Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias
8.465 Questões
Questão 16 14434268
UFT Manhã 2025/1Leia o fragmento a seguir, retirado do prefácio do livro Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo, para responder a QUESTÃO.
Gosto de ouvir, mas não sei se sou hábil conselheira. Ouço muito. Da voz outra, faço a minha, as histórias também [...] estas histórias não são totalmente minhas, mas quase que me pertencem, na medida em que, às vezes, se (con)fundem com as minhas. Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento (ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar essas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivência.
Fonte: EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres. Rio de Janeiro: Malê, 2016. [fragmento]
Considerando o fragmento de texto, o estilo de escrita de Conceição Evaristo e os contos apresentados em Insubmissas lágrimas de mulheres, é CORRETO afirmar que:
Questão 12 14434112
UFT Manhã 2025/1Leia o fragmento do Capítulo I – Estilo antitético e asmático, retirado do conto “Um cão de lata ao rabo”, de Machado de Assis, para responder a QUESTÃO.
O cão atirou-se com ímpeto. Fisicamente, o cão tem pés, quatro; moralmente, tem asas, duas. Pés: ligeireza na linha reta. Asas: ligeireza na linha ascensional. Duas forças, duas funções. Espádua de anjo no dorso de uma locomotiva.
Um menino atara a lata ao rabo do cão. Que é o rabo? Um prolongamento e um deslumbramento. Esse apêndice, que é carne, é também um clarão. Di-lo a filosofia? Não; di-lo a etimologia. Rabo, rabino: duas ideias e uma só raiz.
A etimologia é a chave do passado, como a filosofia é a chave do futuro.
O cão ia pela rua afora, a dar com a lata nas pedras. A pedra faiscava, a lata retinia, o cão voava. Ia como o raio, como o vento, como a ideia. Era a revolução, que transtorna, o temporal que derruba, o incêndio que devora. O cão devorava. Que devorava o cão? O espaço. O espaço é comida. O céu pôs esse transparente manjar ao alcance dos impetuosos. Quando uns jantam e outros jejuam; quando, em oposição às toalhas da casa nobre, há os andrajos da casa pobre; quando em cima as garrafas choram lacrima-christi, e embaixo os olhos choram lágrimas de sangue, Deus inventou um banquete para a alma. Chamou-lhe espaço. Esse imenso azul, que está entre a criatura e o criador, é o caldeirão dos grandes famintos. Caldeirão azul: antinomia, unidade.
O cão ia. A lata saltava como os guizos do arlequim. De caminho envolveu-se nas pernas de um homem. O homem parou; o cão parou: pararam diante um do outro. Contemplação única! Homo, canis. Um parecia dizer: — Liberta-me! O outro parecia dizer: — Afasta-te! Após alguns instantes, recuaram ambos; o quadrúpede deslaçou-se do bípede. Canis levou a sua lata; homo levou a sua vergonha. Divisão equitativa. A vergonha é a lata ao rabo do caráter.
Então, ao longe, muito longe, troou alguma coisa funesta e misteriosa. Era o vento, era o furacão que sacudia as algemas do infinito e rugia como uma imensa pantera. Após o rugido, o movimento, o ímpeto, a vertigem. O furacão vibrou, uivou, grunhiu. [...] adversário. Um e outro entraram a devorar o espaço, o tempo, a luz. O cão levava a lata, o furacão trazia a poeira. Entre eles, e em redor deles, a natureza ficara extática, atônita.
Súbito grudaram-se. A poeira redemoinhou, a lata retiniu com o fragor das armas de Aquiles. Cão e furacão envolveram-se um no outro; [...]
As horas voavam como folhas num temporal. O duelo prosseguia sem misericórdia nem interrupção. Tinha a continuidade das grandes cóleras. Tinha a persistência das pequenas vaidades. Quando o furacão abria as largas asas, o cão arreganhava os dentes agudos. Arma por arma; afronta por afronta; morte por morte. Um dente vale uma asa. A asa buscava o pulmão, para sufocá-lo; o dente buscava a asa, para destruí-la. Cada uma dessas duas espadas implacáveis trazia a morte na ponta.
De repente, ouviu-se um estouro, um gemido, um grito de triunfo. A poeira subiu, o ar clareou, e o terreno do duelo apareceu aos olhos do homem estupefato. O cão devorara o furacão. O pó vencera o azul. O mínimo derrubara o máximo. Na fronte do vencedor havia uma aurora; na do vencido negrejava uma sombra. Entre ambas jazia, inútil, uma coisa: a lata.
Fonte: ASSIS, Machado de. Contos escolhidos. São Paulo: Martins Claret, 2012, p. 100-102. [fragmento]. [adaptado].
Assinale a alternativa CORRETA.
O fragmento do conto “Um cão de lata ao rabo”, de Machado de Assis
Questão 11 14433900
UFT Manhã 2025/1Leia os fragmentos de textos, Texto I e Texto II, para responder a QUESTÃO.
Texto I
a gente nem sabe
a gente imagina
como poderia ser
e vai caminhando,
o coração como bússola
olhar na imensidão
e tantos sonhos
a se perderem de vista;
a gente nem sabe
o que a vida tem,
nem sabe também
pra onde o destino vai
e ainda assim vamos
certos por linhas nem tanto
e às vezes tortas,
cegos por trilhas nem sempre
e às vezes falsas;
a gente calcula
como poderia somar
e vai pelejando,
a mente como seta
luz a escuridão
e tantas noites
a se perderem na lida;
[...]
Fonte: PINHEIRO, Tião. Amorosamente: (Poemas). Palmas: Promic, 2022, p. 62. [fragmento]
Texto II
Uma das coisas mais perturbadoras sobre minha jornada, mental, física e emocionalmente, era que eu não tinha certeza de quando nem onde ela ia terminar. Eu não sabia o que faria da minha vida. Sentia como se estivesse sempre recomeçando. Estava sempre me mexendo, sempre indo a algum lugar. Quando caminhávamos, às vezes eu me deixava ficar para trás, pensando sobre essas coisas todas. Sobreviver a cada dia que passava era meu objetivo na vida. Nas aldeias onde conseguíamos encontrar a felicidade de obter comida ou água fresca, eu sabia que aquilo era temporário e que estávamos apenas de passagem. [...]
Fonte: BEAH, Ishmael. Muito longe de casa: memórias de um menino soldado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 69. [fragmento]
Sobre o fragmento do poema “a gente nem sabe”, do poeta tocantinense Tião Pinheiro, e o fragmento do romance Muito longe de casa: memórias de um menino soldado, do escritor serra-leonese Ishmael Beah, é INCORRETO afirmar que os dois textos:
Questão 7 14417549
ETEC 2025/1Leia os textos para responder à questão.
https://tinyurl.com/3dxrhkpp Acesso em: 13.09.2024. Original colorido.
A construção de humor no texto se deve, entre outros fatores,
Questão 10 14412211
Albert Einstein 2025Tais escritores pregavam e procuraram realizar a filosofia da objetividade: o que interessa é o objeto, o não eu. Para realizar seu objetivo, abandonaram as preocupações teológicas e metafísicas por considerá-las subjetivas, egocêntricas e aderiram à ciência. O dado positivo substitui o idealismo: só interessa o que pode ser observado, documentado, analisado, experimentado, inclusive a vida psíquica, porque sujeita às mesmas leis da vida fisiológica.
(Massaud Moisés. Literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)
O texto refere-se aos escritores
Questão 38 14290197
FUVEST (USP) Conhecimento Gerais 2025/1Bem-vinda!
“Eram faíscas suas palavras que me queimavam em
doses homeopáticas
durante todas as noites…
Foram longos anos, dia após dia perdendo um pouco
mais minha autoestima,
abrindo mão das roupas que gostava, dos estudos, do
trabalho e das amigas
fazendo de tudo pra evitar brigas,
mas ele sempre dizia que a culpa era minha.
Até que um dia, me empurrou, me acuou
como se eu pudesse caber em qualquer fresta,
encurralada,
me mandou ficar calada e, com medo, obedeci.
Eu pedia desculpa toda vez depois de falar
como se fosse um defeito de nascença querer me
colocar.
A minha casa se tornou um ambiente tão hostil e eu,
prisioneira das minhas próprias ideias,
acreditando que o amor era isso, esse abismo, onde só
um fala e o outro, fica omisso.
Precisei tirar forças de lugares sagrados
pra me afastar e reagir, recolher meus pedaços.
Meus olhos encheram de mar, eu desaguei,
decidi não mais me calar, denunciei!
E depois do silêncio quebrado, meus pensamentos em
guerra cessaram,
recuperei o fôlego e ouvi meu coração sendo grato.
Encontrei em mim um porto seguro, entendi que meu
corpo é meu lar
e, no caminho até ele, escolho quem anda comigo e
quem convido pra entrar.
Hoje, quando olho pra dentro, vejo uma nova mulher
renascendo,
eu celebro sua chegada e contemplo essa nova vida.
Sem medo, abro a janela de casa
e, com olhar de quem há tanto tempo esperava,
te pego pela mão e digo:
Seja bem-vinda!”
Mel Duarte. Colmeia - Poemas Reunidos.
Assinale a alternativa que apresenta uma correspondência correta entre os versos destacados e os recursos utilizados para evidenciar a dor expressa no poema.
Pastas
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