Redação #1035969
Previsão: 27/05/2022
Segundo Immanuel Kant: "o ser humano é aquilo que a educação faz dele" e, com a redução das verbas direcionadas às políticas de ensino, não somente os futuros das universidades federais se tornam incertos, mas também o futuro dos brasileiros. Compreendendo que as formações superiores contribuem para o desenvolvimento social e econômico dos cidadãos de uma nação, a desvalorização da educação pelo Estado arquiteta a inviabilidade da ascesão de classes, principalmente para os grupos de baixa renda. Tal problemática surge da negligência do governo diante de uma demanda que deve ser prioridade para que haja disposição igualitária de oportunidades ao povo.
Primeiramente, é importante ressaltar a relação próxima entre o nível de escolaridade de um indivíduo e o estrato social ao qual ele pertence. De acordo com um estudo divulgado pela Universidade de Belo Horizonte, UniBH, pessoas que concluíram somente o Ensino Médio recebem até 142% menos que aqueles que finalizaram o Ensino Superior. Evidencia-se, então, o impacto que a redução dos investimentos nesse setor tem sobre a mobilidade social dos brasileiros, resultando na elitização do acesso ao meio mais eficiente para o desenvolvimento econômico da população.
Por conseguinte, tem-se o surgimento de um mecanismo de opressão a partir de um instrumento criado para ser veículo de democracia, como dito e criticado por Pierre Bourdieu, transformando a educação em um privilégio a ser acessado apenas pelos grupos sociais que menos dependerem das ações de incentivo econômico do governo ou que puderem arcar com os altos custos das universidades particulares. Sendo assim, há-se a intensa fragmentação de uma sociedade em decorrência da desigualdade que se estabelece no descaso dos Poderes frente as necessidades do povo.
Urge, dessa maneira, que o Ministério da Economia, em união ao Ministério da Educação, reveja as preioridades estabelecidas pelos governos nas últimas décadas, redirecionando verbas às instituições federais de ensino do Brasil e investindo em um projeto voltadoàfacilitação do acesso da comunidade de baixa renda aos incentivos e financiamentos para a manutenção dos custos de permanência dos estudantes no curso escolhido. Essa ação favorecerá a ascensão de classes através da melhoria no índice de escolaridade no país e propiciará, consequentemente, o aumento de vagas de emprego no mercado, assim como a melhoria na qualidade da capacitação de profissionais que ocuparão lugares com maiores remunerações e segurança. Sabendo que somente o investimento naquilo que molda o ser humano culminará no aumento do número de pessoas aptas para contribuirem com uma nação mais justa, funcional e de oportunidades equivalentes aos seus cidadãos, fica claro que sem um direcionamento orçamentário maior para a educação, o Brasil caminhará de forma cada vez mais veloz rumo à elitização, amparando poucos em detrimento de muitos,o que precisa ser evitado.
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