos afirmam que, por não conseguirem parar de dançar, diversos indivíduos morreram de ataque cardíaco, derrame cerebral ou exaustão. A Revista Galileu ainda menciona que um jornal da época noticiou que cerca de quinze indivíduos morreram por dia durante esse estranho evento.
Esse caso, que poderia ser chamado de possessão coletiva, ocorrido em Estrasburgo, durou quatro meses, até cessar sem nenhuma causa aparente. Os indivíduos que sobreviveram voltaram a suas vidas cotidianas, enquanto "especialistas discutiram se a epidemia era uma doença real ou um fenômeno social. As evidências acabaram apontando que a epidemia era uma espécie de contágio cultural". O termo "contágio cultural", escolhido para designar o ocorrido, não poderia ser mais feliz, e se fôssemos buscar um nome mais apropriado, a partir do que hoje conhecemos sobre Psicologia Arquetípica, poderia ser designado por contágio psíquico.
Compreender de que forma esses contágios se dão alarga a discussão relativa aos fenômenos das massas. Desloca a atenção para o momento contemporâneo, no qual as massas, como tradicionalmente eram compreendidas, dissolvem-se, enquanto processos rizomáticos tomam seu lugar.
Na era das redes, em que cada nodo abriga potencialmente uma outra rede e em que as redes se entrelaçam de maneira complexa e não causal, problematizar o conceito de rede para pensar os fenômenos culturais, buscando por uma noção de rede mais complexa e menos tecno-funcional, nos aproxima, inevitavelmente, do Inconsciente Coletivo, como proposto por Jung.
É nesse sentido que não se pode considerar superados os fenômenos das massas, ainda que revisitemos toda a teoria sobre a qual suas análises se assentem até o final do século XX, sendo prudente não menosprezarmos os movimentos coletivos e o potencial de ressurgimento de um Leviatã, que agora se ergue de uma nova maneira.
(Malena Contrera & Leonardo Torres. Imaginário e contágio psíquico. Intexto, Porto Alegre, n. 40, pp. 11-22, 2017 [excerto]).
O texto de Contrera e Torres busca uma explicação para o "contágio psíquico" no conceito de inconsciente coletivo, de Carl Gustav Jung (1875-1961). Jung, psicanalista suíço, em seu livro Os arquétipos e o inconsciente coletivo (1959), assim define esse conceito: "O inconsciente coletivo é uma parte da psique que pode distinguir-se de um inconsciente pessoal pelo fato de que não deve sua existência à experiência pessoal, não sendo portanto uma aquisição subjetiva".
De acordo com Contrera e Torres, esse conceito pode ser usado para compreender os "fenômenos das massas" nas redes sociais porque
Leia o trecho da reportagem sobre a rinha de cães descoberta na região metropolitana de São Paulo:
[...]
De acordo com a polícia, 26 lutas entre cães estariam previstas para ocorrer no local. Todos os animais resgatados apresentavam ferimentos, em alguns casos profundos. Nesse tipo de luta, alguns cães chegam a morrer. Além dos cachorros, a polícia também apreendeu envelopes com anotações de apostas, celulares, troféus, camisetas do “evento”, planilhas sobre lutas, medicamentos ilegais, seringas e outros insumos hospitalares que seriam usados nos animais.
[...]
Dos 38 detidos, ainda segundo a polícia, havia um americano, dois peruanos, dois mexicanos, um policial militar, além de dois médicos, sendo um deles veterinário. A defesa dos suspeitos não foi encontrada pela reportagem.
[...]
(Polícia fecha rinha de cães e prende 38 pessoas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 dez. 2019. Caderno cotidiano, p. B2. Adaptado.)
Considere o trecho lido e avalie as assertivas apresentadas nos itens de I a IV:
I - O homem, ser racional, portanto superior, pode protagonizar ações que desmerecem essa classificação.
II - A consciência e o nível intelectual elevados são características que revelam o lado positivo dos hominídeos em comparação com os outros animais e barram ações reprováveis.
III - Um nível de consciência elevado e em consonância com princípios de humanidade e respeito à vida refutaria procedimentos como os relacionados aos cães da reportagem.
IV - A participação de médico, policial e veterinário nos fatos relatados indica que esses fatos vêm ao encontro do que animais domésticos representam atualmente.
Assinale a única alternativa cujos itens estão corretos de acordo com o texto:
Em sua obra O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica (1979), o filósofo alemão Hans Jonas (1903-1993) apresenta os fundamentos éticos para o meio ambiente e crítica a técnica moderna a qual é uma ameaça a biodiversidade. Essa postura filosófica reflete um novo paradigma no campo da ética levando o homem a pensar nos direitos de cada ser vivo.
Assim, a reflexão-discussão proposta por Hans Jonas, pretende:
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