Redação #1205086
Previsão: 17/10/2022
No seriado distópico "3%", é retratado um mundo dividido em duas partes: uma onde 3% gozam do direito à cidadania, vida farta e total domínio sobre os carentes e outra onde há apenas o desgosto da miséria. Embora seja uma obra ficcional, é nítida a semelhança com a realidade brasileira, pois, assim como no seriado, o poder sobre a vida das pessoas que estão à margem está sob controle do Estado que não visa o bem-estar dessa parcela da população e o julgamento está sob posse dos indivíduos, que dificilmente sentirão empatia para com eles, porque se encontram com realidades extremamente distintas.
Deve-se contextualizar, primeiramente, que a exclusão social faz de suas vítimas reféns da desigualdade e impossibilitadas de atingir a ascensão social. Segundo o artigo 6º, da Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, todos os cidadãos tem direito à moradia, saúde, educação e alimentação. Contudo, ao observar a exclusão social dos moradores de rua, é notária a falta da plena consideração dessa premissa constitucional do Estado para com os sem-teto. Nesse sentido, pode-se afirmar que o Estado vê pessoas em situação de rua como cidadãos de segunda classe e os negligencia, sendo então um dos fatores do posto em que que a população de rua se encontra.
Sob o mesmo ponto, pode-se dizer que o descaso com esse grupo por parte do Estado corrobora para o comportamento do indivíduo, visto que, essa má influência causa um julgamento preconceituoso intrínseco nos cidadãos. Uma organização britânica em parceria com o Instituto Gallup fez um levantamento de solidariedade mundial que analisou 146 países mostrou que o Brasil ocupou a 122ª colocação. Ao considerar a falta de empatia e aumento no individualismo na nação brasileira, é válido dizer que os indivíduos veem pessoas em situação de rua como um problema apenas governamental e não social.
Portanto, cabe ao Estado investir em programas sociais e ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos através de verba financeira para que os direitos básicos previstos pela Constituição Federal sejam garantidos aos moradores de rua com o intuito de assegurar a igualdade, honra e dignidade. A igualdade e dignidade constroem uma sociedade justa e plena, sem cidadãos de segunda classe.
- SP