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Acesse GrátisRedação #1095830
IMPACTOS DO DISCURSO DE ODIO MAS REDES SOCIAIS
O quadro expressionista "O grito" - do pintor norueguês Edvard Munch - retrata o medo, a inquietude e a desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto em uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhares de indivíduos assolados pela disseminação do discurso de ódio nas redes sociais é, com frequência, semelhante ao ilustrado pelo artista. Nesse viés, torna-se crucial analisar os impactos desse revés, que apresenta raízes não só na omissão do Estado, mas também no preconceito.
A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa o problema. Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das instituições zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como existentes, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades, as leis do código penal não são aplicadas com adequação ao contexto do mundo cybernético, o que contribui para uma maior percepção da impunidade por meio daqueles que sofrem com injúrias, calúnias e até ameaças.
Ademais, é igualmente preciso apontar o preconceito - e suas vertentes - como outro fator que promove a manutenção da mazela. A esse respeito, Gilberto Freyre - sociólogo brasileiro - na obra casa-grande e senzala, desenvolveu a tese segundo a qual a identidade do povo brasileiro foi construída a partir da figura do Senhor de engenho: branco, patriarca, católico. Ocorre que, séculos depois e fora da sociedade colonial, as pessoas que fogem às características listadas pro Freyre padecem com o preconceito enraizado, que agora se encontra potencializado por uma ferramenta de alcance global - a Internet.
Logo, são necessárias medidas capazes de mitigar a problemática na sociedade verde-amarela. Dessarte, com o intuito de disseminar os direitos legais, bem como incentivar a denúncia, é imperativo que o ministério da justiça, em parceria com alguns dos maiores influencers do país, promovam uma série de posts no Instagram e Facebook, alertando para a igual seriedade legal dos crimes cometidos nos meios digitais, ao passo que incentivem fortemente a denúncia desses delitos. Espera-se, assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch limitem-se exclusivamente ao meio artístico.

Extremoz - RN
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