Cidadania Digital na Escola
A escola ajuda a preparar as crianças e os jovens para o uso responsável e consciente das tecnologias? Você, professor, já discutiu esse tema com os seus alunos?
No meio educacional, a maioria das pessoas já reconhece que é fundamental que as escolas e os educadores discutam formas de transformar as ferramentas tecnológicas, cada vez mais presentes nas vidas de crianças e adolescentes, em aliadas do ensino. No entanto, tão importante quanto, é a escola ajudar a prepara os estudantes para esta conectividade fora da sala de aula. Você já conversou sobre cidadania digital na sua escola?
O que é?
Cidadania digital é um tema recente na educação (educação digital), mas muito importante em tempos tecnológicos, pois prepara as pessoas para o uso mais seguro e consciente da tecnologia. Ela ajuda, entre outras coisas, a combater o cyberbullying, prática caracterizada pela violência intencional e repetida que se manifesta no ambiente virtual. Também pode ser entendida como as normas que gerem como as pessoas se relacionam e compartilham as informações na era da Internet.
Mike Ribble, considerado um expoente na área de educação e tecnologia mundial, em seu livro “Digital Citizenship in Schools” (Cidadania digital nas escolas), defende que a Cidadania Digital é formada por usuários tecnológicos (cidadãos digitais) responsáveis pelo uso adequado ou não da tecnologia, e que cabe aos educadores, pais e líderes de tecnologia conscientizar e preparar os usuários para utilizar as tecnologias de maneira segura.
“Não podemos ficar bravos com as nossas crianças pelo uso inapropriado da tecnologia se não ensinarmos a elas o que consideramos apropriado. Mas, para ajudar as crianças e os jovens, pais e professores precisam entender quais são as questões relevantes não somente sobre a internet, mas sobre todas as tecnologias” (Mike Ribble).
A professora e especialista em tecnologia e novos meios de ensino, Vicki Davis, é uma das maiores autoridades no assunto atualmente. Autora de diversos livros sobre o tema, ela discute regularmente sobre a tecnologia na educação em seu Blog Cool Cat Teacher. Ela conta que na sala de aula usa duas abordagens diferentes quando se trata de Cidadania Digital: o conhecimento pró-ativo e o conhecimento experimental.
Conhecimento Pró-ativo
A professora Vicki ensina os “9 Ps da Cidadania Digital” (sigla para as palavras em inglês) que definem atitudes interligadas que os professores devem ter para ensinar seus alunos a se portarem bem na internet, se protegerem de ameaças virtuais e serem bons cidadãos no mundo digital
1. Senhas (Passwords)
Os estudantes sabem como criar uma senha segura? Sabem que as senhas de email e banco online devem ter um nível maior de segurança e nunca ser a mesma usada em outros sites? Eles tem algum tipo de gerenciador de senhas para lembrar de todas ou um aplicativo seguro para armazenar essas informações?
2. Privacidade (Privacy)
Os alunos sabem como proteger suas informações privadas como endereço, email e telefone? Antes de baixar um aplicativo, eles dão atenção às permissões que cada um exige? Mostrar e discutir quais são essas permissões pode ser uma maneira de chamar atenção deles. Eles sabem quando estão invadindo a privacidade do outro?
3. Informações pessoais (Personal Information)
Informações como o telefone, email pessoal ou a comida favorita devem ser compartilhadas apenas com pessoas escolhidas pelo usuário, já que não podem ser usadas diretamente para identificar a pessoa. É legal e seguro fazer check-in em todo lugar que se vai? É legal divulgar informações pessoais de outras pessoas?
4. Fotografias (Photographs)
Os alunos estão conscientes de que algumas coisas particulares podem aparecer em fotos e que eles podem não querer postar essas fotos? Será que eles sabem como desativar um recurso de identificação geográfica? Será que eles sabem que alguns softwares de reconhecimento facial pode encontrá-los através da inserção de sua latitude e longitude na imagem – mesmo que eles não estejam marcados na foto? Que tipo de foto deve ser postada na internet? Será que é legal divulgar fotos de outras pessoas sem autorização?
5. Patrimônio (Property)
Os estudantes entendem o que são direitos autorais e Creative Commons ou como gerar uma licença para seu próprio trabalho ou criação? Eles respeitam os direitos de propriedade de quem criou a propriedade intelectual de algo? Os alunos vão pesquisar no Google Imagens e copiar tudo o que veem, achando que tem direito, às vezes até citando o Google Imagens como fonte. Deve-se ensinar a eles irem até a fonte original e como citá-la em trabalhos, por exemplo.
6. Permissão (Permission)
Os alunos sabem como obter permissão para o trabalho que eles usam, e como citar isso? Será que eles sabem o estrago que um plágio pode causar na sua vida acadêmica e profissional?
7. Proteção (Protection)
Os alunos compreendem o que são vírus, malware e roubo de identidade na internet, e como essas coisas funcionam? Sabem os cuidados básicos para se proteger na internet?
8. Profissionalismo (Professionalism)
Os alunos compreendem o profissionalismo acadêmico em oposição a decisões sobre como eles irão interagir em suas vidas sociais? Será que eles sabem sobre etiqueta e gramática online e como isso pode afetar sua vida prática no futuro?
9. Marca Pessoal (Personal Brand)
Os estudantes sabem como será sua “voz” online e como eles querem ser percebidos? Será que eles percebem que tem uma “tatuagem digital” que é quase impossível de ser apagada e que pode gerar consequências no futuro? Tudo o que eles compartilham é avaliado intencional?
Conhecimento Experimental
Esses “9 Ps” devem ser sempre discutidos em sala de aula, mas os estudantes também precisam de experiência prática para se tornarem cidadãos digitais mais eficientes. Vicki também conta em seu blog como trabalha o tema com seus alunos:
Verdade ou Ficção (Truth or Fiction)
Para ensinar os alunos a se protegerem de fraudes, vírus digitais e informações mentirosas na internet, Vicki usa sites como o E-farsas para procurar por coisas estranhas, mas que são verdadeiras, ou coisas que pareçam verdade, mas são falsas. Ela passa o conteúdo para os alunos e pede para que eles investiguem a veracidade. Isso acaba em todo tipo de discussão saudável e dicas para não disseminar notícias falsas na internet.
Transformar estudantes em professores
Os estudantes criam apresentações e expõem as fraudes e ameaças que descobriram e como se protegem delas. Pesquisando e discutindo sobre o assunto, eles ficam mais atentos consigo mesmos. A professora encoraja os alunos a compartilharem como detectaram que algo não era verdadeiro.
Comunidades de Aprendizagem Colaborativa
Para experiências de aprendizagem mais eficazes, os estudantes podem participar de espaços de aprendizagem colaborativa. Ela incentiva seus alunos a compartilharem experiências e se conectarem com todo tipo de ambiente virtual. Vicki conta que eles têm aulas específicas para os jovens postarem materiais em blogs pessoais e públicos (da turma) e até um wiki (páginas interligadas que podem ser visitadas e editadas por qualquer pessoa, como a wikipédia) para mostrar seus trabalhos ao mundo.
Além disso, eles utilizam fóruns e grupos específicos para extrapolar os assuntos da sala de aula, como a ferramenta dos grupos que o EstudaVest oferece. Segundo ela, conectados online é quando os estudantes realmente aprendem, já que estão lidando com o que gostam e dividindo conhecimento.
“Devemos ensinar essas habilidades e orientar os alunos para enfrentar situações em que se aplicam conhecimentos. Cidadania é o que fazemos para cumprir o nosso papel de cidadão. Esse papel é iniciado assim que nos conectamos na internet” (Vicki Davis).
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*Com informações do Canal do Ensino
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