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Acesse GrátisRedação #1257981
Previsão: 21/11/2022
No diário "Quarto de Despejo", a autora Carolina Maria de Jesus retrata a difícil realidade da fome e da miséria na comunidade do Canindé, em São Paulo. Hoje, percebe-se que a obra dialoga com o aumento da inflação econômica no Brasil e os impactos sociais causados por essa. A partir desse contexto, é imprescindível analisar as causas desse entrave e a repercussão desse embate no país.
Com base nesse cenário, é fundamental compreender que a inflação aumenta o custo de vida e diminui o poder de compra do cidadão. De fato, " nenhuma economia que hoje é desenvolvida foi caracterizada, no passado, como emergente" (teoria estudada pelo economista Celso Furtado). Nessa perspectiva, o subdesenvolvimento deve ser considerado como a maior causa dos problemas sociais no Brasil pois, esse processo histórico combinado com uma devastadora pandemia e drástica estagnação econômica geraram no país, de acordo com o IBGE, a maior inflação desde a criação do plano real em 1994. Assim, os efeitos dessa crise podem ser observados no exorbitante aumento no preço de produtos essenciais e lamentável crescimento no número de pessoas famintas, tal qual a situação relatada pelos moradores da comunidade que vivia Carolina.
Consequentemente, percebe-se também, o quanto a inflação repercute na desigualdade no Brasil. Realmente, não há como hesitar, a crise é extremamente explorada como justificativa para o não investimento em políticas sociais. Essa ideia foi estudada pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos e denuncia a atitude do Estado, o qual permite que o país ocupe uma posição extremamente alta no ranking de concentração de renda do mundo, ao mesmo tempo em que ignora mais de 30 milhões de brasileiros que estão passado fome (dado do IPEA). A partir disso, é difícil pensar em evoluir dessa política elitista sem o comprometimento do Estado em diminuir as disparidades sociais.
Portanto, é inegável que o aumento das desigualdades sociais devido à inflação econômica é uma consequência da gestão política, a qual reverbera no desenvolvimento do país. Dessa forma, é fundamental que o Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Economia, estimule ações de incentivo ao crescimento do mercado interno brasileiro. Tal ação ocorrerá por meio de um "Projeto Nacional de Incentivo ao Crescimento Econômico Equitativo", o qual redirecionará recursos para diminuir e eliminar impostos e taxas sobre produtos essenciais, a fim de garantir que todos os brasileiros possam adquirir alimentos suficientes para sobreviver. Afinal, o corpo social é incapaz de produzir e progredir se não tiver comida no seu organismo para sustenta-lo.
Recife - PE