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Acesse GrátisQuestões de Português - Sintaxe
Questão 52 177003
UnB 1° Dia 2017Rondó dos cavalinhos
[1] Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
[4] Acabou me enlouquecendo.
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
[7] O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!
Os cavalinhos correndo,
[10] E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reyes partindo,
E tanta gente ficando...
[13] Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
[16] A Europa se avacalhando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
[19] O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
[22] O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!
Manuel Bandeira. Antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 104.
Acerca do poema Rondó dos cavalinhos, de Manuel Bandeira, publicado originalmente em 1936, em outra versão, com o título Rondó do Jockey Club, julgue o item.
No verso 15, a palavra “grosso” exerce a função de adjunto adverbial e expressa o modo como falava a Itália.
Questão 3 496011
UCPEL 2016Leia o texto a seguir.
Pingo
Passava de 22h, quando o casal, que vinha do
cinema, viu no meio-fio uma pequena forma
escura, sobre a qual se debruçavam três moças.
[5] A rua era tranquila, dessas que, mesmo
desembocando em outras de agudo movimento,
conservam sua placidez de província, alheias a toda
emoção fora de pauta. Um ponto escuro na calçada,
àquela hora de domingo, e a presença de moças
[10] em torno constituíam, pois, algo extraordinário,
cuja importância o casal intuiu devidamente.
A pequena sombra movia-se. Era gente,
mantinha a cabeça baixa, e suas mãos de menino
tenro lidavam com um caixotinho que iam
[15] convertendo em gravetos. Parecia muito
preocupado com a tarefa, de sorte que se manteve
alheio à exposição feita por uma das moças,
moradora na vizinhança.
Contava ela que, passando com duas amigas,
[20] também fora atraída pela coisinha movediça, no
recanto menos iluminado da rua. Aproximandose,
pôs-se a observar o garoto, que tremia de frio,
mas não abandonava seu trabalho. Perguntou-lhe
por que estava ali, já tarde, solito, desmanchando
[25] tabuinhas. E ele, que não se revelou amigo de
conversa, a custo, foi soltando sua explicação.
O pai deixara-o naquele ponto, recomendandolhe
que não saísse do lugar. Tinha que fazer e
voltaria mais tarde para buscá-lo.
[30] - E para onde foi seu pai?
- Eu é que sei?
- A que hora ficou de voltar?
- Não disse.
- E você vai ficar aí jogado até que ele volte?
[35] - Fico fazendo lenha, ué.
A moça viu logo que a primeira providência
era dar alimento e agasalho ao guri. Foi a casa,
correndo, trouxe um saco de biscoitos e um suéter
tanto mais admirável quanto estava exatamente na
[40] medida, como feito na previsão de uma criança de
cinco anos, que fosse encontrada ao abandono, em
noite de frio, na calçada.
Ele se deixou vestir, comeu com gosto e sem
pressa. Mas, enquanto comia, procurava despregar
[45] mais uns pedacinhos de madeira.
A moça pensou em recolhê-lo em casa, à espera
dos acontecimentos. Mas se o pai viesse e não
encontrasse o garoto no meio-fio, como restituílo?
Nessa fiúza, estavam já havia uma hora. Por
[50] outro lado, era estranho aquele pai que assim
deixava o filho atirado na rua, ao relento, sem
explicação. Voltaria? Nunca mais, talvez.
Restava o recurso de tomar um carro e ir
campear o barracão do menino, mas ele falava em
[55] sítios confusos, parecendo incapaz de localizá-los,
ou pouco disposto a isso. Apelar para a Delegacia
ou o Juízo de Menores, àquela hora da noite, seria
inútil. Na pior hipótese, a moça o guardaria em
casa, e amanhã se dá um jeito.
[60] Examinava-se o que convinha fazer, em
definitivo, quando outro grupo assomou à esquina,
e, vendo o ajuntamento, dele se aproximou. Eram
domésticas e operárias, que vinham rindo,
satisfeitas com o domingo bem vivido, ou por coisa
[65] nenhuma. Curvando-se, reconheceram logo um
irmão:
- É o Pingo!
Era Pingo, amigo de todas, domiciliado na Praia
do Pinto. Pai? Não tinha pai, pelo menos que
[70] alguma delas soubesse. A mãe era lavadeira, e
Pingo gostava de sair à aventura, percorrendo
mundo. Pingo é muito levado, tem imaginação.
Então a moça samaritana pediu às vizinhas de
Pingo que o levassem. Elas concordaram, e Pingo
[75] não fez oposição. Queria apenas carregar as
tabuinhas com que faria, em casa, um grande fogo.
Juntaram-se os fragmentos, e o bando partiu com
a mesma algazarra feliz, comboiando Pingo de
suéter novo, com as tabuinhas e os biscoitos
[80] remanescentes na mão.
- Você vai para o céu, Iolanda! – comentou o
casal, a uma voz.
Mas Iolanda seguia com os olhos o grupo de
raparigas e se preocupava. “Essa gente é meio
[85] maluca, sei lá se elas levam mesmo o garoto para
casa?”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Em “- Você vai para o céu, Iolanda!”(linha 81), a função sintática da palavra sublinhada é
Questão 8 631658
UFN Verão 2016“Selfio, logo existo”
Juan Arias
Será o ‘selfie’ uma forma freudiana de luta contra a
solidão e de busca de um sentido para a vida?
O Brasil passa por um momento paradoxal. Tem-se
a impressão de que é um vidro quebrado. A crise econô-
[5] mica que gerou a política ou, talvez, o contrário, inflama
os ânimos. Ressoam palavras duras como "ódio", "vi-
gança" ou "traição". É o gosto amargo da divisão, do "nós
contra eles", ou da queixa "deles contra nós". E, no en-
tanto, como em um mundo que vibra simultaneamente em
[10] outro diapasão, os brasileiros nunca gostaram tanto
quanto hoje de estar juntos, de ser fotografados se abra-
çando, de fazer um selfie.
Estarão essas duas sociedades condenadas a ser uma
assíntota da hipérbole, essas duas linhas que, mesmo ca-
[15] minhando juntas, nunca se encontrarão? […] Há 400 anos,
o filósofo francês Descartes, o pai da filosofia e da mate-
mática moderna, precursor do idealismo, resumiu seu
pensamento na famosa frase: "Penso, logo existo". Hoje
nosso mundo, que tem pouco a ver com o do filósofo (não
[20] sei se mais profundo e iluminado ou mais superficial),
pode dizer: "Selfio, logo sou". Refiro-me a essa febre do
autorretrato analisada por sociólogos e psicólogos, e por
aqueles que se dedicam a farejar as tendências da socie-
dade.
[25] Essa moda do selfie servirá para entender melhor o
sentido da vida de hoje, com suas contradições, sofrimen-
tos e glórias? Há poucos dias, outro filósofo francês, Cha-
rles Taylor, afirmava em uma entrevista para Frances Ar-
royo neste jornal que "as pessoas hoje não têm claro o sen-
[30] tido da vida". […] Melhor ou pior, o mundo de hoje é, no
entanto, o nosso, e não podemos fingir que não existe. E
é um mundo diferente daquele dos filósofos gregos ou la-
tinos, embora às vezes com as mesmas contradições e dú-
vidas. As crianças do futuro talvez não voltarão a escrever
[35] com as mãos. As de hoje já sabem fotografar com o celu-
lar aos 2 anos. Mudamos porque continuamos vivos. Só
os mortos não mudam.
Essa moda do selfie, que dominou com força todo o
planeta e também o Brasil, é antes de tudo algo democrá-
[40] tico, já que é usada por cidadãos de todas as categorias
sociais e de todas as classes econômicas. Do presidente da
República ao garçom do bar, do milionário ao trabalhador
pobre das favelas.
Será mais do que uma moda? Etimologicamente, o
[45] selfie, que já transformamos em verbo, era um ato indivi-
dualista, um autorretrato. Aquele narcisismo inicial deu
lugar, no entanto, a algo mais importante: à socialização
da fotografia. O selfie individual foi pluralizado. Agora
predominam os retratos de dois ou em grupo. Será uma
[50] forma inconsciente, freudiana, de lutar contra a solidão e
para estar ciente do eu também existo? Precisamos de al-
guém ao nosso lado, sem o qual nosso narcisismo inicial
ficaria vazio, puro vício solitário?
Alguém me fez observar que, enquanto nos selfies
[55] individuais podem existir fotos mais sérias, praticamente
não há selfies de casais ou de grupo nos quais os interes-
sados não estejam sorrindo. Existe uma cumplicidade es-
pontânea nesses retratos? Mesmo em selfies com uma per-
sonalidade importante, que deveriam ser sérios, as pes-
[60] soas sempre estão sorrindo.
Os selfies nos ajudam a tomar consciência em uma
sociedade de anônimos, de que somos, de que valemos
algo, embora seja através da sombra de alguém mais im-
portante do que nós? Quando o selfie ocorre entre casais
[65] que se amam, entre pais e mães encantados com seus pe-
quenos ou entre amigos, nos dá uma convicção interior de
que não apenas existimos, mas que também somos, que
nos amam, que não rejeitam nossa presença e até querem
perpetuá-la.
[70] Já sei que muitos pensarão que a filosofia e a estética
moderna do selfie parecem mais uma banalidade em com-
paração à antiga e inteligente filosofia dos gregos e roma-
nos. No entanto, não nos esqueçamos de que nosso mundo
de hoje, tão criticado pela superficialidade e injustiças, é
[75] infinitamente melhor, quase em tudo, do que o de apenas
cem anos atrás. […] Os sorrisos festivos dos selfies pode-
riam ser até uma bela profecia do desejo inconsciente de
querer buscar um sentido menos doloroso e bélico para a
vida.
[80] […] Um selfie com os leitores? Obrigado.
Fonte: EL PAÍS Brasil - 21 AGO 2015 - http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/21/opinion/1440181987_784618.html
No período “Etimologicamente, o selfie, que já transformamos em verbo, era um ato individualista, um autorretrato.”, (. 44-46), a oração sublinhada tem função sintática de
Questão 8 154023
UEG 2015/2OS HUMANOS SÃO UMA PARTE IMPORTANTE DA BIOSFERA
As maravilhas do mundo natural atraem a nossa curiosidade sobre a vida e tudo que nos cerca. Para muitos de nós, nossa curiosidade sobre a Natureza e os desafios de seu estudo são razões suficientes. Além disso, contudo, nossa necessidade de compreender a Natureza está se tornando mais e mais urgente, à medida que o crescimento da população humana estressa a capacidade dos sistemas naturais em manter sua estrutura e funcionamento.
Os ambientes que as atividades humanas dominam ou criaram – incluindo nossas áreas de vida urbanas e suburbanas, nossas terras cultivadas, nossas áreas de recreação, plantações de árvore e pesqueiros – são também ecossistemas. O bem-estar da humanidade depende de manter o funcionamento desses sistemas, sejam eles naturais ou artificiais. Virtualmente toda a superfície da Terra é, ou em breve será, fortemente influenciada por pessoas, se não completamente sob seu controle. Os humanos já usurpam quase metade da produtividade biológica da biosfera. Não podemos assumir essa responsabilidade de forma negligente.
A população humana se aproxima da marca de 7 bilhões, e consome energia e recursos, e produz rejeitos muito além do necessário ditado pelo metabolismo biológico. Essas atividades causaram dois problemas relacionados de dimensões globais. O primeiro é o seu impacto nos sistemas naturais, incluindo a interrupção de processos ecológicos e a exterminação de espécies. O segundo é a firme e constante deterioração do próprio ambiente da espécie humana à medida que pressionamos os limites dentro dos quais os ecossistemas podem se sustentar. Compreender os princípios ecológicos é um passo necessário para lidar com esses problemas.
RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 15. (Adaptado).
A expressão “Além disso” (linha 3) tem, no texto, a função de
Questão 61 251249
UNITINS 2015Aquela mulher estava bem séria e nervosa com o filho que não parava de jogar bola. Ela o chamou várias vezes e ele nem atendia. Desta vez ela gritou:
– Venha logo, meu filho! Venha já para dentro, criatura de Deus! Seu tio, o Toninho, já está chegando para nos levar até a casa de sua avó, Maria Joaquina.
Os termos destacados do texto exercem, respectivamente, as funções sintáticas de