Redação #1103717
Previsão: 18/08/2022
A constituição federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, prevê em seu artigo 6°, o direito a alimentação como inerente a todo cidadão brasileiro. Conquanto, tal prerrogativa não tem de reverberado com ênfase na prática quando se observa a insegurança alimentar brasileira, dificultando, deste modo, a universalização desse direito social tão importante. Diante desse perspectiva, torna-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem esse quadro, dentre os quais se destacam a alta dos preços no mercado, especificamente alimentício, e a ineficácia governamental.
A princípio, deve se ressaltar a inflação como potencializadora da problemática. Segundo dados do G1, de março de 2017 ao mesmo mês de 2022 o real perdeu 31,32% do seu valor. A inflação, em suma, é o aumento do preço de bens e serviços que são essenciais para o dia a dia das pessoas, as deixando assim, com seu poder de compra reduzido e, consequentemente, o real cada vez mais desvalorizado. Analisando esse fato, é perceptível que a engrenagem do problema está refletida em função da oferta e demanda, tendo em vista que quanto maior a oferta de determinada mercadoria é, menor o seu valor fica, já quando a demanda é grande, o preço tende a subir, assim, diminuindo o poder aquisitivo do cidadão brasileiro.
Ademais, é igualmente preciso apontar a negligência governamental como outro fator agregante deste cenário deletério. Por falta de tal atuação de poder, é visível que com a aquisição dos cidadãos reduzida, eles são obrigados a consumir menos e reduzir a circulação de dinheiro no país, fato que juntamente com outros, como a baixa capacitação em nível escolar e profissional e a substituição de mão de obra por máquinas, intensificam em grande escala a taxa de desempregabilidade, dificultando ainda mais a conquista em conseguir levar uma cesta básica para dentro de casa. Esse contexto de inoperância exemplifica a teoria das "Instituições Zumbies" do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, entretanto sem cumprirem suas funções com eficácia, como o estado.Logo, é inadmissível que esse quadro continue a perdurar.
Por tanto, são necessárias medidas para mitigar a problemática. Para isso, cabe ao poder executivo, criar, por meio de um aumento no percentual de investimentos, programas que atendam indivíduos e famílias em situação precárias e possam realmente suprir suas necessidades; diminua a exportação e se dedique mais ao meio interno, ao país, para que a oferta mercantil possa ser maior e o real seja valorizado ao ponto de um salário mínimo ser suficiente para abastecer uma dispensa por no mínimo um mês; também são necessárias medidas que degradem a falta de trabalho, como por exemplo instituições públicas de capacitação profissional e a volta da mão de obra, algo que também ajuda o meio ambiente. Assim, torna-se possível a construção de uma sociedade permeada pela efetivação dos elementos elencados na carta magna.
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