Escolas precisam de paz. Como promover uma educação voltada para a paz dentro do ambiente escolar?
A realidade é que muitas escolas brasileiras encaram um ambiente com pouca estrutura e muita violência ao seu redor. Como enfrentar os desafios diários para tentar deixar a violência do lado de fora das escolas e promover uma cultura de paz?
A ideia de formar uma sociedade fundada sobre os princípios da não violência vem pelo menos desde a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945. A comunidade internacional estava preocupada com o futuro e desejava constituir um organismo que fosse capaz de resolver conflitos pela via do diálogo e da cooperação, ainda hoje esse é um objetivo comum de toda a humanidade, e ainda mais das escolas, principalmente públicas que tanto sofrem com a violência diária que avança muro adentro, sem pedir licença para entrar.
Inúmeros foram os casos que já chocaram o Brasil e o mundo. Um deles, acontecido em 13 de março de 2019 na Escola Estadual Raul Brasil em Suzano quando dois ex-alunos entraram armados no ambiente escolar e fizeram mais de 8 vítimas fatais, deixando inúmeros feridos. Isso nos leva a entender que mais do que um projeto geopolítico, nós precisamos de um sistema de educação eficiente que promova a cultura de paz. Deixando a violência fora da escola num primeiro momento, e em seguida expandindo essa mesma cultura para os bairros, comunidades e cidades, criando uma sociedade melhor.
O papel da Unesco
A criação da Unesco (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) nasceu dessa mesma necessidade de promover paz nas escolas, tópico que é um desafio para o mundo todo.
Com o objetivo claro de fomentar nas futuras gerações as competências necessárias à não violência. A Unesco escreveu nos anos 2000 um manifesto que estabelece seis alicerces básicos, que passaram a orientar os programas desenvolvidos junto a governos do mundo inteiro, são eles: respeitar a vida, rejeitar a violência, ser generoso, ouvir para compreender, preservar o planeta e redescobrir a solidariedade.
As ideias defendidas pela cultura de paz ganham formas mais ou menos semelhantes entre diferentes pensadores e regiões do mundo. A Unesco, quando se refere à aplicação desses princípios usa a terminologia “Educação Para a Paz”. Já no Brasil os órgãos competentes preferem utilizar expressões neutras, como “convivência democrática” e “convivência positiva”.
Numa pesquisa realizada em 2013 pela Universidade Estadual de São Paulo, estudiosos buscaram avaliar projetos sobre convivência democrática. Mais de 1,5 mil escolas se candidataram a participar da pesquisa, porém apenas 2% delas cumpriam os requisitos mínimos exigidos. Uma pena. Além disso, 71% dos formuladores desses projetos nas escolas (professores e gestores) nunca haviam recebido formação sobre o tema e eram apenas designados como responsáveis pelo tópico sem nenhum treinamento.
O papel da Escola
No Brasil, temos inúmeras organizações pesquisando o tema e sugerindo metodologias completamente aplicáveis para cada contexto. Uma escola que pretende promover um ambiente mais acolhedor e pacífico dentro da sua comunidade, deve antes de mais nada buscar conhecimento sobre o tema.
Os pesquisadores do Gepem, por exemplo, uma das principais referências em clima escolar no Brasil, elencam pelo menos três pilares fundamentais para um projeto que pretenda mudar a realidade da escola.
Respeito e formação dos profissionais: A ideia é que os educadores desenvolvam primeiro as competências relacionais, sociais e emocionais desejáveis para uma boa convivência, como empatia e capacidade de escuta e de comunicação assertiva, para que se sintam seguros e estejam aptos a atuar junto aos alunos e às famílias.
Inserção de valores regras e questões de convivência como objetos de estudo: Implantar uma ou duas aulas por semana, nas quais os alunos desenvolvem a capacidade de expressar sentimentos e controlar a raiva ou a agressividade, discutem estratégias de combate ao bullying e soluções para situações hipotéticas de conflito, além de assembleias para discutir os próprios problemas coletivos.
Mudança de organização e de cultura da escola em relação à convivência: e aqui entendem-se como a fase de construir canais democráticos para a discussão de valores e regras, por meio de assembleias que envolvam todos os estudantes, e da implantação de procedimentos e grupos de trabalho que visam ao bom clima escolar. Práticas como a mediação de conflitos e a formação de alunos capazes de auxiliar os adultos na resolução de problemas são alguns exemplos do que pode funcionar.
Uma angústia comum dos educadores é sobre o papel da escola na formação integral do aluno. Alguns acreditam que pode ser uma sobrecarga esperar dos professores o ato de “educar”, além de “ensinar”. Não sabemos se a escola é capaz de fazer isso e onde fica a linha tênue entre uma atividade e outra. Mas é sempre importante lembrar que a escola tem um papel privilegiado na vida dos jovens. Afinal, muitas vezes a escola é o único lugar onde eles encontram alguma referência de vida adulta positiva e próspera. O mundo inteiro acredita que frequentar a escola é o melhor meio para mudar de vida e viver melhor. Então, se os seus alunos e toda a comunidade acredita no poder da sua escola. Está na hora de acreditar também!
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