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Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
Apartir da leitura do texto, podemos dizer que
Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
Analise as seguintes afirmativas.
I- Animais domésticos são todos aqueles retirados de seu habitat natural para representarem as manifestações culturais do homem.
II- Cultura é toda ação e pensamento do homem que transformam a natureza de alguma forma.
III- Enquanto um produto cultural material é aquele que podemos ver, medir ou pesar, um produto cultural imaterial é aquele que independe do homem.
IV- A fala é a manifestação cultural mais importante porque sem ela não haveria humanidade.
Assinale a alternativa correta.
Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
Assinale a alternativa em que o verbo criar está sendo usado no mesmo sentido que no trecho “Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas”(linha 11).
Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
A modalização é um recurso linguístico que serve para aproximar ou distanciar o enunciador daquilo que ele enuncia por meio da asserção (afirmação, interrogação ou negação), do levantamento de uma hipótese ou pela sugestão. Com base nessa explicação, podemos dizer que no texto de Darcy Ribeiro
I- os termos “muitíssimo”(linha 18) e “impropriamente” (linha 17) instauram um juízo de valor no texto e o subjetivam.
II-a pergunta “Você não acha?” (linhas 38 e 39) invoca o leitor a compartilhar a opinião do escritor, o que o exime de assumir, sozinho, a validade de uma afirmação feita anteriormente.
III- o termo “geralmente” (linha 24) protege o escritor de uma represália, pois abre a possibilidade, mesmo remota, de uma criança não aprender a língua da mãe.
IV- a expressão “está na cara” (linha 4), apesar de ser uma marca de subjetividade, no texto, confirma algo incontestável, portanto, não traz pessoalidade.
Assinale a alternativa correta.
Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
Assinale a alternativa incorreta.
Cultura
Darcy Ribeiro
Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem, também, coisas
culturais, muitíssimo mais complicadas. Chama-se cultura tudo o que é feito pelos
homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por exemplo, uma
cadeira está na cara que é cultural porque foi feita por alguém. Mesmo o
banquinho mais vagabundo, que mal se põe em pé, é uma coisa cultural. É cultura,
também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a intervenção humana, que
criou os bichos domésticos, as galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras,
não existiriam. Só haveria animais selvagens.
A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu compreendo. Mas a
lombriga que você tem na barriga é apenas um ser biológico. Ou será, ela também,
um ser cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas. Elas é que se
criam e se reproduzem nas suas tripas.
Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural,
porque é feita pelos homens. Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de
um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas de cultura material, que se pode
ver, medir, pesar.
Há, também, para complicar, as coisas da cultura imaterial, impropriamente
chamadas de espiritual - muitíssimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que
se revela quando a gente conversa, e que existe independentemente de qualquer
boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens
seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns com os outros, para
acumular conhecimento e mudar o mundo como temos mudado.
A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um aprender. Aprende-se,
geralmente, a da mãe. Se ela é uma índia, aprende-se a falar a fala dos índios, dos
Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora, moradora da Tijuca, a
gente aprende aquele português lá dos tijucanos. Mas, se você trocar a filhinha da
índia pela filhinha da professora, e criar, bem ali na praça Saens Peña, ela vai
crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali mesmo. E vice-versa, o mesmo
ocorre se a filha da professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer lá,
como uma xavantinha perfeita - falando a língua dos Xavantes e xavanteando
muito bem, sem nem saber que há tijucanos.
Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque
inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas
se tornam visíveis, se manifestam, através de criações artísticas, ou de ritos e
práticas - o batizado, o casamento, a missa - em que a gente vê os conceitos e as
ideias religiosas ou artísticas se realizarem. Essa separação de coisas cósmicas,
coisas vivas, coisas culturais, ajuda a gente de alguma forma? Sei não. Se não
ajuda, diverte. É melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você não
acha?
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas. São Paulo: FTD, 2000, p. 34.
Avalie as seguintes considerações marcando com (V) para Verdadeiro ou (F) para Falso.
( ) As passagens “Aprende-se, geralmente, a da mãe” (linhas 23 e 24) e “porque inventadas pelos homens e transmitidas (...)” (linhas 32 e 33) contêm dois exemplos de coesão textual por elipse.
( ) O termo “se”(linha 24) estabelece uma relação de condição.
( ) Em “Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural, porque é feita pelos homens.” (linhas 13 e 14), “ainda” estabelece uma relação temporal tal qual em “As estimativas da ONG apontam que cerca de 300 crianças ainda trabalham escavando a terra em busca das pedras”. (Folha de São Paulo, 26/06/2009)
( )Na passagem“(...) ela vai crescer como uma menina qualquer, (...)” há uma ambiguidade criada pela posposição de “qualquer” a “menina”.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é